A guerra entre traficantes e milicianos em diversos pontos da Zona Oeste do Rio chega ao 11º dia de confrontos na região, nesta quinta-feira (26).
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Imagem de helicóptero da PM durante operação em comunidades da Zona Oeste (Reprodução) |
A Polícia Militar está com reforço no policiamento e no monitoramento da região e tem usado helicóptero e câmera com infravermelho do Grupamento Aeromóvel (GAM) para sobrevoar a região. Agentes estão nas comunidades da Cidade de Deus, da Gardênia Azul, da Muzema, da Tijuquinha, de Rio das Pedras e outras da região de Jacarepaguá.
Em seu perfil oficial no Twitter, a PM publicou foto e vídeos de patrulhamento feito durante a noite de ontem e a madrugada e a manhã de hoje. O material mostra imagens aérea das comunidades, assim como das ruas com as equipes em patrulhamento terrestre também. Em uma delas está o blindado da corporação na Chacrinha, que também fica em Jacarepaguá. Também há imagens do Bateau Mouche, na região da Praça Seca.
A PM pede que quem tenha informação sobre a movimentação dos criminosos e de esconderijos de armas e de drogas, que podem fazer a denúncia, de forma anônima, através do número 190.
A Cidade de Deus tem a presença de policiais pelo terceiro dia seguido. Nesta quinta (26), helicópteros já foram vistos sobrevoando a região. Na noite de quarta-feira teve tiroteio na comunidade. Nesta manhã, equipes do Batalhão de Ações com Cães (BAC) dão apoio á operação. Até as 7h50, uma pistola e três carregadores foram apreendidos.
Nas redes sociais, os moradores falaram sobre as ações nos último dias. Um deles escrever: "Terceiro dia de operações da polícia na cidade de Deus. Tá difícil de mais cada dia que passa".
Outro destacou a rotina afetada pela violência na região: "Cidade de Deus com 2 helicópteros. Bom dia pra quem? Mais um dia de vias fechadas e o trabalhador que sofre".
A Gardênia Azul tem ação da PM com apoio de equipes do Batalhão de Polícia de Choque (BPChq).
Tráfico avança na Zona Oeste
A maior facção do Rio tem se articulado para tomar favelas em Jacarepaguá e no Itanhangá que sempre estiveram sob o controle da milícia. Dominada por paramilitares há mais de 30 anos, a Gardênia Azul já teria perdido espaço para traficantes da Cidade de Deus. A Polícia Civil investiga a informação de venda de drogas na localidade. Numa outra ponta, bandidos da Rocinha teriam avançado pela mata e conseguido chegar à Muzema no fim de semana. Mas a maior batalha deve ser para dominar Rio das Pedras, motivo de cobiça por ser o berço da milícia na cidade. A Polícia Militar reforçou a segurança na região e nas comunidades de onde estariam partindo os invasores, para assegurar “o direito de livre circulação”.
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Blindado da PM do Rio em patrulhamento na Chacrinha, em Jacarepaguá, em meio a guerra entre traficantes e milicianos (Foto: PMERJ/Twitter/Reprodução) |
Nas redes sociais, moradores da Gardênia Azul relatam que traficantes impuseram o toque de recolher. Além disso, circulam fotos de drogas com a inscrição da facção do tráfico na embalagem. Ao GLOBO, uma mulher que vive na comunidade disse que, nos últimos dias, os invasores têm avisado que não serão mais feitas cobranças de taxas, prática comum entre os paramilitares.
A Polícia Civil investiga as informações, mas não houve qualquer apreensão de entorpecentes na favela. Policiais dos batalhões de Operações Policiais Especiais (Bope) e do Choque estiveram ontem na Cidade de Deus, onde manifestantes interditaram com barreiras em chamas a Estrada Miguel Salazar Mendes de Morais, uma das principais da região.
— Os moradores (da Gardênia) estão apavorados. Não sabemos bem quem é quem. Se é miliciano, traficante. O clima é de total tensão — relata a moradora da Gardênia, que prefere não se identificar.
Aliança com expulsos
Uma das hipóteses investigadas pela polícia é de que a quadrilha da Cidade de Deus tenha se juntado a milicianos que foram expulsos da Gardênia no fim do ano passado. No lugar, assumiram paramilitares de Curicica, também na Zona Oeste, que continuam dominando a comunidade. Os milicianos expulsos teriam buscado ajuda do tráfico após terem perdido o apoio de Luiz Antônio da Silva Braga, o Zinho, um dos principais chefes dos paramilitares no Rio.
— Que há uma intenção do Comando Vermelho de tomar, não há dúvidas. Mas ainda estamos levantando os dados para saber o que está ocorrendo de fato. Há muitas informações em redes sociais. Tráfico e milícia trabalham muito com contrainformação, principalmente os milicianos. É uma tática atual das organizações — disse o delegado titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), André Neves, que investiga a movimentação das quadrilhas.
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