Assassinato de arquiduque serviu de estopim para o confronto bélico.
Primeiro conflito de proporção global deixou 10 milhões de mortos.
Nesta segunda-feira (28), completam-se cem anos do início da 1ª Guerra Mundial (1914-1918). O conflito foi o primeiro a envolver países dos cinco continentes e deixou cerca de 10 milhões de mortos e 20 milhões de feridos, além de resultar na queda de quatro impérios (Russo, Austro-Húngaro, Alemão e Otomano).
Veja abaixo 20 imagens que resumem o que foi a guerra:
Paz Armada
Nos anos que antecederam a 1ª Guerra Mundial, a Europa vivia um clima de rivalidade entre as grandes potências, que disputavam colônias na África e na Ásia, além de territórios dentro do próprio continente.
Em um período chamado de "paz armada" (1871-1914), esses países protagonizaram uma corrida armamentista que aumentava a tensão nas relações internacionais. O continente era um barril de pólvora e bastava uma faísca para que explodisse. O estopim foi um crime político.:
Trabalhadores em uma fábrica de bombas na Inglaterra
Foto: Flickr/IWM Collections
O estopim
O fato que culminou na 1ª Guerra Mundial foi o assassinato
do arquiduque Francisco Ferdinando, príncipe herdeiro do Império Austro-Húngaro, e de sua mulher, Sofia. Eles foram vítimas de um atentado durante visita a Sarajevo – ato com importante conteúdo político, pois buscava demonstrar o domínio austríaco sobre a região.
O crime aconteceu em 28 de junho de 1914. O autor dos disparos foi Gavrilo Princip, estudante sérvio-bósnio ligado a uma organização nacionalista. Um mês depois, em 28 de julho, o Império Austro-Húngaro declarou guerra à Sérvia, dando início ao confronto.
Francisco Ferdinando e sua mulher, Sofia, deixam a Prefeitura de Sarajevo,
em 28 de junho de 1914 - Foto: Reuters/JU Muzej Sarajevo
Foto não datada do velório do arquiduque Francisco Ferdinando e de sua mulher, Sofia,
mortos em um atentado a tiros em Sarajevo - Foto: AP/Arquivo Histórico de Sarajevo
Prisão de Gavrilo Princip, à direita sem chapéu, momentos após matar o arquiduque
Foto: AP
Efeito cascata
Diante da declaração de guerra dos austríacos, os russos se mobilizam para ajudar os sérvios, seus "irmãos" eslavos dos Bálcãs. No dia 3 de agosto de 1914, a Alemanha, aliada dos austríacos, declara guerra à França. O exército alemão avança rumo à França.
Por causa da política de alianças, em pouco tempo praticamente toda a Europa está envolvida no conflito. De um lado estavam os países da Tríplice Aliança (Alemanha, Itália e Império Austro-Húngaro) e, do outro, a Tríplice Entente (Reino Unido, França e Rússia).
Em maio de 1915, a Itália, que pertencia à Tríplice Aliança (mas até então estava neutra), declara guerra ao Império Austro-Húngaro e muda de lado, indo a combate do lado da Entente, em troca da promessa de receber territórios.
Apesar de ser um conflito essencialmente europeu, a guerra envolveu os Estados Unidos e o Japão, e as colônias das potências da Europa também foram campos de batalha.
Em outubro de 1917, o Brasil declarou guerra à Alemanha pela mesma razão dos Estados Unidos: meses antes, navios mercantes brasileiros haviam sido afundados por submarinos alemães. Sua participação, porém, foi pequena e teve poucos reflexos na guerra.
População celebra em Berlim declaração de guerra
Foto: Flickr/The Library of Congress
Fronteiras e trincheiras
A primeira fase da guerra foi marcada pela Batalha de Fronteiras. O exército alemão tentava chegar a Paris pelos limites da França com a Alemanha e a Bélgica – até então um país neutro.
Após vencer a resistência das forças belgas, os alemães conseguiram entrar em território francês pela fronteira do país. Em apenas um dia, 22 de agosto de 1914, 27.000 soldados franceses foram mortos, na mais importante perda para as tropas do país. Uma das principais caraterísticas dos confrontos foi o uso de trincheiras – frentes estáticas escondidas em valas cavadas no chão, protegidas por arame farpado.
Soldados alemães defendem trincheira na fronteira com a Bélgica
Foto: U.S National Archives
Soldados franceses recolhem ferido em cidade da Bélgica, em 1914
Foto: Flickr/The Library of Congress
Soldados fazem reparo em trincheira após ataque a bomba
Foto: Flickr/U.S National Archives
Imagem aérea feita de um avião britânico mostra trincheiras cavadas na Frente Ocidental,
em junho de 1917 - Foto: Reuters/Archive of Modern Conflict London
Batalhas devastadoras
Foi em território francês que se travaram as principais batalhas da guerra. As mais devastadoras foram as de Verdun e Somme. A primeira durou de fevereiro a dezembro de 1916. O exército francês empenhou todos seus esforços para conter as investidas alemãs no nordeste do país. A batalha terminou com mais de 700.000 baixas.
A segunda começou em julho de 1916 e durou cerca de cinco meses. Os exércitos da França e da Grã-Bretanha investiram contra a linha de defesa alemã na região do Rio Somme, mas não tiveram êxito. Foi o conflito mais letal da guerra, com 1,2 milhão de vítimas – entre mortos e feridos de ambos os lados.
Tropas britânicas avançam durante a Batalha do Somme, em 1916
Foto: Reuters/Archive of Modern Conflict London
Soldados observam disparos da artilharia durante a Batalha do Somme, em 1916
Foto: Reuters/Archive of Modern Conflict London
Batalhas do Marne
As duas batalhas ocorridas na região do Rio Marne, no leste de Paris, foram decisivas. A primeira, em setembro de 1914, foi a contraofensiva franco-britânica que conteve o avanço das tropas alemãs – que já haviam ocupado parte da Bélgica, invadido a França e se encontravam a menos de 40 km da capital francesa. O general que comandava as tropas recrutou todos os táxis de Paris para levar cerca de 4.000 homens ao fronte.
Dois anos depois, já com os Estados Unidos lutando na guerra no lado da França e da Grã-Bretanha, houve a segunda batalha do Marne, que marcou o início do recuo geral das forças alemãs. Em julho de 1918, com a ajuda dos americanos, os exércitos aliados conseguiram barrar o avanço do exército alemão, em um conflito que causou centenas de milhares de baixas em ambos os lados.
Tropas francesas nas ruínas de uma catedral perto do Rio Marne em
ataque contra os alemães - Foto: Flickr/U.S National Archives
Munição das tropas alemãs abandonada na Batalha do Marne
Foto: Flickr/The Library of Congress
EUA desequilibram
A entrada dos Estados Unidos na guerra foi determinante para o desfecho do conflito. O país decidiu declarar guerra à Alemanha, em abril de 1917, após ter navios mercantes naufragados ao serem atingidos por submarinos alemães no norte do Oceano Atlântico e também no Mediterrâneo – o que afetava profundamente seus interesses comerciais.
Foi ao lado dos americanos que os países da Entente conseguiram reagir de forma mais efetiva contra as investidas do exército alemão.
Foto de soldados americanos em material de publicidade de recrutamento
Foto: Flickr/U.S National Archives
Artilharia pesada
A corrida armamentista que precedeu a 1ª Guerra resultou no rápido desenvolvimento da indústria bélica das grandes potências. Durante o confronto, os países usaram armas com poder destrutivo jamais visto na época.
Das baionetas, os exércitos passaram às metralhadoras, frotas de encouraçados, submarinos, tanques de guerra, lança-chamas e gases tóxicos. Os aviões, que antes serviam apenas para observação, começaram a ser usados em bombardeios.
Exército francês faz disparo com imenso canhão de guerra
Foto: Flickr/U.S National Archives
Capelão faz sermão do cockpit de um avião de guerra
Foto: Flickr/National Library of Scotland
Guerra química
Em 22 de abril de 1915, a Alemanha fez o primeiro grande ataque com uso de gás tóxico, que devastou as linhas inimigas na Bélgica. Os exércitos começaram a usar máscaras para se protegerem dos gases, entre eles o lacrimogêneo e o mostarda.
Soldados americanos posam com máscaras de gás no Laboratório de Desenvolvimento Químico
na Filadélfia, nos EUA, em 1919 - Foto: Reuters/Archive of Modern Conflict London
Genocídio armênio
O Império Turco-Otomano, aliado dos alemães, entrou no conflito no final de 1914. Sua derrota fragmentou ainda mais o já fragilizado império, que acabou sendo dissolvido em 1923, quando foi proclamada a República da Turquia.
Foi durante a 1ª Guerra que começou o genocídio armênio pela mão dos turcos, em abril de 1915. Os homens eram levados para o fronte, onde eram mortos enquanto cavavam trincheiras. Crianças, idosos e mulheres eram tirados de suas casas para "caravanas da morte", onde sucumbiam ao frio, à fome e às doenças. Os armênios afirmam que o número de mortos chegou a 1,5 milhão.
Ossada de armênios queimados vivos por soldados turcos em 1915
Foto: Acervo/The Armenian Genocide Museum-Institute
Revolta e revolução
No contexto da 1ª Guerra começou a Revolta Árabe contra o Império Turco-Otomano, em 1916, com o apoio da Grã-Bretanha. O movimento abriria caminho para uma nação árabe independente.
Em novembro do ano seguinte, oito meses após o czar Nicolau II abdicar, começa a Revolução Russa. Em dezembro, o país assina o armistício com a Alemanha e sai da 1ª Guerra.
Soldados fazem demonstração em São Petersburgo
em fevereiro de 1917 - Foto: Wikimedia Commons
Armistícios
Após a Entente começar a dominar as batalhas, o Império Turco-Otomano assina o armistício em outubro de 1918. Em novembro foi a vez do Império Austro-Húngaro, seguido pela Alemanha – que assinou o cessar-fogo em 11 de novembro de 1918, dois dias após o Kaiser Guilherme II abdicar e ser proclamada a República na Alemanha. Após quatro anos, a guerra terminava com 10 milhões de mortos e 20 milhões de feridos.
Estima-se que a 1ª Guerra mobilizou mais de 70 milhões de soldados dos cinco continentes e gerou custos da ordem de 180 bilhões de dólares. O conflito teve ainda 6 milhões de prisioneiros e 10 milhões de refugiados.
Em junho de 1919, é assinado o Tratado de Versalhes, que impôs as condições de paz – as mais duras para a Alemanha. O país perdeu todas as suas colônias, foi desarmado, teve parte de seu território ocupado militarmente e ainda precisou pagar uma pesada indenização pelos custos da guerra.
Tropas marcham em Londres após assinatura de armistício que deu fim à guerra,
em 1918 - Foto: Flickr/National Library NZ
Fonte: G1 (com France Presse)
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