Nem Papai Noel está livre da disputa pelo controle das favelas do Rio. Um helicóptero que transportava o Bom Velhinho e se preparava para distribuir presentes para crianças no Complexo da Maré, zona norte, acabou virando alvo na briga pelas bocas-de-fumo de duas comunidades. A aeronave foi atingido por duas balas de fuzil na tarde de ontem.
O atentado aconteceu quando o helicóptero sobrevoava a favela Vila do João, controlada pela facção Amigos dos Amigos (ADA), de Marco Antonio Pinto Menezes, o Quengão. Ninguém ficou ferido.
A festa de Natal aconteceu no interior da favela Baixa do Sapateiro, que é dominada por um grupo rival, o Terceiro Comando Puro (TCP), e seria controlada por Nei da Conceição Cruz, o Facão. O criminoso está preso em Bangu 1, mas ainda teria domínio na comunidade.
O helicóptero, modelo Jet Ranger 206, de uma empresa particular com sede no Recreio dos Bandeirantes, foi perfurado na transmissão e no reservatório de óleo. Apesar do incidente, não houve problemas no pouso.
Tiros
Segundo policiais militares do 22º BPM (Maré), foram ouvidos muitos tiros quando o helicóptero se preparava para pousar. A ação seria em represália à iniciativa da comunidade rival. A festa teria sido promovida pela Associação de Moradores. A empresa responsável pelo fretamento da aeronave foi procurada, mas ninguém foi localizado para comentar o incidente.
Há dois meses, os traficantes da Vila do João e da Vila dos Pinheiros tentaram invadir o Morro do Timbau, localizado ao lado da Favela Baixa do Sapateiro. Na ocasião, a Polícia Militar foi acionada e prendeu 12 bandidos, armados com fuzis, pistolas e granadas, que participaram da tomada da comunidade rival. Houve tiroteio e foi preciso reforçar o policiamento nas duas comunidades.
O episódio de ontem, segundo policiais, pode provocar revide dos traficantes da Baixa do Sapateiro.
Até rota de avião é alterada
No dia 27 de novembro, outro helicóptero foi alvejado por tiro disparado por traficantes. O aparelho Esquilo, da Base de Aviação do Exército, em Taubaté (SP), sobrevoava o Complexo do Alemão quando um projétil de fuzil atingiu o interior da cabine. Na ocasião, PMs faziam operação na região.
Ninguém se feriu. A aeronave, em missão administrativa, pousou na Base Aérea do Galeão e retornou a Taubaté no mesmo dia.
O caso não foi o primeiro em que a violência do tráfico trouxe riscos para quem sobrevoa o Rio. Em junho, guerra entre bandidos nos morros Chapéu Mangueira e da Babilônia, no Leme, alterou a rota de aviões da ponte aérea Rio-São Paulo. Pilotos mudaram o percurso das aeronaves devido ao intenso tiroteio.
Fonte: O Dia / Terra
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