A saída da única aeronave russa a equipar a frota militar brasileira se deu por motivos operacionais, mas informações e imagens confirmam que a FAB teve que canibalizar alguns deles para que outros pudessem voar.
(Foto por Sgt Rezende – FAB) |
O Mil Mi-35M Hind, a versão mais moderna e ocidentalizada do lendário helicóptero Mi-24 russo, chegou ao Brasil após um acordo de compensação pela exportação de carne brasileira para o país. Sem disputa com outros concorrentes, o helicóptero chegou no Brasil em 2010, mas a pergunta que vinha à mente era: não poderiam ter vindo antes?
A resposta mais rápida, na época, era simples. Além do fato da Força Aérea Brasileira (FAB) ser mais próxima dos EUA, os russos nunca tiveram boa fama no pós-venda.
Até mesmo aliados de Moscou, como a Índia, sofrem com falta de peças e apoio aos problemas corriqueiros que surgem com os caças. A operacionalidade da frota de caças Sukhoi da vizinha Venezuela também sempre foi questionada e os jatos raramente são vistos em exercícios internacionais (multinacionais), mesmo no Brasil, que já fora mais amistoso com Caracas.
Por vezes surgiam rumores que a FAB estaria sendo influenciada pelos EUA ou OTAN e, por isso, não fazia o suficiente para conseguir peças, mas a realidade é outra. Um oficial próximo do setor de logística da FAB contou ao AEROIN em condição de anonimato que as negociações com os russos eram demoradas.
“Qualquer empresa lá é estatal, não é a mesma coisa de falar com a Embraer, que é nacional mas independente, então tudo demorava, era burocrático, muitos procedimentos, tinha a barreira linguística, as questões do transporte (distância), alfandegária e a falta de vontade, já que vender peças não é tão lucrativo quanto um equipamento novo, que não estava no escopo do Brasil”, disse
Já uma outra fonte, próxima ao Esquadrão Poti, baseado em Porto Velho (RO) e único operador do Hind (e que agora está sem aeronave), nos enviou a foto abaixo, mostrando três helicópteros parados na Base Aérea.
Na imagem abaixo, é possível ver três helicópteros Mi-35 parados, sem as pás do rotor principal, e sem outros componentes. Segundo esta fonte informou, este trio está parado há mais de um ano e estaria servindo de fonte de peças para outras aeronaves, a chamada canibalização, bastante comum na aviação civil e militar.
A FAB inclusive no passado já fez isso propositalmente, quando adquiriu o avião de patrulha e antissubmarino P-3 Orion, da plataforma do icônico Lockheed Electra, já não produzido a décadas. Na ocasião, algumas unidades extras foram adquiridas e levadas até o Brasil para servir de fonte de peças para o restante da frota. Porém, no caso do Hind não era o planejado, já que foram adquiridas 12 unidades em 2008 e todas elas voaram por um tempo considerável, principalmente nos primeiros anos.
Com a saída anunciada no início do ano e sendo concretizada agora, com a estocagem dos Hind em Minas Gerais (com a exceção de um que irá para um museu no Rio), havia se comentado que não havia mais nenhum Mi-35 em Rondônia, mas ainda existem estes três, que não estão em condição de voo e que não devem ser transportados por via terrestre até Lagoa Santa.
Por enquanto, o trio que está em Porto Velho ficará parado no mesmo lugar ou será estocado em algum lugar da Base Aérea, aguardando definição futura, não distante das unidades que foram voando até Minas Gerais.
Via Carlos Martins (Aeroin)
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