Valores partem de 400 mil reais; proprietários podem voar o equivalente a dez viagens de ida e volta de SP à praia por mês.
Que atire a primeira pedra o morador de grandes cidades que nunca sonharam com o carro voador que escapasse do trânsito. Mas essa facilidade já existe – e custa os mesmos 400 mil reais cobrados pelo Volvo XC40: é o Airbus H120 Colibri, um helicóptero capaz de voar de São Paulo ao Guarujá em apenas 15 minutos. Essa é a proposta da Avantto, empresa de compartilhamento de aeronaves que aposta na disponibilidade de frota a qualquer momento para convencer até quem é dono.
Para entender como funciona, basta imaginar que o helicóptero ou o avião tem o preço dividido em frações. Esses não são bens acessíveis, seja pelo valor da compra ou pela manutenção, que também entram na divisão dos proprietários. No fim das contas, os clientes têm direito a determinadas horas de voo anuais. E, no caso de conflito de agenda entre os próprios donos das frações ou manutenção, outra aeronave igual (ou melhor) é disponibilizada para que ninguém mude a programação.
“Maior parte das nossas aeronaves vêm de proprietários exclusivos que perceberam não ter sentido um helicóptero ou avião próprio. Nesse caso, eles entram na participação como cotistas, continuam utilizando o bem que já tinham por uma fração dos custos e sem preocupação de ficar sem voar por conta do período de manutenções. Para quem disponibiliza em cotas, só existem vantagens, porque tem mais disponibilidade e coloca dinheiro no bolso”, diz Rogério Andrade, CEO da Avantto.
Na ponta do lápis, para quem utiliza até 25 horas por ano, o fretamento ainda é mais vantajoso. No caso dos clientes que voam entre 25 e 400 horas anuais, faz mais sentido compartilhar. E para quem viajar além disso, compensa mais ser proprietário, desde que seja pensando apenas no bolso e sem considerar tempo na oficina – que traz os mesmo problemas de disponibilidade do fretamento. “No fim das contas, o que vendemos não é a aeronave; é tempo. Se precisar, temos que estar lá”.
Duração estimada dos voos partindo de São Paulo (SP):
- Rio de Janeiro (RJ) - 45 minutos (Phenom 300);
- Angra dos Reis (RJ) - 1 hora (Leonardo Agusta);
- Guarujá (SP) - 15 minutos (Leonardo Agusta);
- Fazenda Boa Vista / Porto Feliz (SP) - 20 minutos (Leonardo Agusta).
Não por acaso, existem empresas que compram múltiplas cotas para garantirem voos simultâneos, como se tivessem mais de uma única propriedade. No caso dos helicópteros, a divisão é feita em 20 frações, o que dá direito a 5 horas de voos mensais, enquanto a participação dos aviões é de apenas seis proprietários, que garantem 10 horas mensais. Também há a possibilidade de combinar cotas e somar ambos os tempos (como 180 horas que podem ser divididas entre helicóptero e avião).
“Famílias e golfistas costumam preferir o Colibri por conta do bom bagageiro. Já o Esquilo – segundo helicóptero mais em conta da frota – é mais adequada para executivos, porque tem mais potência e não fica tão suscetível a limites de peso. Já o Agusta tem capacidade para seis passageiros e voa com instrumentos, o que é melhor para quem viaja até a praia e precisa atravessar as camadas de nuvens da Serra do Mar. E os helicópteros costumam servir para lazer, como viagens, 80% das vezes”.
Embraer Phenom 300: o queridinho entre os jatos |
Por outro lado, os aviões – dos modelos Embraer Phenom 100 e 300 – costumam atender demandas de trabalho em 70% dos voos, ainda que os perfis estejam mudando com viagens para destinos cada vez mais distantes, como Bahia ou Uruguai. E, apesar de custar praticamente 1/3 da cota de compra do irmão maior (550 mil dólares, contra 1,4 milhão de dólares), é o Phenom 300 o queridinho, graças à boa capacidade de passageiros (até nove passageiros, contra até cinco do 100) e autonomia.
“Aviões e helicópteros costumam ser a cereja do bolo para quem é bem-sucedido, porque são ativos muito caros. E, mesmo com o compartilhamento, o cliente do Colibri gasta até 25 mil reais por mês se voar todas as horas disponíveis – valor que soma combustível, manutenção e custos fixos pilotos, hangar e taxa administrativa. É para quem gera riqueza de 3 milhões de reais ao ano. Para os aviões, o custo fixo é de 50 mil reais, além de 10 mil reais por hora voada. É para quem faz 10 milhões”.
Só não espere identificar as aeronaves da Avantto sobrevoando as cabeças de quem está no trânsito ou mesmo no aeroporto – a empresa voa para mais 3.900 pontos no Brasil e na América Latina: para respeitar a ideia de propriedade aos clientes, os helicópteros e aviões são completamente anônimos e sem nenhum logotipo. E é importante lembrar que os clientes não têm nenhuma limitação de quem pode ser levado junto, desde que não ultrapasse o limite de passageiros permitidos ou de peso.
Via Gabriel Aguiar (Exame) - Fotos: Avantto/Divulgação
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