Fabricantes de aeronaves dariam risada se um comprador solicitar que um novo avião seja entregue nos próximos seis meses, e o mercado de usados está “limpo”, de acordo com Ricci. A Flexjet fechou a compra de 65 aeronaves nos próximos 12 meses para expandir a frota em 40%. E isso depois que a empresa suspendeu as vendas de blocos de horas de voos porque simplesmente não conseguia atender à demanda.
“Estamos comprando o que podemos encontrar disponível”, disse Ricci, que por meio da empresa de investimentos Directional Aviation controla várias empresas de aviação, incluindo a Flexjet, Sentient Jet e uma nova unidade de helicópteros.
A Flexjet registra crescimento anual de cerca de 30%, e Ricci está confiante de que muitos de seus novos clientes permanecerão mesmo depois do fim da pandemia, agora que foram expostos às conveniências das viagens em jatos privados. Ao contrário de companhias aéreas comerciais, o número de voos de aeronaves privadas se recuperou rapidamente após uma queda acentuada no início da pandemia em março de 2020. Os voos de jatos privados dos EUA estão a caminho do maior volume desde o pico da indústria em 2007 - e isso mesmo quando as viagens corporativas continuam baixas. Os pedidos de novas aeronaves ultrapassaram de longe a produção durante o segundo trimestre.
Depois de uma década em que o setor enfrentou superprodução e descontos nos preços, há anos as perspectivas de longo prazo não eram tão boas. A necessidade urgente de Ricci por novas aeronaves - e estoques de usados em mínimas históricas - é bem-vinda para fabricantes de aviões como Bombardier, Textron, Embraer e Gulfstream, unidade da General Dynamics. Essas empresas reduziram as entregas em 2020 quando o número de voos caiu no início da pandemia e agora estão em posição de aumentar a produção e elevar os preços. Este ano e o próximo podem ser marcados por forte crescimento para o setor, embora a partir de uma base baixa.
Cerca de dois terços de operadoras de jatos executivos planejam voar mais horas no próximo ano do que em 2021, de acordo com pesquisa anual da Honeywell International. A forte demanda tem ajudado uma das poucas indústrias que nunca se recuperou totalmente da Grande Recessão.
Os embarques de novas aeronaves, excluindo jatos muito pequenos e aviões convertidos, caíram para 560 no ano passado frente a 715 em 2019. O total de 2020 foi menos da metade do que o número 15 anos antes. As entregas devem subir para 611 este ano e para 647 em 2022, de acordo com o JPMorgan Chase.
As entregas anuais podem chegar a 900 novos jatos em cinco anos, disse Brian Foley, consultor de aviação privada que era responsável por marketing da Dassault Aviation, fabricante dos jatos Falcon com sede em Paris.
“Não vejo desaceleração. Muitos novos usuários entraram na aviação privada e nem todos ficarão, mas alguns, sim”, disse Foley. “Desta vez, espero que o setor tenha um melhor desempenho.”
Via Bloomberg Businessweek
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