sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

A brasileira que, aos 65 anos, conheceu o mundo e até a estratosfera

Além de visitar a estratosfera, Dina também fez voos de gravidade zero com astronautas russos
A aposentada e ex-Atuária Dina Barile, de 65 anos, sempre gostou de explorar lugares fora da rota turística. "Tinha paixão por países exóticos, sou fissurada em vulcões e culturas pouco exploradas", afirma.

O desejo de conhecer o diferente se deu ainda mais quando ela, em 2015, decidiu viajar para a estratosfera — segunda camada mais próxima da atmosfera. "Eu tive esse desejo na época em que assisti uma palestra do Marcos Pontes e ele falava que era possível uma viagem ao espaço. Comecei a pesquisar e entrei em contato com a agência de viagens dele." 

Porém, quando ela começou a checar os preços, viu que esse tipo de turismo seria altamente custoso. Ao consultar um novo pacote, na mesma agência, um funcionário ofereceu a opção de conhecer a estratosfera em vez do espaço. Além de mais "barato", o pacote ainda oferecia manobras radicais e voo de gravidade zero. Na época, Dina desembolsou US$ 32 mil (aproximadamente R$ 163 mil).

Debaixo de temperaturas negativas na Rússia, Dina fez embarcou para estratosfera

Única brasileira - e gravidade zero


Depois de organizar toda a viagem, a aposentada partiu para a Rússia, de onde um caça a levaria até a estratosfera. Nesse ponto, é possível ver a escuridão do espaço e um pedaço da terra. Quando o avião vai subindo é uma emoção muito grande. 

O piloto disse para eu olhar para a minha direita e quando vi tudo aquilo comecei a chorar muito. Rezei e agradeci", relembra.

Todos os voos são feitos em aviões caça. Esse modelo era o MiG 29
No entanto, esta aventura não foi suficiente. Depois de alguns dias, a aposentada experimentou um voo de gravidade zero com um grupo de turistas. Ela foi levada para uma base, onde astronautas russos treinam. 

O avião é todo fechado, sem nenhuma janela e simula a gravidade zero. "Eu era a única mulher no meio de 20 homens. Acharam bem curioso e olhavam para mim com um cara de espanto", diz.

Dina Barile em sua viagem pela estratosfera
Todo o trajeto dura aproximadamente uma hora e, durante a volta, o piloto ainda faz manobras radicais. "No retorno, ele me perguntou se eu queria dirigir e aceitei. Mas virei o caça de cabeça para baixo e vi que não foi a melhor opção", relembra rindo.

A Terra vista da estratosfera
Ao voltar para o país, Dina foi reconhecida como a primeira e única brasileira a viajar para a estratosfera, de acordo com o Rank Brasil (órgão semelhante ao Guinness World). Por enquanto, nenhuma mulher repetiu seu feito. 

Ela foi reconhecida pelo Rank Brasil

Viagem pelo mundo aos poucos


Antes de ir para a estratosfera, a aposentada já tinha explorado os cinco continentes. Hoje, ela conhece 140 países — todos visitados durante as férias ou períodos longos de recesso. Ela começou a viajar com quase 30 anos e sempre com o dinheiro do trabalho.

Nunca tirei sabático ou coisa do tipo. Sempre fui de economizar muito. Vinha de uma família humilde e sempre estudei com bolsa de estudos. Por isso poupava dinheiro", conta. 

Durante as viagens, ela conta que a prioridade era explorar os lugares, conhecer pessoas e turismo de compras não era seu desejo principal. Para ela, o melhor são as histórias e experiências que terá ao longo dos dias em que passará pelos países.

Sua última viagem foi para Papua Nova Guiné, onde conheceu tribos e participou de festivais
E seja sozinha ou acompanhada, Dina tem muitas histórias e perrengues de viagens que hoje relembra com saudosismo.

Uma vez, ela e uma amiga estavam viajando de trem por Paris e, de repente, sentiram uma sonolência muito grande. Quando se depararam, bandidos haviam jogado gás paralisante em seus rostos e elas não conseguiam se mexer. 

Depois de alguns minutos, eles levaram todas as malas e quantias em dinheiro. "Minha amiga perdeu tudo. Eu ainda estava com algumas notas guardadas comigo, mas foi bem ruim".

Diante do portal do Inferno, no Turcomenistão
Em uma outra viagem de trem pela Noruega, o funcionário da bilheteria não falava inglês e elas não conseguiram entender o que ele tentava explicar ao entregar o cartão de embarque. 

No trajeto, as duas dormiram e quando acordaram na cidade, o vagão com suas malas se separou do vagão inicial e elas ficaram sem as bagagens. "Pensávamos que tínhamos sido roubadas, mas era isso que o homem estava tentando explicar e não entendemos."

Por Priscila Carvalho (Nossa/UOL) -  Fotos: Arquivo pessoal

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