quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Criança de 6 anos com doença de pele é impedida de entrar em avião

Menino que sofre de epidermólise bolhosa teve de vir de Brasília em ônibus.

Doença não é contagiosa, mas família relata preconceito.

Menino de 6 anos com doença de pele foi impedido de 
embarcar em avião da Gol - Foto: Arquivo Pessoal

A autônoma Wanderlane Nunes está acostumada a viajar de Irituia, nordeste do Pará, para cuidar da saúde do filho Osmarino, de seis anos. A criança sofre de epidermólise bolhosa, uma doença que não é contagiosa, mas provoca bolhas e marcas na pele. No último dia 31, porém, ela foi impedida de viajar de Brasília em um avião da Gol: mesmo com a passagem comprada, a famíla teve de deixar o aeroporto para atravessar quase dois mil quilômetros entre o Distrito Federal e o Pará de ônibus, enquanto o filho sofria com um problema nos rins. Em nota, a Gol disse que a criança visivelmente passava mal, e que pediu para a mãe do menino que um médico atestasse a condição de saúde da criança antes do embarque.

"Alegaram que ele poderia estar com uma doença contagiosa, sendo que eu expliquei que não era. Me informaram que eu não poderia embarcar sem um laudo", desabafa a autônoma, que está em Belém tratando de um problema renal do filho em um hospital particular. "Eu fiquei muito constrangida. Até meu filho disse 'vamos pegar um táxi. Eles não querem deixar eu andar, mas o táxi deixa'. Muita gente percebeu, ficou olhando. O meu filho chorava de um lado e eu chorava do outro. Fiquei nervosa demais", relata.

A autônoma conta que chegou a procurar a polícia no aeroporto, mas era domingo e a delegacia estava fechada. Nervosa, a mãe preferiu voltar para o Pará, já que o plano de saúde do menino não cobre tratamento em outros estados. Mas a viagem não foi fácil: a família só conseguiu chegar em Irituia após fazer uma parada no Tocantins, onde a criança foi atendida em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade de Araguaina. De Irituia para Belém foram outros 177 km, até a criança finalmente ser internada. 

Após passar pelo constrangimento, a mãe tenta conseguir o reembolso integral da passagem. De acordo com a família, porém, apenas 65% do valor foi depositado. Segundo a Gol, o reembolso do restante do dinheiro será feito em até 30 dias.

A tia de Osmarino, Wandernice Nunes, diz que a criança sofre preconceito. "São tipo bolhas de queimadura, que estouram. As pessoas olham feio, a gente observa isso. Mas ele tem uma vida normal, de uma criança de seis anos, apesar de observarmos o preconceito”.

Veja, na íntegra, a nota da Gol:

A GOL esclarece que no último domingo, dia 31 de agosto, durante o procedimento de check-in do voo G3 1976 (Brasília/DF – Belém/PA), foi solicitado à responsável pela criança que um profissional médico atestasse que ela estaria apta a viajar. A criança visivelmente passava mal e apresentava condição física incomum. Este procedimento é padrão em casos em que o cliente demonstra estar indisposto, doente ou que necessita de atendimento especial e tem o objetivo de garantir sua segurança e que seu estado de saúde não se agrave durante o voo.

A GOL ofereceu assistência para que a cliente e seu filho fossem até um hospital para realizar avaliação médica e obter autorização para assegurar que a viagem não apresentaria nenhum risco à saúde da criança. A companhia disponibilizou transporte, hotel e remarcação do voo sem taxas. A cliente optou por seguir com seu filho para seu destino por transporte rodoviário.

A GOL ressalta que medidas como esta visam preservar a saúde e a segurança de seus clientes.

Caso semelhante


A situação de Osmarino é parecida com a enfrentada pela coreógrafa Débora Colker que, em agosto de 2013, também foi impedida pela Gol de embarcar em um voo da Bahia para o Rio de Janeiro com o neto de 3 anos, que sofre da mesma doença do garoto paraense. Na época a empresa também alegou que exige atestado médico visando a saúde de todos os passageiros.

Fonte: G1 PI

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