Um piloto sonolento da Air Canada confundiu o planeta Vênus com um avião, fazendo o Boeing comandado por ele mergulhar na direção do mar para evitar uma colisão imaginária, segundo um relatório oficial divulgado nesta segunda-feira.
O incidente aconteceu em janeiro de 2011 e deixou 16 passageiros e tripulantes feridos. Na ocasião, o Boeing 767-36N/ER, prefixo C-GHLQ / 658, da empresa canadense voava de Toronto para Zurique, na Suíça, com 95 passageiros e 8 tripulantes a bordo.
O piloto fez a manobra para desviar de um avião norte-americano que ele erroneamente pensou que estava na rota de colisão de sua aeronave. "Sob os efeitos de uma significativa inércia do sono (quando o desempenho e a consciência da situação são degradadas imediatamente após o despertar), o primeiro oficial percebeu a aeronave que vinha na direção contrária como estando em rota de colisão, e começou a descer para evitá-la", disse o relatório do Departamento de Segurança dos Transportes do Canadá. "Essa ocorrência salienta o desafio de administrar a fadiga na cabine de voo", afirmou o investigador Jon Lee.
O relatório diz que o piloto havia acabado de acordar de um longo cochilo e, desorientado, soube do comandante que um avião cargueiro dos Estados Unidos estava vindo na direção do Boeing. "O primeiro oficial inicialmente confundiu o planeta Vênus com um avião, mas o capitão o orientou novamente que o alvo estava na posição 12h (bem em frente) e mil pés (305 m) abaixo", disse o relatório.
"Quando o primeiro oficial viu a aeronave em direção contrária, interpretou sua posição como estando acima e descendo na direção deles. O primeiro oficial reagiu a essa percebida colisão iminente empurrando a coluna de controle", continuou o relatório. O avião desceu cerca de 400 pés antes que o capitão voltasse a puxar o manche. Os passageiros e tripulantes que se feriram na manobra estavam sem cinto de segurança, desrespeitando o aviso luminoso.
O tripulante envolvido no caso tinha filhos pequenos e não conseguia dormir direito em casa. Ele havia cochilado durante 75 minutos, em vez dos 40 estabelecidos como máximo pelos regulamentos da companhia. Isso significa que ele adormeceu profundamente e acordou desorientado. A Air Canada afirmou que depois do incidente orientou os pilotos sobre os limites para os cochilos e para que fiquem atentos a sinais de fadiga. Um formulário especial para que os pilotos relatem seu cansaço começará a ser usado em meados deste ano.
A Associação de Pilotos da Air Canada disse que o caso mostra a necessidade de limitar a jornada de trabalho nos voos noturnos, que hoje pode chegar a até 14 horas.
Fontes: Reuters via Terra / Aviation Herald - Imagem: Reprodução
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