segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Contratos com a MTA serão mantidos, diz presidente dos Correios

'Não há irregularidades nos contratos', disse David José de Matos.

Empresa tem quatro contratos com os Correios no valor de R$ 59 milhões.

O presidente dos Correios, David José de Matos (foto), afirmou nesta segunda-feira (20) que a estatal vai manter todos os contratos com a empresa Master Top Linhas Aéreas (MTA), apesar das denúncias de tráfico de influência e pagamento de propina envolvendo a empresa e funcionários da Casa Civil. Segundo ele, os contratos orçados em mais de R$ 59 milhões não têm irregularidades.

“Não há irregularidade no contrato. Os contratos são absolutamente regulares e transparentes”, afirmou Matos, que conversou com os jornalistas logo após entregar ao ministro das Comunicações, José Artur Filardi, a carta de demissão do diretor de Operações da estatal, coronel Eduardo Arthur Rodrigues da Silva, acusado de envolvimento no suposto esquema de tráfico de influência para favorecer a MTA.

O chefe de departamento de Relacionamento Institucional dos Correios, Mário Renato Borges da Silva, responsável por explicar “tecnicamente” os contratos da MTA com o órgão, disse que o contrato é decorrente de licitação.

"Não tem a menor possibilidade de os Correios rescindirem um contrato que foi feito lisamente, transparentemente e regularmente. São contratos que nós dos Correios seremos penalizados se tivermos que rescindir o contrato porque há uma suspeita, uma denúncia, uma acusação que está sendo feita e vai e se cancela um contrato em função disso?”, indagou Mário Renato.

Questionado se a demissão de um diretor dos Correios não seria motivo para colocar sob suspeita os contratos com a MTA, Mario Renato afirmou que a saída do diretor de Operações da estatal “foi uma decisão de foro íntimo”: “Foi por razão de foro íntimo e ele fez o pedido de demissão.”

Nesta segunda, o diretor de Operações da estatal, coronel Eduardo Arthur Rodrigues da Silva, pediu demissão do cargo. Ele é suspeito de ligação com a empresa, segundo reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo".

De acordo com a reportagem, o ex-diretor dos Correios seria representante de um empresário argentino, apontado como verdadeiro dono da empresa aérea. O jornal afirmou ainda que Silva estaria atuando para transformar a MTA na empresa de carga aérea oficial dos Correios. Ele nega as acusações.

Investigação

O ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse nesta segunda-feira (20), após reunião de coordenação política, que as denúncias que levaram à demissão do diretor Eduardo Arthur Rodrigues da Silva serão investigadas com “agilidade”.

Segundo ele, todos os órgãos do governo acusados de cometer tráfico de influência serão alvo de diligências da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU).

“A grande orientação do presidente e atenção do presidente é que seja apurada qualquer denúncia que apareça, independente de qual seja o órgão. Venha de quem vier, a denúncia será apurada”, disse, ao ser questionado sobre o pedido de demissão apresentado nesta tarde pelo coronel Rodrigues da Silva.

Apoio do presidente Lula

Indicado pela ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra para ocupar o comando dos Correios, o presidente da empresa diz não ter medo de ser exonerado do cargo com a queda da ministra, atingida por denúncias de tráfico de influência no governo. Matos diz ter o apoio do presidente Lula.

“O fato de ter sido indicado pela ministra Erenice Guerra, ela levou ao presidente o meu nome e o presidente aprovou a minha indicação. Enquanto o presidente da República demonstrar confiança, enquanto eu sentir que a minha permanência à frente dessa instituição é aconselhável, não há nenhum assunto nem se falou em momento nenhum de eu me afastar”, afirmou o presidente dos Correios.

Questionado se sentia “protegido pelo apoio do presidente Lula”, o presidente dos Correios foi além: “Me sinto protegido até a hora que o presidente disser: ‘O senhor não está protegido por mim’. Não recebi até agora indicação disso. Os Correios está precisando, na verdade, é desse apoio do presidente. Se a gente sentir que perdeu o apoio do presidente, não é bom.”

Fonte: Robson Bonin (G1) - Foto: Valter Campanato/Abr

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