segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

A era dos táxis espaciais

Uma nova etapa está prestes a começar na exploração do cosmo. Em lugar dos atuais ônibus espaciais, que deverão ser aposentados no próximo ano depois de três décadas de serviço, entrarão em cena os táxis espaciais, voos realizados por empresas privadas para colocar astronautas em órbita.

Essa mudança foi determinada pelo presidente norte-americano, Barack Obama, na semana passada, ao apresentar uma proposta de orçamento que cancela o projeto Constellation – organizado para levar o homem de volta à Lua – e destina verbas para serviços privados de transporte.

Trata-se da maior mudança nos 52 anos de existência da Nasa, a agência espacial norte-americana, que agora será basicamente um órgão de pesquisa e de contratação de voos particulares. Na opinião de alguns, como o senador republicano Richard Shelby, a proposta é “o início da morte para o futuro dos voos espaciais tripulados dos EUA”. Para outros, como o consultor Charles Lurio, que se considera defensor de um nova “abordagem comercial” do espaço, é um novo começo:

– Agora, temos um programa espacial de verdade, que constroi as bases para um uso prático da exploração do espaço.

Como já era esperado, a proposta de Obama cancela o programa do foguete Ares I, em desenvolvimento há quatro anos. Mas, mais surpreendente, também suspende o projeto Orion, a cápsula tripulada que seria colocada em órbita pelo Ares.

A dúvida é se o Congresso norte-americano concordará com essa reestruturação. Depois de gastar US$ 9 bilhões no projeto Constellation, o cancelamento de contratos com empresas como Boeing, Lockheed Martin e Alliant Techsystems custaria mais US$ 2,5 bilhões. A proposta de Obama inclui ainda gastar US$ 18 bilhões em cinco anos para desenvolver tecnologias como estações de combustíveis em órbita, novos tipos de motores para espaçonaves e robôs capazes de perfurar o solo lunar – e eventualmente também o marciano.

Enquanto isso, em vez de utilizar os foguetes Ares I para levar e trazer astronautas da Estação Espacial Internacional (ISS), US$ 6 bilhões adicionais ao orçamento da Nasa entre 2011 e 2015 serão usados para financiar o serviço de táxi de empresas privadas – alternativa altamente polêmica. Os céticos argumentam que dificilmente essas companhias serão capazes de cumprir suas promessas tão rapidamente e a custos tão baixos quanto dizem.

Um provável competidor nesse novo cenário é a SpaceX, mas seu foguete Falcon 9, o único que poderia ser usado para levar astronautas à ISS, ainda precisa ser testado. Outra possível nova empresa de táxi espacial, a United Launch Alliance, joint-venture entre Lockheed Martin e Boeing, tem larga experiência em construir espaçonaves para a Nasa, mas as modificações necessárias em seus foguetes Delta IV e Atlas V para transportar astronautas poderão ser extremamente caras.

– A mudança é dramática na forma como conduzimos os voos espaciais com humanos nos últimos 50 anos. É arriscado, mas também precisamos reconhecer que temos estado meio presos às mesmas tecnologias criadas nos 50 e 60 – avalia John Logsdon, ex-diretor do Instituto de Política Espacial da Universidade George Washington.

Fonte: Zero Hora

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