Aos gritos de "independência", moradores de uma cidade boliviana apedrejaram na quinta-feira um avião militar venezuelano e impediram seu reabastecimento, num novo episódio de violência política no país. O Hércules C-130 decolou precipitadamente em meio às pedras atiradas por cerca de 200 manifestantes. Eles tentaram sem sucesso entrar no avião para descobrir que tipo de carga levava, segundo rádios locais.
O incidente ocorreu em Riberalta, na Amazônia, cerca de 700 km ao norte de La Paz. Aparentemente, havia coordenação entre os agressores e partidos de direita contrários ao governo de Evo Morales. Uma fonte oficial disse sob anonimato que Morales alterou sua agenda para ir a Ribeiralta depois do incidente, ocorrido por volta de 12h (hora local).
O diretor da administração aeroportuária do departamento de Beni, Alejandro Yuja, afirmou à rádio Erbol que o avião acabou pousando no Acre. Um funcionário do centro de operações do aeroporto de Rio Branco, capital acreana, confirmou à Reuters por telefone a presença de um C-130 da Força Aérea Venezuelana no local.
Um correspondente da Erbol em San Miguel de Ribeiralta disse que, depois da tomada do aeroporto, cerca de 200 pessoas foram até a polícia para exigir a renúncia do comandante local por ter protegido os venezuelanos.
A emissora, que transmitiu ao vivo o tumulto e a inusitada fuga do cargueiro, disse que os manifestantes suspeitavam que a bordo estivessem armamentos, em vez de doações humanitárias. "Não vamos mais permitir que esses senhores venezuelanos cheguem ao país para fazer o que quiserem, não vamos mais permitir que chegue nenhum avião venezuelano", disse o presidente do comitê cívico local, Mario Aguilera.
Gritos de "independência", como os ouvidos na quinta-feira nessa localidade amazônica, são comuns também nas manifestações do comitê cívico de Santa Cruz, departamento mais rico do país e reduto da oposição conservadora que critica duramente a cooperação econômica venezuelana ao governo de Morales.
Curiosamente, Beni é um dos departamentos que mais recebem ajuda venezuelana, principalmente para a construção de muros de proteção contra inundações, que no começo do ano afetaram mais de 100 mil km² na região.
Fonte: Reuters
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