David Neeleman, fundador da JetBlue Airways, testa a nova conexão WIFI - que estará disponível em vôos domésticos a partir do dia 11 - a bordo de um Airbus A320 Airbus
Os passageiros de aviões podem em breve começar a ouvir um novo anúncio dos comissários de bordo: "Conexão autorizada a partir de agora". A partir do mês que vem, e por prazo de alguns meses, diversas linhas aéreas norte-americanas começarão a testar a oferta de acesso à Internet em seus aviões.
Na terça-feira, a JetBlue Airways começará a oferecer serviço gratuito de e-mail e mensagens instantâneas em um avião, enquanto American Airlines, Virgin America e Alaska Airlines planejam oferecer experiência de Web mais ampla nos próximos meses, a um custo provável de cerca de US$ 10 por vôo.
"Acredito que 2008 vá ser o ano em que enfim começaremos a ver acesso à Internet em vôo, mas suspeito que o serviço comece a ser oferecido de maneira bastante gradual nos vôos domésticos", disse Henry Harteveldt, analista da Forrester Research. "Dentro de alguns anos, entrar em um avião que não ofereça acesso à Internet será como entrar em um quarto de hotel sem televisão".
O objetivo das linhas aéreas é transformar seus aparelhos no equivalente a um hotspot de conexão sem fio, assim que eles atingirem sua altitude de cruzeiro. Os serviços não serão oferecidos no processo de decolagem ou aterrissagem.
A Virgin America planeja até ligar essa tecnologia às suas telas individuais de vídeo instaladas nas costas dos assentos, o que permitiria aos passageiros que não viajam com laptops ou celulares inteligentes que enviem mensagens em vôo. A rede também poderia ser usada para comunicação interna no avião, como pedidos de comida e bebida ¿ algo que a Virgin America já permite em seu sistema de vídeo.
Embora a tecnologia pudesse permitir o uso de telefonia via Internet, a maioria das linhas aéreas afirma que não planeja, por enquanto, permitir comunicações de voz.
Muitos viajantes consideram que a perspectiva de conversas ao telefone seja muito mais incômoda do que a de ter um colega de vôo discretamente consultando seu e-mail.
Telefonemas à bordo são "uma daquelas tecnologias do tipo que você não deveria usar simplesmente porque pode", disse Harteveldt. "A última coisa que alguém deseja é estar em um tubo de metal lotado, a 11 mil metros de altitude, ouvindo um sujeito falar durante duas ou três sobre sua viagem a Las Vegas".
Embora as empresas venham prometendo acesso em vôo à Internet já há anos ¿a fábrica de aviões Boeing chegou a oferecer um sistema, adotado por algumas linhas internacionais, em um programa que já foi cancelado-, a JetBlue será a primeira empresa norte-americana a oferecer conectividade, ainda que limitada, em vôo.
Durante o período de teste inicial da JetBlue, que envolverá um único aparelho, os passageiros viajando com laptops dotados de acesso WiFi poderão verificar suas contas de e-mail no Yahoo e terão acesso ao Yahoo Messenger, e as pessoas equipadas com Blackberrys dotados de acesso WiFi poderão baixar seus e-mails.
Mas caso um vôo de teste na quarta-feira sirva como indicação das dificuldades que as companhias aéreas e seus parceiros tecnológicos enfrentarão para oferecer conectividade a 11 mil metros de altitude e velocidades de 800 quilômetros por hora, os viajantes devem esperar uma experiência semelhante à da era de acesso discado ¿mais lenta e mais propensa a encontrar problemas do que uma conexão terrestre típica.
"Às vezes é preciso simplesmente colocar a coisa em operação e ver o que acontece quando as pessoas a utilizam", disse Nate Quigley, presidente-executivo da LiveTV, a subsidiária da JetBlue responsável pelo serviço de Internet da empresa e por seu sistema de entretenimento em vôo. "Nós encontraremos os defeitos e terminaremos por consertá-los".
A LiveTV é uma das diversas empresas que desejam introduzir acesso em vôo à Internet em 2008, depois de anos de experiências frustradas de companhias como a Boeing, cujo sistema de acesso via satélite requeria equipamento pesado e dispendioso em cada avião.
Uma vantagem da tecnologia de aceso via satélite é que ela opera sobre o oceano, enquanto a cobertura da LiveTV só operará em vôos sobre o território dos Estados Unidos, e envolve um processo de transferência de conexões entre torres de celulares à medida que o aparelho percorre o país.
Já que a rede exclusiva da LiveTV usa freqüências licenciadas pela Comissão Federal de Comunicações (FCC), no passado reservadas aos sistemas de telefonia em vôo que os aviões costumavam oferecer, ela não interfere com o serviço de telefonia móvel em terra. Mas o processo de transferência de conexão de torre a torre cria o potencial de um equivalente aéreo de queda de ligações ¿problema que ocorreu durante o teste da quarta-feira.
Esse também é um dos motivos para que a JetBlue não esteja cobrando aos passageiros pela conexão.
"Por que cobrar por alguma coisa que ainda não está funcionando direito?", disse David Neeleman, fundador e presidente do conselho da JetBlue e viciado confesso em Blackberry.
A Jet Blue e a LiveTV estão apostando em que a capacidade de e-mail e mensagens instantâneas serão mais importantes para os passageiros do que acesso pleno à Internet, algo que requereria maior banda, e portanto precisaria ser um serviço pago.
Mas outras empresas estão convencidas de que muitos passageiros estariam dispostos a pagar por acesso mais amplo à Web, e estão considerando uma tarifa da ordem de US$ 10 por vôo, pelo serviço.
Uma pesquisa recente da Forrester Research confirma a idéia, e constatou que 26% dos passageiros pagariam US$ 10 por acesso à Internet em um vôo de duas a quatro horas, enquanto 45% pagariam a mesma quantia por acesso em um vôo de mais de quatro horas.
Fonte: The New York Times / Tradução: Paulo Migliacci ME / Foto: Robert Stolarik
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