sábado, 15 de dezembro de 2007

Aéreas dos EUA querem investir no Brasil

Em meio ao apagão que desde outubro do ano passado atormenta os usuários do transporte aéreo brasileiro, o governo americano informou ontem as autoridades brasileiras que as empresas daquele país têm o interesse de explorar mais freqüências de vôos e participar de forma efetiva da administração aeroportuária nacional.

Ainda não se falou sobre o potencial volume de investimentos. A sondagem ocorreu na mesma semana em que Solange Paiva Vieira, indicada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a presidência da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), declarou que o governo pretende ampliar de 20% para 49% o limite para investimentos estrangeiros no capital societário das companhias aéreas brasileiras e acabar com o monopólio da Infraero.

O tema foi um dos discutidos na primeira reunião entre o Ministério das Relações Exteriores e o Departamento de Estado americano para a prospecção de novas áreas de cooperação bilateral. A próxima reunião sobre esse diálogo de parceria econômica ocorrerá no primeiro semestre do ano que vem, em Washington.

O anfitrião do encontro foi o subsecretário-geral de Assuntos Econômicos e Tecnológicos do Itamaraty, embaixador Roberto Carvalho de Azevêdo. Lideraram a missão dos EUA o secretário assistente para o Hemisfério Ocidental, Thomas Shannon, e o secretário assistente para Economia, Energia e Negócios, Daniel Sullivan.

"O objetivo principal é identificar áreas adicionais para a cooperação", comentou o diplomata brasileiro. "As duas chancelarias devem catalisar processos e incentivar intercâmbios entre ministérios e setores. A idéia é conseguir resultados objetivos."

Desejo impossível

Os americanos gostariam que o governo brasileiro "abrisse o céu" do País. Se tal medida fosse tomada, as companhias americanas poderiam voar para os destinos que quisessem na freqüência que desejassem. Teriam ainda o direito de operar linhas domésticas, e não só vôos internacionais. A chancelaria brasileira disse que seria impossível. Ponderou que há algumas limitações de infra-estrutura nos principais aeroportos do País.

Os diplomatas conversaram sobre a transformação do etanol em commodity, a promoção de programas de inclusão social, a participação de investidores americanos em obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e a parceria entre empresas americanas e brasileiras em projetos de infra-estrutura em terceiros países. Abordaram a possibilidade de se aprofundar o diálogo sobre inovação científica e tecnológica, agricultura e a segurança na importação de produtos.

"Queremos garantir que, à medida em que avancemos no diálogo sobre cooperação econômica, entendamos que deve haver inclusão social", declarou Shannon. "Cidadania plena não é só inclusão política, mas também econômica e social."

Para Azevêdo, a abertura desse diálogo é positiva e duradoura. Tal mecanismo, acredita, resiste à mudança de governos. O mandato do presidente Lula acaba em 2010. Já o do presidente dos EUA, George Bush, expira no ano que vem.

Fonte: JB Online

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