Os brasileiros que escolheram viajar de avião neste fim de ano enfrentaram longas filas em alguns dos principais aeroportos e no primeiro dia de uma operação montada pelo governo para diminuir os transtornos, um em cada quatro vôos partiu com atraso.
“Eu estou aqui presa e estou na fila de espera do vôo das 20h”, disse uma passageira.
A agonia voltou. A quatro dias do Natal, embarcar nos aeroportos de São Paulo virou de novo um drama. Cerca de 30% dos vôos programados para esta sexta saíram com atrasos ou foram cancelados.
“Eu só quero chegar em casa, passar o Natal com minha família, que não vejo há dois anos”, disse a publicitária Ludmila Zanetello.
Uma família tenta voltar para João Pessoa, mas comprou passagens na BRA, que entrou em crise. Sem conseguir lugar em outras companhias, eles estão há quatro dias no aeroporto de Guarulhos.
“Estamos dormindo no chão, só na lista de espera e ninguém toma atitude”, reclama a revisora Maria dos Anjos.
Em Congonhas, no meio da tarde, era difícil até andar e o estresse provocou discussão até entre os passageiros. “Ah, não, furando fila”, criticou uma passageira. “Fui orientado a entrar nesse exato local”, respondeu o passageiro.
Vida difícil também tiveram os passageiros que chegaram cedo, nesta sexta, do exterior no aeroporto de Guarulhos. Muitos não conseguiram cruzar a cidade e chegar em Congonhas a tempo. Perderam as conexões e pior: tiveram que entrar em filas pra seguir viagem.
- Mandaram eu vir aqui no fim. Jesus, não é possível.
- Como faz pra enfrentar uma situação dessa com 87 anos?
- Estou cansada, dor nas pernas.
No Rio de Janeiro, passageiros foram informados que o vôo para Porto Alegre só sairia cinco horas depois. Eles protestaram. “A palavra, simplesmente, é vergonha”, resumiu um passageiro.
Em Brasília, Márcio vive a mesma história pela segunda vez. Ele ganhou na Justiça duas passagens como indenização por problemas que enfrentou nos aeroportos, em agosto. Agora, ao usar o crédito que conseguiu com a companhia aérea, está há 40 horas tentando chegar a São Paulo. “A palavra é essa: incompetência”.
Nos principais aeroportos do país, funcionários da Anac, a Agência Nacional de Aviação Civil, circularam pelos terminais para tentar ajudar os passageiros, mas nem sempre conseguem.
“Eles vieram aqui, ouviram as explicações e não deram nenhum retorno”, contou uma passageira.
A Infraero montou salas em Brasília, Congonhas, Guarulhos e no aeroporto Tom Jobim, no Rio. Delas, os técnicos monitoram o que está acontecendo nos pontos mais movimentados dos terminais.
As companhias aéreas garantiram à Anac que, neste fim de ano, os passageiros não vão ter o problema que já virou rotina nos aeroportos: o ‘overbooking’, a venda de passagens acima do número de assentos nos aviões.
A presidente da agência, Solange Vieria, atribuiu os atrasos de desta sexta ao grande movimento e também à adaptação das empresas às mudanças na programação dos vôos para a alta temporada.
“Hoje e a próxima sexta-feira são os dias mais críticos. Se a gente passar bem, não tem motivo nenhum pra amanhã (sábado) e domingo ficar pior”.
Fonte: Jornal Nacional
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