terça-feira, 13 de dezembro de 2011

O diálogo: controlador e piloto

DIÁLOGO TENSO

LOGO APÓS A DECOLAGEM, O PILOTO ACIONA O CONTROLADOR DE VOO EM TERRA, RICARDO BLANCO, COM O CÓDIGO INTERNACIONAL PARA EMERGÊNCIAS:

— Mayday! Mayday!

RESPOSTA DO CONTROLADOR, QUE MENCIONA O NÚMERO DO VOO:

— Voo 1.536, controle, prossiga.

DO PILOTO:

— Mayday! Mayday!

O CONTROLADOR PERGUNTA SE PODE AJUDAR A CONDUZIR O AVIÃO:

— Você está em condições normais para ser vetorado?

NA RESPOSTA, FICA CLARO O DESCONTROLE A BORDO:

— Informações de velocidade aparentemente errado.

O PILOTO ACRESCENTA:

— Vamos restabelecer o sistema e já lhe retorno já.

SEM SABER O QUE FAZER, O PILOTO PERGUNTA:

— Podemos manter nessa posição aproximadamente uns dois minutinhos?

ALGUM TEMPO DEPOIS, O PILOTO INFORMA A VELOCIDADE, QUE É EQUIVALENTE A 440 KM/H:

— Nossa velocidade seria então de 237, é isso?

RESPOSTA DO CONTROLADOR, QUE INFORMA QUE A VELOCIDADE É DE 426 KM/H:

— Aparentemente é de 230 ground. É o que eu recebo aqui.

EM SEGUIDA, O CONTROLADOR INFORMA QUE O AVIÃO HAVIA SOBREVOADO SANTOS:

— Tá começando agora a voar sobre o mar, ok?

O CONTROLADOR VOLTA A INFORMAR A VELOCIDADE DO AVIÃO, DE 442 KM/H, E DÁ A ALTURA DA AERONAVE, DE POUCO MAIS DE 3 MIL METROS:

— Ground speed agora 239.9.100 pés.

A SOLUÇÃO, CONFORME O CONTROLADOR, É LEVAR O AVIÃO PARA O AEROPORTO DE VIRACOPOS, EM CAMPINAS, QUE ESTÁ COM BOA VISIBILIDADE, COM ALCANCE DE 5 MIL METROS:

— Campinas operando visual nos mínimos, pista 33.

O PILOTO QUER QUE O CONTROLADOR CONTINUE ACOMPANHANDO TODO O TRAJETO DA AERONAVE:

— Teria como nos vetorar até a final da 33? É possível isso?

RESPOSTA:

— Positivo, vou vetorar até o final da 33.

EM SEGUIDA, O PILOTO RELATA UM PROBLEMA NO PAINEL DE CONTROLE, QUE INDICA UMA VELOCIDADE ABSURDA DO VENTO DE FRENTE, DE 240 KM/H:

— As informações que eu tô tendo de vento aqui nessa condição é uma informação de 130 nós de vento de proa. Essa condição não é uma realidade, com certeza.

O CONTROLADOR TRANQUILIZA:

— Não, não é uma realidade.

NA CHEGADA A VIRACOPOS, ONDE PODERIAM OCORRER PROBLEMAS NO POUSO, O PILOTO INFORMA PARA OS BOMBEIROS E PESSOAL DE SEGURANÇA O NÚMERO DE PESSOAS A BORDO (POB, PERSONS ON BOARD, EM INGLÊS) E A QUANTIDADE DE COMBUSTÍVEL NA AERONAVE, QUE É EQUIVALENTE A 5.850 LITROS (CERCA DE 20% DA CAPACIDADE DO AVIÃO), SUFICIENTE, POR EXEMPLO, PARA UMA VIAGEM ATÉ BRASÍLIA.

— Oh, senhor, o POB nosso é 105, não temos artigos perigosos a bordo e eu tenho mais duas horas e 20 de autonomia.

NA APROXIMAÇÃO FINAL, O CONTROLADOR CORRIGE A ROTA DO AVIÃO PARA COMPENSAR O VENTO:

— Ligeiramente à direita do curso, faça 5 graus à esquerda.

O ALÍVIO DO PILOTO:

—Tenho visual da cabeceira, voo 1.536.

E, FINALMENTE, O AGRADECIMENTO AO CONTROLADOR:

— Já no solo voo 1.536. Grato aí pela colaboração.

ROTA DE VOO GOL 737-800

16/10/2011 | Horário: 15h

O avião com 105 pessoas saiu de Congonhas em direção ao Aeroporto de Santos Dumont, no Rio de Janeiro.

2 comentários:

Pedro Filho disse...

Trecho do comentário da matéria SEM SABER O QUE FAZER, O PILOTO PERGUNTA:
Vai fazer isso no treinamento da empresa no simulador. Te comem o fígado Esta claro que a Gol tentou esconder isso ao máximo e agora pede uma reportagem de heróis para acalmar os usuários. Já trabalhei lá e sei como e a realidade.

Pedro Filho

Giovani Ramos disse...

o áudio dessa sua conversa está aqui:
http://soundcloud.com/rafaelguimar-es-1/may-day-may-day

=)