sábado, 7 de junho de 2008

Continental vai demitir 3 mil e retirar 67 aviões da frota para se adequar a preço do petróleo

A norte-americana Continental Airlines anunciou dia 05 que irá cortar 67 aeronaves de sua frota, além de demitir 3 mil funcionários, como medidas para tentar fazer frente ao preço recorde do petróleo e à desaceleração da economia dos EUA. Segundo a empresa, essa é a maior crise para a indústria de transporte aéreo desde aquela causada pelos atentados terroristas de 11 de Setembro e inviabiliza o atual modelo de negócios das empresas do setor.

A decisão vem um dia depois de a concorrente United Airlines ter divulgado a intenção de reduzir sua frota em 100 aviões e cortar até 1,6 mil trabalhadores. Em seu anúncio, a United afirmava esperar que sua atitude fosse seguida por toda a indústria, duramente afetada pelos dois fatores citados pela Continental.

As medidas foram comunicadas aos funcionários da empresa por meio de carta assinada pelo presidente do conselho e executivo-chefe, Larry Kellner, e pelo presidente, Jeff Smisek. Na nota, a Continental afirma que não fará novos comentários sobre o assunto até a semana que vem, período no qual fará reuniões para explicar a decisão a seus funcionários.

A indústria de transporte aéreo está em crise. Seu modelo de negócios não funciona mais com os atuais preços do petróleo e o presente nível de capacidade disponível no mercado. Precisamos promover algumas mudanças em resposta a isso, afirma a nota divulgada pela empresa.

Mesmo as recentes rodadas bem sucedidas de aumentos nas tarifas foram consideradas insuficientes pela companhia para contrapor a elevação no custo dos combustíveis. Segundo a empresa, tarifas altas levam a menos passageiros viajando e, portanto, será importante reduzir a capacidade da empresa para fazer frente à situação de demanda comprimida. Em consequência, não serão necessários tantos funcionários quanto os 45 mil atuais, o que levará às demissões. Em solidariedade, Kellner e Smisek anunciaram que irão renunciar ao recebimento de seus salários e incentivos pelo restante de 2008.

Embora essas mudanças sejam dolorosas, precisamos nos adaptar à realidade atual do mercado para navegar com sucesso por esse período difícil, diz a nota. A situação para todas as companhias aéreas é séria e as ações que anunciamos hoje são necessárias para assegurar nosso futuro, acrescenta.

De setembro em diante, após o fim da alta temporada, a empresa deverá reduzir em 16% seus vôos domésticos, o que levará a um corte de 11% em sua capacidade no mercado interno dos EUA. Essas reduções, ambas em relação ao ano anterior, devem ser concluídas até o final do quarto trimestre.

A mudança da frota ocorrerá com a retirada de serviço dos aviões menos eficientes da companhia. Assim, ela vai acelerar o processo de devolução de seus aviões Boeing 737-300 e 757-500. Entre janeiro e junho, a companhia já havia retirado de operação seis de seus aviões mais antigos. Dos 67 aparelhos adicionais que serão aposentados, 37 serão retirados de serviço neste ano e os 30 restantes em 2009. Entre os que serão cortados da frota neste ano, 27 saem de circulação em em setembro, tão logo se encerre a alta temporada.

Ao fim de setembro, a atual frota de 375 aviões da Continental terá sido reduzida para 356 aparelhos. Ao fim de 2009, serão apenas 344 aeronaves em serviço, levando em consideração tanto os equipamentos aposentados quanto os novos a serem recebidos.

De acordo com a Continental, o preço do combustível de aviação fechou a quarta-feira em US$ 151,26, 75% mais caro que no mesmo período do ano passado. Esse preço, afirma, elevará o gasto anual da empresa com combustíveis em US$ 2,3 bilhões. Apenas esse aumento significa uma alta de US$ 50 mil por funcionário no custo total de suas operações. A esse preço, um grande número de nossos vôos operam com prejuízo, afirma a Continental.

Fonte: José Sergio Osse (Valor Online)

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