Dados abrangem 65 aviões Ipanema de motor convencional, anunciados pela Embraer, mais 84 aviões turboélices fabricados pelas norte-americanas Air Tractor e Thrush.
A aviação agrícola brasileira teve o acréscimo de mais 149 aviões novos em 2023. Isso segundo informações levantados nesta semana pelo Sindag junto ao mercado. Os dados consideram as aeronaves já entregues e somam 84 aviões turboélices. Mais os 65 aviões modelo Ipanema 203, de motor a pistão, anunciados na segunda-feira (15) pela Embraer.
No caso dos turboélices, entraram no Brasil 75 modelos Air Tractor (fabricados em Olney, no Texas). Nesta conta estariam 16 aeronaves modelo AT-402 B, 12 aviões AT-502A (XP), 25 aviões AT-502 B, 13 AT-602 e nove AT-802A (o maior avião agrícola do mundo, com capacidade para 3 mil litros no hopper). Isso mais nove turboélices fabricados pela Thrush Aircraft, em Albany, no Estado norte-americano da Georgia.
Embora o Sindag não tenha concluído ainda o levantamento atualizado de toda a frota aeroagrícola brasileira (que é estimada em mais de 2,6 mil aeronaves), os números preliminares reafirmam o maior crescimento da frota de turboélices. Especialmente por serem aeronaves de maior capacidade e mais rendimento, ideal para áreas maiores. Uma tendência que já dura mais de 10 anos e vem também no embalo da maior variedade de modelos do segmento.
Modelo nacional
O Ipanema, da Embraer, chegou ao modelo 203 em 2015 e está em sua sétima geração (Foto: Castor Becker Júnior/C5 NewsPress) |
Porém, o modelo de fabricação nacional segue imbatível, ainda respondendo por pelo menos 50% de toda a frota nacional. E com a fábrica anunciando a meta de aumentar sua produção para 70 aviões em 2024. Isso na carona não só da importância do setor aeroagrícola para a produtividade nas principais lavouras do País (leia-se: produzir mais em alta escala, mas sem avançara fronteira agrícola). Mas, no caso do Ipanema, também devido ao apelo (econômico e ambiental) de seu motor movido a etanol. Além de outras características operacionais que o colocam em um nicho operacional importante.
Aliás, o Ipanema é responsável direto por cerca de um terço da frota aeroagrícola brasileira hoje ser movida a combustível verde. Trata-se de um projeto dos anos 1970, mas que está em sua sétima geração, com o modelo EMB-203 (lançado em 2015 e que teve algumas modificações na versão 2020). Além disso, desde 2004 o Ipanema sai de fábrica movido a etanol – a partir do modelo EMB 202A, que foi a primeira aeronave do mundo homologada para sair de fábrica movida a biocombustível.
Para completar, em dezembro a fábrica em Botucatu atingiu a marca de 1,6 mil aviões agrícolas produzidos desde os anos 1970. O que que fez o avião responder por mais de 50% da frota aeroagrícola brasileira. Aliás, a longevidade do projeto da Embraer contribuiu também para outra marca do modelo: o Ipanema aparece no topo da lista dos 10 modelos de aeronaves (aviões ou helicópteros) em maior número voando no Brasil em 2023. Isso segundo artigo publicado no final de 2023 na revista Aeroflap.
Septuagenária no país
A aviação agrícola existe há mais de 100 anos no mundo e é utilizada no Brasil desde 1947. E, desde os anos 1960, é a única ferramenta para o trato de lavouras com regulamentação específica (e ampla). Por isso, também a mais facilmente fiscalizável. Conforme estimativas do Sindag, atualmente entre 25% e 30% das aplicações em lavouras brasileiras são feitas por aeronaves – o que soma cerca de 100 milhões de hectares em todas as fases de manejo das plantações, em 24 Estados.
Com vantagens de evitar o amassamento (já que não roda no solo, sobre as plantas) e ter uma rapidez que lhe permite completar as operações antes de mudar a janela climática das aplicações (condições ideais de vento, umidade e temperatura – essenciais tanto para aplicações aéreas quanto terrestres). E outros fatores que fazem com que a aviação inclusive diminua a necessidade de produtos aplicados nas lavouras, gerando economia para o produtor.
Isso torna a aviação agrícola essencial para a produtividade dos principais culturas do País, como soja, milho, cana-de-açúcar, algodão e arroz. Influenciando também na pecuária, já que soja e milho entram na composição de 27% da ração de frangos, 30% na de (galinhas) poedeiras, 22% da alimentação de suínos, 22% também na suplementação de vacas leiteiras.
Além disso, pelo menos desde os anos 1990 o setor aeroagrícola atua praticamente todos os anos em operações de combate a incêndios florestais no País – prerrogativa que tem desde 1969. Tanto que, em 2021 (último levantamento feito pelo Sindag), aviões agrícolas lançaram quase 20 milhões de litros de água contra chamas em diversos Estados. Isso em operações envolveram em torno de 30 aeronaves, além de cerca de 45 pilotos e 40 profissionais de apoio nas bases. Uma força que também ajudou a garantir a segurança de centenas de brigadistas e voluntários nas equipes que atuaram em solo contra os incêndios.
Desde os anos 1990 a aviação agrícola também atua diretamente no combate a incêndios em reservas naturais e lavouras (Foto: Pachu Aviação Agrícola) |
O Sindag atualmente abrange mais de 200 empresas de aviação agrícola (cerca de 90% do mercado). O setor tem ainda em torno de 700 operadores privados (que são produtores rurais e cooperativas que têm seus próprios aviões ou helicópteros).
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