quinta-feira, 18 de maio de 2023

Hábito de pilotar avião grande pode ter levado a acidente com Marília Mendonça

Segundo o Cenipa, comandante pode ter reduzido a altura para dar mais conforto aos passageiros.

Avião que caiu em Caratinga, matando seis pessoas, incluindo a cantora Marília Mendonça,
ficou preso em uma cachoeira da região (Foto: Fred Magno/O Tempo)
Especialistas ouvidos pela reportagem ressaltaram que o relatório do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) sobre o acidente que vitimou a cantora Marília Mendonça e outras quatro pessoas tem o objetivo de prevenir novos acidentes. O intuito do órgão não é achar culpados para o ocorrido. A queda do avião ocorreu no dia 5 de novembro de 2021 em Piedade de Caratinga, no Rio Doce. O documento de 64 páginas foi divulgado nessa segunda-feira (15).

"As investigações não são para encontrar culpados ou causa, são para aumentar ainda mais a segurança operacional de voos”, explicou o bacharel em Ciências Aeronáuticas pela FUMEC, gestor de Segurança Operacional pela ANAC e coordenador de instrução de voo na VelAir Escola de Aviação Civil, Estevan Velasquez.

“Na aviação, a gente trabalha com segurança o tempo todo. Todas as partes envolvidas em um voo têm que fazer parte da contribuição para que sejam retirados do dominó. Nunca tem uma única causa, são vários fatores em dominó, que se tirar uma peça, você não vai ter o acidente, o dominó vai parar onde falta a peça. O risco existe, não adianta, risco é inerente a qualquer atividade. Por conta desse relatório final, as recomendações serão atendidas e vamos evitar que ocorra de novo algo da mesma forma. O relatório é uma melhora para a aviação”, disse.

Wagner Cláudio Teixeira, piloto com mais de 30 anos de experiência, advogado e primeiro secretário da Comissão de Direito Aeronáutico da OAB-MG, avaliou que os relatórios finais do Cenipa são sempre muito detalhados, mas que, em alguns casos, como o da Marília Mendonça que envolve aeronaves de pequeno porte a investigação pode ficar prejudicada. Isso porque, segundo Teixeira, aeronaves de pequeno e médio porte não possuem gravadores de voz e dados instalados. A apuração, então, deixa de lado alguns detalhes. “Mas as análises técnicas suprem, de alguma forma, essa ausência”, ponderou.

Experiência com aeronaves grandes

Outro ponto abordado pelos dois especialistas é de que a experiência do piloto com os padrões da aviação estabelecidos no RBAC 121, ou seja, para aviação comercial e aeronaves maiores, pode ter sido um dos fatores contribuintes no acidente. O Cenipa também concluiu desta forma.

Via Por Lucas Gomes (O Tempo)

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