terça-feira, 23 de março de 2021

GOL apresenta resultados do quarto trimestre de 2020 e prevê recuperação

737-800 pousando no Aeroporto de São Paulo/Congonhas (Foto: AirlineGeeks | João Machado)
Com a eclosão da pandemia COVID-19 no Brasil chegando ao final do primeiro ano, desta vez com o país em situação muito mais complicada, a GOL Linhas Aéreas - maior companhia aérea do país em tráfego doméstico - divulgou seus resultados financeiros do quarto trimestre de 2020.

A companhia aérea faturou 1,89 bilhão de reais (US$ 344 milhões), uma queda de 50,3% em relação ao mesmo período de 2019 no último trimestre antes da chegada do COVID-19 ao país. Como os custos operacionais caíram 28,9%, para 2,21 bilhões de reais, a companhia aérea registrou lucro negativo antes de juros e impostos - métrica usada para avaliar os resultados estritamente operacionais - de 319,2 milhões de reais. No geral, o prejuízo líquido do período foi de R$ 861,9 milhões.

A posição de liquidez da companhia aérea encerrou o trimestre na mais baixa das três principais companhias aéreas do Brasil, a 2,57 bilhões de reais. Ao final do período, a Azul Brazilian Airlines tinha 4,032 bilhões de reais de liquidez e a LATAM, como grupo, US$ 3 bilhões.

Após a corrida do ouro e grandes aumentos de capacidade no segundo semestre de 2020, a companhia aérea espera que o primeiro semestre de 2021 seja o pior da companhia em termos de liquidez e desempenho financeiro antes que a situação comece a voltar ao normal.

No Brasil, a situação de pandemia está pior do que nunca, com sistemas de saúde de vários estados entrando em colapso e as médias diárias de vítimas do COVID-19 crescendo de cerca de 350 em novembro para 2.200 na segunda quinzena de março. Isso levou os governos locais a liberar severas restrições de mobilidade em fevereiro, o que, em combinação com o desejo natural do público de ficar em casa, reduziu a demanda por viagens.

Recuperação Orientada por Vacinas


Em teleconferência trimestral com analistas, os principais executivos da GOL lamentaram o cenário de derretimento da demanda, mas afirmaram estar esperançosos de que o aumento da vacinação no país mude o jogo, sendo a vacinação completa dos idosos a chave para o fim do A crise. No início de março, o Ministério da Saúde do país esperava distribuir 30 milhões de doses de vacinas em março e 47,7 milhões em abril, segundo o G1.

“Nossa experiência nos diz que estamos provavelmente cerca de 60 a 90 dias atrasados ​​em relação ao que você está vendo acontecendo nos Estados Unidos”, disse o diretor financeiro da GOL, Richard Lark, referindo-se ao lançamento da vacina como uma solicitação de demanda aquecimento. “Eu posso dizer março onde você está, será maio onde estamos porque maio onde você está pode acabar voltando”.

O vice-presidente de Vendas e Marketing da GOL, Eduardo Bernardes, disse que há uma “grande probabilidade de julho ser muito mais forte do que estamos prevendo agora, supondo, como disse antes, que a população acima de 60 anos já estará imunizada”.

Até o dia 22 de março, segundo o G1, 5,58% da população brasileira já recebeu a primeira dose da vacina, sendo 1,96% totalmente vacinada. No entanto, neste mês, o processo começou a acelerar e todos os estados estão permitindo que os cidadãos mais jovens iniciem o processo. O estado de São Paulo, por exemplo, começará a vacinar pessoas entre 69 e 71 anos a partir de 27 de março.

O CEO da GOL, Paulo Kakinoff, deu uma ideia sobre o retorno das viagens corporativas, as mais valiosas para as companhias aéreas, mas o setor que mais sofreu durante o COVID-19.

“Um terço dos viajantes de negócios nunca parou de voar, mesmo durante a pandemia, e este é, eu diria, o nível de base que nunca muda”, disse Kakinoff. “O segundo grupo é formado por grandes corporações que têm políticas de recursos humanos que bloqueiam voos. Portanto, acredito que este é o grupo ao qual nos referimos [a] uma espécie de retomada quando a pandemia estiver sob controle ou provavelmente terminada.”

O outro terço mostra como, segundo a GOL, o COVID-19 pode ter mudado as viagens aéreas para sempre.

“E então você tem outra porção, talvez um terço, que eu acredito que dois terços disso, um terço, possivelmente vai demorar muito mais ou talvez até não volte”, disse ele. “Esses são os viajantes que vão substituir as viagens de negócios por uma das novas tecnologias, como videoconferências e esse tipo de coisa. Eu acredito que quando eu falar isso, teremos a partir do terceiro trimestre mais negócios [destes]. Então isso é retomar seus velhos hábitos, acredito que teremos em cima do atual um terço que ainda está viajando, seríamos outro terço, talvez 40 pontos percentuais acima dos 30% que ainda estão voando.”

Em relação à posição de liquidez da empresa, Lark teve um alerta, mais uma vez comparando o Brasil aos Estados Unidos e expondo as diferentes situações entre os dois países.

“Temos que ter muito cuidado ao preservar nossas ferramentas para acessar o capital responsável”, disse Lark. “Se precisarmos, podemos ir para isso. Mas, é claro, temos que ter cuidado e escolher nossos momentos porque teremos incidentes, se ficarmos sem essas coisas, não podemos ligar para nossos amigos em Washington DC e pedir que nos enviem US $ 15 bilhões, isso não irá acontecer."

Por João Machado (airlinegeeks.com)

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