quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Curativo inteligente protege aviões de pequenos impactos em voos

Mikhail Zheludkevich segura um frasco com várias 
nanopartículas que formam o revestimento inteligente

Nanopartículas mil vezes mais finas do que um fio de cabelo podem liberar moléculas capazes de reparar pequenas rupturas em aviões. Esse revestimento que funciona como uma pele é uma criação de cientistas da Universidade de Aveiro, de Portugal.

“Os aviões ficam expostos a ambientes agressivos, com chuvas de granizo e tempestades de areia, por exemplo. Isso pode gerar fissuras e corroer as estruturas em um processo que se propaga rapidamente”, disse a INFO o alemão Mikhail Zheludkevich, que liderou a pesquisa com o português Mário Ferreira.

As moléculas reparadoras são adicionadas às tintas tradicionais usadas durante a fabricação ou manutenção das aeronaves. “É possível passar o revestimento no avião inteiro ou nas zonas mais críticas, como no interior da aeronave, onde é mais difícil detectar as rupturas”, afirma Mikhail.

Uma vez aplicado, esse curativo a base de nanopartículas consegue reparar os impactos sempre que necessário. O revestimento aumenta a segurança e reduz os custos das manutenções. “A segurança, o desempenho e a durabilidade dos aviões podem ser significativamente melhorados em longo prazo", diz.

Segundo Mikhail, grandes fabricantes da indústria aeronáutica estão interessadas no produto, como a EADS, empresa proprietária da Airbus. “Além disso, o revestimento tem potencial para ser aplicado em outras estruturas, como carros e barcos”, disse Mário Ferreira.

E o revestimento não deve ficar restrito à Europa. Há projetos para que a tecnologia chegue ao Brasil no futuro. “Temos projetos em curso com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), da Universidade de São Paulo (USP) e com a Petrobrás”, afirmou Ferreira.


Em nota, a Universidade de Aveiro diz também que os cientistas trabalham na criação de outro revestimento inteligente que liberta uma solução fluorescente em volta de fissuras resultantes de impactos mecânicos ocorridos durante a montagem, por exemplo. Estas falhas no avião muitas vezes têm tamanhos microscópicos, mas são altamente perigosas se não forem concertadas em tempo, já que podem aumentar durante o voo.

Fonte: Vanessa Daraya, de INFO Online - Foto: Universidade de Aveiro