O acidente com o avião da Spanair que em 20 de agosto de 2008 matou 154 pessoas, em Barajas, Madrid, deveu-se à "distração dos pilotos" e à insegurança da aeronave.
O relatório entregue ao juiz Juan Javier Pérez contém 96 conclusões que, para além de culpar o fabricante de aeronaves (Boeing) e pilotos (ambos morreram).
Antes de partir, quando já se encontrava na pista de decolagem, o avião registrou um aquecimento excessivo do aquecedor da sonda RAT, que mede a temperatura exterior, e teve de regressar ao terminal para ser examinado.
Os mecânicos abriram o disjuntor do circuito elétrico e despacharam a aeronave, seguindo os guias técnicos. Mas fizeram-no mal: "o pessoal da manutenção não chegou a identificar a causa da avaria e despachou o avião incorretamente, apoiando-se no ponto 30.8 da MEL", ou seja, os mecânicos cumpriram os procedimentos mínimos exigidos por um manual "que está escrito de uma forma que induz em erro ou incerteza na atuação da manutenção, em relação à forma como se deve atuar no que respeita a avarias de aquecimento da sonda RAT em terra".
Esta conclusão consta do relatório dos peritos ao qual o jornal espanhol El País teve acesso. O mesmo documento aponta para a "existência de várias causas que deram lugar, simultânea e sequencialmente" ao desastre. De acordo com o jornal, algumas dessas causas já tinham sido apontadas no relatório preliminar da Comissão de Investigação de Incidentes e Acidentes de Aviação Civil (CIAIAC): os pilotos não estenderam os flaps, não realizaram corretamente as listas de verificação, o sistema de aviso TOWS falhou e "não alertou a tripulação de que a configuração a decolagem não era a adequada".
Por seu lado, o os peritos apontam o dedo ao fabricante e às autoridades de supervisão da segurança na aviação. Estes lembram que "a história de acidentes originados pela configuração inadequada para a decolagem (flaps/slots recolhidos) não tinha dado lugar, até à data do acidente do JK5022, a medidas corretoras adequadas e suficiente por parte das autoridades aeronáuticas (espanhola, europeia e dos EUA) nem do fabricante do avião [Boeing] para resolver o problema".
A empresa alega que seus técnicos de manutenção 'agiram corretamente' para reparar a falha detectada no teste da sonda RAT, informou a Agência de Notícias EFE.
Fontes: Diário de Notícias (Portugal) / Site Desastres Aéreos - Foto: EFE
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