quarta-feira, 4 de março de 2009

Aeroporto de Confins leva bomba na acessibilidade

Técnicos verificaram que bancadas e outras instalações do terminal aéreo são altas demais para cadeirantes

Inspetores da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) iniciaram na terça-feira um pente-fino de quatro dias no Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e já constataram problemas. Durante as vistorias, que ocorreram durante a manhã e a tarde, o maior terminal de Minas levou bomba na acessibilidade para portadores de deficiência. A Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero) e as companhias aéreas serão notificadas a corrigir as irregularidades, sob risco de multa.

Os trabalhos integram o Programa de Inspeção Aeroportuária 2009, que é feito a cada dois anos nos aeroportos internacionais. Até a sexta-feira, 10 técnicos do Rio de Janeiro, divididos em equipes, vão verificar as condições de infra-estrutura, segurança e atendimento de usuários, fora o funcionamento do setor de cargas e a oferta de serviços e facilidades. Uma dupla de vistoriadores constatou a falta de rampas de acesso entre as vagas de estacionamento reservadas para os portadores de necessidades especiais e a área de check-in. “Eles têm de subir degrau para chegar ao saguão”, comentou Renato Trindade Sampaio, citando outras deficiências.

Nos banheiros, as pias e bancadas são altas demais para cadeirantes. Exceto a Gol Linhas Aéreas, nenhuma empresa tem balcão apropriado para atendê-los. Esta última falha já havia sido constatada em outubro de 2007, quando os inspetores estiveram em Confins pela última vez. Mesmo assim, não houve mudanças na estrutura, a despeito de os investimentos necessários serem baixos. A Anac informou que não houve punição, pois a verificação das providências ficou para a fiscalização iniciada terça-feira.

A previsão é de que um relatório com o resultado das vistorias seja concluído em 60 dias e encaminhado à empresa que administra Confins. Sampaio explica que, caso as irregularidades não sejam sanadas, a legislação prevê a autuação dos responsáveis. A agência não informou o balanço das atividades de terça-feira, mas pode haver mais problemas, já que vários setores do terminal estão em avaliação.

Inspeção geral

Fora as condições de desembaraço dos passageiros, que incluem a acessibilidade, os inspetores checam se a pista não tem trincas e a sinalização está em bom funcionamento. Outros aspectos são o controle da entrada de objetos e eventuais interferências nos pousos e decolagens. No terminal de cargas, a separação entre materiais perigosos e os demais é obrigatória. O conforto e as facilidades oferecidas aos viajantes também entram na lista. Vale checar se o ar-condicionado e o sistema de som funcionam, além de avaliar se o pool de lojas e serviços atende as necessidades do público.

Nesta quarta-feira, dois vistoriadores partem para os escritórios das empresas aéreas. Um dos objetivos é verificar se os procedimentos de embarque e desembarque são adequados. Pelas regras da Anac, os deficientes são os primeiros a entrar e os últimos a sair do avião. Consultada terça-feira, a Infraero informou que o superintendente de Confins, Willer Larry Furtado, não falaria sobre a inspeção.

Pampulha

O aeroporto da Pampulha pode receber autorização da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para voltar a operar, ainda neste semestre, voos com aeronaves acima de 50 assentos em trechos longos. A diretoria da Anac analisa a revogação da Portaria 993, de setembro de 2007, que estabelece critérios de uso dos aeroportos em áreas de controle terminal (TMA) de Belo Horizonte. Decisão semelhante foi anunciada terça-feira pela agência, que confirmou a revogação da Portaria 187, que restringia operações no aeroporto Santos Dumont, no Rio, para aviões de até 50 assentos e para ponte aérea. A decisão deve ser publicada no Diário Oficial da União até sexta-feira, quando começa a vigorar. A mudança, que atende interesses das companhias aéreas, causou insatisfação ao governador do Rio, Sérgio Cabral, por acreditar que o uso do Santos Dumont vai esvaziar o aeroporto do Galeão. Em agosto, audiência na Assembléia Legislativa de Minas criticou a retomada de operações de aeronaves de maior porte na Pampulha, o que foi considerado um retrocesso.

Fonte: Fábio Fabrini (Estado de Minas) - Foto: Jair Amaral (EM/D.A Press)

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