Em novembro, 17% das aeronaves que passaram pelo aeroporto de Rio Preto tiveram de fazer o procedimento de emergência
Dos seis aeroportos com voos regulares administrados pelo Daesp, o de Rio Preto (foto acima) é o campeão com toques de arremetidas de aeronaves.O toque de arremetida é um procedimento de emergência que o piloto faz para retomar o voo quando detectado falhas no procedimento do pouso ou quando o piloto não tiver referencia visual por causa do mau tempo.
Em muitos casos o piloto também precisa arremeter voo quando a pista está com água acumulada.
A arremetida pode ocorrer ainda em vôo ou após a aeronave ter tocado a pista.
Segundo o Daesp (Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo), dos 1.242 aviões que passaram pela cidade em novembro, 17% arremeteram.
O índice foi ainda maior em outubro, quando 30% dos 1.335 voos tiveram de fazer o procedimento.
Três empresas operam em Rio Preto com voos comerciais para seis destinos.
O aeroporto de Marília está em segundo lugar com o maior número de arremetidas em novembro. Foram 1.113 voos, sendo que 10% deles arremeteram.
Em Ribeirão Preto, das 2.993 aeronaves, 9,8% fizeram o procedimento.
No aeroporto de Presidente Prudente, 6,9% dos 1.073 voos arremeteram.
Em Araçatuba foram 744 voos. Desses, 4,3% tiveram de arremeter.
Bauru teve o menor índice de toques, com 3,4% de arremetidas em 786 voos.
No dia 8 de dezembro, um avião da TAM que vinha de São Paulo a Rio Preto precisou arremeter por causa do mau tempo. Estava chovendo muito e a aeronave teve de descer em Campinas.
Os passageiros tiveram de ficar dentro do avião por uma hora e meia.
Jogo de empurra
Por telefone, o BOM DIA entrou em contato com o Daesp para saber por quais motivos o índice de arremetidas em Rio Preto é alto. A assessoria de imprensa do órgão informou que o assunto deveria ser tratado no aeroporto do município.
No setor administrativo do aeroporto de Rio Preto ninguém quis comentar sobre o assunto.
Área do novo aeroporto será definida em março
A área para a construção de um novo aeroporto em Rio Preto será definida em março. O local está sendo estudado pela empresa Planway Engenharia e Consultoria, de São Paulo, que foi contratada pela Prefeitura de Rio Preto.
De acordo com Orlando Bolçone, secretário de Planejamento, o objetivo é construir um aeroporto internacional de cargas.
Bolçone afirma que a área deverá ser em um local alto, com proximidade e acesso as rodovias e em uma região onde não há aterros sanitários. A obra deve custar cerca de R$ 50 milhões.
“Já estamos pensando na economia da cidade para 2030 e 2040. Um aeroporto internacional de cargas vai estimular a economia.”
O secretário afirma que o aeroporto de Rio Preto é um dos mais seguros do estado. “São 1,7 mil metros de pista enquanto a de Congonhas, tem 1,6 mil metros”, disse Bolçone.
Após a conclusão do estudo, a prefeitura vai tentar conseguir recursos nos governos estadual e federal.
Bolçone afirma que o atual aeroporto tem condições para atender voos internacionais, mas para que isso ocorra, o governo federal precisa ter no local unidades dos ministérios da Fazenda e da Agricultura, da Vigilância Sanitária e da Polícia Federal. “Isso requer altos investimentos”.
De setembro a novembro a movimentação de transporte de cargas em Rio Preto foi a maior entre os 30 aeroportos do interior que são administrados pelo Daesp. Foram 157,5 mil quilos.
Barulho de aeronaves incomoda moradores
O ruído das turbinas das aeronaves durante pouso e decolagem é o que mais incomoda os moradores dos bairros Vila Aeroporto, Jardim Alvorada e Alto Rio Preto.
Alguns dizem que não conseguem dormir antes do último voo, que pousa por volta 22h30. É o caso da aposentada Nair Joana Moretti, 71 anos, que tem medo de um acidente acontecer nas proximidades.
“Sempre que estou na calçada observo os aviões. Já ouvi muitos ruídos estranhos e rezo todos os dias para que nada aconteça.”
O autônomo Sebastião Ruiz, 52, mora na Vila Aeroporto há três anos e afirma que escuta barulho de aviões arremetendo. “Esse barulho é o único que me incomoda e preocupa. Tenho medo de explosões e quedas de aviões.”
Sebastião diz que aprendeu a conviver com o medo, mas gostaria de mudar de bairro. “Gosto daqui, mas seria bom poder dormir sossegado sem se preocupar com qualquer coisa”.
Fonte: Janaina de Paula (Agência Bom Dia) - Foto: GustavoSJP
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