Com o sucesso na fabricação da primeira turbina nacional, a empresa de engenharia Polaris já deu o passo seguinte no projeto. No mês passado, o grupo conseguiu aprovação de R$ 4,6 milhões da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) para a construção de mais três turbinas.
De acordo com o tenente-coronel da Aeronáutica Francisco Domingues, o objetivo é testar a capacidade e os possíveis problemas que o equipamento pode oferecer. Como até o ano passado o grupo só tinha uma turbina, não era possível atingir a potência máxima esperada, para não correr o risco do equipamento quebrar.“Vamos testar até que ponto ela aguenta, quais as probabilidades de apresentar problemas e o que fazer quando surgirem”, explica Domingues. Aliás, a experiência dele será muito importante neste ponto. O engenheiro atuava exatamente na manutenção de motores e turbinas de aviões.
Com a verba, ele explica que será possível construir um laboratório, além de desenvolver as três turbinas. A unidade será erguida dentro da Universidade do Vale do Paraíba (Univap), que vai “incubar” a empresa. “Provamos que é possível construir uma turbina no Brasil. Ela não é sofisticada, não possui tecnologia refinada, mas isso é obtido com o tempo”, diz. Agora, a empresa busca a certificação da turbina, que deve demorar mais alguns anos.
Porém, o futuro é ainda mais promissor. Com o desenvolvimento da turbina nacional, o governo já acenou com a possibilidade de investir na fabricação em série do equipamento. E esse é o caminho que a empresa deseja seguir. De acordo com Domingues, a ideia é que a planta seja construída dentro do CTA. Dessa forma, ficaria protegida de investidas internacionais contrárias, uma vez que o País entraria num patamar seleto de cinco países que possuem a tecnologia para a construção desse tipo de turbina.
O equipamento seria empregado em aviões com motores turboélice, como o Bandeirantes e o Tucano. Domingues adianta que a proposta é criar turbinas para aviões não-tripulados que vão monitorar a fronteira do País. “O mercado é dominado por apenas quatro empresas estrangeiras. Se pudermos construir o turboélice, ele poderá ser empregado para o uso militar. Aí passa a ser estratégico, já que não dependeríamos de fornecedores estrangeiros”, observa. “Além disso, criaria toda uma cadeia de geração de empregos diretos e indiretos”, observa.
Atualmente, as turbinas que equipam as aeronaves nacionais são fornecidas por empresas estrangeiras, como a canadense Pratt & Whitney, a francesa Turbomeca, a americana General Elétric e a inglesa Rolls Royce.
Fonte: Lígia Ligabue (Jornal da Cidade) - Foto: Polaris Engenharia
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