Máquina é a única no mundo a simular condições enfrentadas em um voo para avaliar possíveis desgastes nas peças, viabilizando aperfeiçoamentos.
Professor José Alexander Araújo, do Departamento de Engenharia Mecânica da UnB, é coordenador da pesquisa (Foto: Finatec/Divulgação via Secom UnB) |
Professores da Universidade de Brasília projetaram um equipamento para realizar sofisticados ensaios que simulam, em ambiente de laboratório, condições extremas às quais a conexão entre pás e discos de turbinas de motores de aviões é submetida durante um voo. A máquina é única no mundo.
Com os experimentos realizados ali, os pesquisadores buscam avaliar a resistência das peças ao aparecimento de fissuras causadas pela fadiga do metal na interface pá-disco. A partir dos resultados, é possível focar em melhorias para aumentar a segurança das peças e diminuir seu peso, aumentando a eficiência do motor. As pesquisas são financiadas pela Safran, gigante do setor industrial francês que fabrica motores a jato para aviões e helicópteros.
Coordenado por José Alexander Araújo, professor do Departamento de Engenharia Mecânica da UnB, o trabalho consiste não apenas em testar as peças metálicas retiradas do próprio disco da turbina, mas também em desenvolver modelos matemáticos que sejam capazes de prever a durabilidade das turbinas para uma operação segura, ou seja, antes do aparecimento de uma trinca.
A quebra da pá ou do disco pode ser fatal para a segurança dos passageiros, pois as partes rompidas podem perfurar o sistema hidráulico da aeronave ou mesmo sua fuselagem. Em 2018, a imprensa divulgou detalhes de um acidente desta natureza. No episódio, ocorrido nos Estados Unidos, um estilhaço da pá desprendeu-se e quebrou uma janela da aeronave. Uma passageira morreu após ter parte do corpo sugada para fora durante o voo.
Testes foram feitos em 26 peças. Pesquisa de ponta contribui para segurança de motores de aeronaves (Foto: Finatec/Divulgação via Secom UnB) |
“Trata-se de pesquisa de alto nível, cara, mas com resultados vitais para o projeto e para segurança do motor da aeronave. Não seria possível de ser desenvolvida sem essa parceria entre Universidade, fundação de apoio e empresa. Só as peças para os testes custam aproximadamente R$ 38 mil cada. Ensaiamos 26 peças destas nos últimos dois anos. Além disto, para construir o equipamento de testes desenvolvido na UnB, houve investimentos da ordem de R$ 3 milhões. Assim, são os cérebros da universidade pública associados aos investimentos captados juntos ao setor privado nacional e internacional e uma moderna e competente gestão administrativa do projeto por meio de uma Fundação de apoio privado como a Finatec, que são a receita do sucesso para uma pesquisa aplicada de ponta”, ressalta o professor Araújo.
O pesquisador também avalia o impacto de um projeto dessa natureza para a reputação da pós-graduação da UnB. “Este projeto demonstra que fomos identificados por uma gigante do setor aeronáutico mundial como um dos laboratórios líderes na produção de conhecimento e tecnologia nesta área. Isso resulta em forte internacionalização da Universidade, com presença de alunos e cientistas franceses em nossa pós-graduação. Isso põe o Departamento de Engenharia Mecânica da UnB no mapa dos grandes, em nível internacional.”
Questionado sobre o papel da Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec) neste processo, o professor Araújo resume como vital. “É a Finatec e seus excelentes quadros técnicos que cuidam de forma célere de todas as importações, compras e prestações de conta do projeto. Isso nos dá o tempo e a tranquilidade necessária para nos concentrarmos na atividade fim: a produção do conhecimento e a formação dos cientistas.”
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