Avião levava 16 pessoas quando uma pane elétrica obrigou o piloto a fazer um pouso forçado em Boituva (SP) na quarta-feira (11); dois passageiros morreram. Aeronave é a mesma envolvida em um acidente que matou o paraquedista Alex Adelmann, durante um salto, em 2012.
O avião Cessna 208 que fez um pouso de emergência e provocou as mortes de dois paraquedistas na zona rural de Boituva (SP), na tarde de quarta-feira (11), já tinha se envolvido em outro acidente aéreo com vítima em junho de 2012.
De acordo com a Associação de Paraquedistas de Boituva, a aeronave decolou com 16 pessoas do Centro Nacional de Paraquedismo (CNP), mas teve uma pane elétrica e o piloto precisou fazer um pouso forçado na área rural da cidade (veja abaixo quem são as vítimas).
Conforme apurado pelo g1, o avião é o mesmo envolvido em um acidente que matou o paraquedista Alex Adelmann, de 33 anos, durante um salto, há dez anos.
Na época, foi constatado que o atleta foi atingido na nuca pela asa da aeronave logo após saltar no Centro Nacional de Paraquedismo (CNP), segundo o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). Uma câmera acoplada ao capacete da vítima registrou o momento do impacto.
Paraquedista Alex Adelmann foi atingido pela asa do avião durante salto em Boituva (Foto: Arquivo pessoal) |
O presidente da Associação de Paraquedistas de Boituva (APB), Marcello Costa, contou que, apesar do histórico, a aeronave apresentava bom estado de conservação e estava autorizada a realizar o transporte dentro da unidade.
Em nota, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou que a aeronave de marca PT-OQR estava com Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade (CVA) em dia, ou seja, apta para realizar voos, de acordo com informações do Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB).
A Anac disse ainda que, na configuração aprovada para o transporte de passageiros, a capacidade da aeronave é de até nove passageiros. No entanto, no caso da configuração para o lançamento de paraquedistas, em que são removidos os assentos, a avaliação da capacidade é feita pelo peso máximo de decolagem.
Com isso, "a aeronave pode realizar a operação de lançamento de paraquedistas com quantidades superiores a nove pessoas a bordo, limitada ao peso máximo de decolagem de 3.629 quilos", conforme a agência.
Pouso de emergência
A aeronave decolou com atletas do Centro Nacional de Paraquedismo (CNP) no início da tarde de quarta-feira, mas teve uma pane elétrica e o piloto precisou fazer um pouso forçado.
A Associação de Paraquedistas de Boituva informou que 16 pessoas estavam a bordo da aeronave, sendo que 12 foram socorridas e levadas para hospitais da região e duas delas morreram. Quatro pessoas não precisaram de atendimento médico.
Avião caiu em Boituva, no interior de SP (Foto: Polícia Militar/Divulgação) |
O CNP é um espaço com 99 mil metros quadrados que promove aproximadamente 20 mil saltos por mês. De acordo com a Prefeitura de Boituva, é o local onde mais se salta de paraquedas no mundo.
De acordo com um paraquedista que estava no avião, a aeronave tocou três vezes o solo antes de tombar e ficar com as rodas para cima.
Rafael Gonzales Alves contou que os atletas ficaram sabendo da situação de emergência, mas chegaram a pensar que conseguiriam pousar em segurança antes da aeronave atingir um barranco na área rural e virar de cabeça para baixo.
"O primeiro toque ao solo foi um pouco mais forte. Por causa da desaceleração, a gente sentiu. O segundo foi mais tranquilo, tanto que a gente comemorou na aeronave: 'deu bom, vai ficar tudo bem'. Só que, no terceiro toque, tinha uma estrada vicinal e um talude, um barranco. Então, a roda do trem de pouso bateu nesse talude e fez uma alavanca com a aeronave", lembra Rafael.
Quem são as vítimas
Os passageiros que morreram foram identificados como André Luiz Warwar, de 53 anos, e Wilson José Romão Júnior, de 38.
André era funcionário da área de tecnologia da TV Globo e dirigia filmes. Era também um paraquedista experiente. Em 2017, ele lançou seu primeiro longa-metragem, o filme "Crime da Gávea".
Vítimas foram identificadas como André Luiz Warwar, de 53 anos, e Wilson José Romão Júnior, de 38, em Boituva (SP) (Fotos: Arquivo pessoal) |
O que diz a FAB
Em nota, a Força Aérea Brasileira (FAB) informou que investigadores do Cenipa foram acionados para realizar a ação inicial da ocorrência em Boituva.
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Conforme a FAB, na ação inicial, "são utilizadas técnicas específicas, conduzidas por pessoal qualificado e credenciado, os quais realizam a coleta e confirmação de dados, a preservação de indícios, a verificação inicial de danos causados à aeronave, ou pela aeronave, e o levantamento de outras informações necessárias ao processo de investigação".
A FAB ressaltou que o objetivo das investigações realizadas pelo Cenipa é prevenir que novos acidentes com características semelhantes ocorram.
Nota de pesar
A Prefeitura de Boituva emitiu uma nota lamentando o acidente. Segundo a administração municipal, o avião pertence à empresa de Serviço Aéreo Especializado "Skydive4Fun", instalada no Centro Nacional de Paraquedismo (CNP).
O município informou ainda que duas reuniões foram realizadas recentemente na Prefeitura de Boituva sobre o protocolo de atendimento de segurança, adoção de procedimentos e melhorias na gestão, estrutura e operação das atividades no CNP.
Também por meio de uma nota oficial, o CNP lamentou o ocorrido e prestou apoio aos familiares e amigos dos atletas que perderam a vida no acidente, bem como com os que sofreram ferimentos e estão sob cuidados médicos.
O CNP afirmou ainda que "esta é a primeira vez que enfrentamos um acidente com paraquedistas a bordo de uma das aeronaves que nos prestam serviços. O momento é de tristeza, união e solidariedade, no aguardo das investigações, para que sejam identificadas as causas do acidente".
Por Júlia Nunes e Rafaela Zem, g1 Itapetininga e Região
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