segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Acidente com avião da Gol completa três anos sem punição

Ao menos 38 famílias de vítimas lutam por indenizações na Justiça

O voo 1907 da Gol se despedaçou e partes foram encontradas em uma mata em Peixoto de Azevedo (MT). O Legacy conseguiu pousar em uma base na serra do Cachimbo (PA)

O acidente com o Boeing da Gol que matou 154 pessoas completa três anos na próxima terça-feira (29) sem que ninguém tenha sido punido pela tragédia. Ao menos 38 famílias de vítimas ainda não foram indenizadas.

Uma aeronave Legacy, da empresa americana de táxi aéreo ExcelAire, bateu no avião da Gol, que fazia o voo 1907. O Legacy conseguiu pousar em uma base na serra do Cachimbo (PA). Partes do Boeing foram encontradas em uma mata em Peixoto de Azevedo (MT).

Investigações da Aeronáutica e do Ministério Público Federal apontaram falhas dos americanos Joseph Lepore e Jan Paul Paladino, que pilotavam o Legacy. A Justiça brasileira livrou os pilotos de condenação por negligência [descuido durante o voo], mas eles ainda respondem a acusação pelo crime de atentado contra a segurança no transporte aéreo.

Procurada pelo R7, a defesa dos pilotos respondeu a acusações feitas por perito contratado pela família. O advogado Theodomiro Dias disse que Lepore trabalha na ExcelAir e Paladino, na American Airlines.

A associação de parentes das vítimas diz que 116 famílias fecharam acordos de indenização com a Gol. As outras não aceitaram o valor proposto. Dos 38 parentes não indenizados, 23 movem processos nos Estados Unidos contra a ExcelAire e os pilotos. Eles apelaram à Corte americana para que as ações sejam julgadas naquele país. Outras 15 famílias não aceitaram valor oferecido pela Gol e processam a companhia aérea e os pilotos no Brasil por danos morais e materiais.

Nove delas pedem que as indenizações sejam baseadas no valor do seguro da aeronave, que vale entre US$ 750 milhões e US$ 1 bilhão. O valor foi dito pelo presidente da Gol, Nenê Constantino, na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Apagão Aéreo, em maio de 2007.

A advogada Melina Silva Galvanin defende que, por danos morais, as famílias recebam mais que 500 salários mínimos (R$ 232,5 mil), soma considerada limite pela Justiça brasileira. Ela diz que a empresa oferece no máximo 350 salários mínimos (R$ 139,5 mil). O R7 procurou a Gol, mas a empresa não respondeu.

Fonte: Carolina Farias e Ana Letícia Leão (R7) - Fotos: Peixoto de Azevedo (AE)

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