O segmento de aviação executiva, que opera com aeronaves de menor porte, trabalha com a possibilidade de perder espaço em Congonhas a partir da entrada da Aena, operadora espanhola que venceu o leilão da concessão do aeroporto paulistano, realizado em agosto deste ano. Se isso ocorrer de fato, a aviação comercial, que opera aviões de grande porte, terá mais espaço em Congonhas.
A projeção não tem relação com o acidente do último domingo, quando um avião de pequeno porte bloqueou a pista principal por quase 9 horas, causando o cancelamento de mais de 320 voos. A perda de espaço em Congonhas já era um temor do setor de aviação executiva — que tentou, por meio de liminares, barrar a licitação.
As empresas do setor que operam em Congonhas têm contratos que vencem entre 2025 e 2027. A preocupação dos grupos é que, depois disso, a Aena priorize a aviação comercial, que é mais rentável.
A Aena ainda não assumiu o contrato de Congonhas e dos outros 10 aeroportos conquistados. A assinatura, em geral, leva de quatro a seis meses (ou seja, seria entre dezembro e fevereiro), segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Depois, há um período de transição de três a quatro meses.
O Valor questionou a Aena a respeito de sua visão sobre a retirada de aviões menores em Congonhas, mas a empresa disse em nota que, por não ter assumido, não poderia responder pelo aeroporto.
A Abag (Associação Brasileira de Aviação Geral), que na última semana se reuniu com a Aena para apresentar seus planos, trabalha com a expectativa de ter “uma construção colaborativa”, afirmou o diretor-executivo Flavio Pires. Ele defendeu que o caos aéreo gerado pelo acidente não pode ser atribuído à presença da aviação executiva no aeroporto, e que o episódio releva a “fragilidade do sistema”.
Antes do leilão de Congonhas, as empresas de aviação executiva tentaram incluir no edital uma “reserva de espaço”, mas não tiveram sucesso. À época, o governo argumentou que a nova concessão não levaria à expulsão das empresas.
O aeroporto de Congonhas tem capacidade máxima de 55 slots (pousos ou decolagens) por hora. Mas há uma “margem de segurança”, caso condições climáticas impactem a operação. Por isso foi fixado o limite de 44 slots para voos regulares. Os demais onze horários excedentes são os chamados “slots de oportunidade”, que deverão ser destinados à aviação geral.
Depois de um caos que se estendeu por dois dias em Congonhas, a operação já estava perto da normalidade na terça-feira, informaram Gol, Latam e Azul. Como forma de ajudar a escoar os voos, a Infraero ampliou o horário de funcionamento do terminal. Do domingo para segunda a operação foi até uma da manhã. Na segunda-feira os voos foram operados até meia noite — normalmente, o aeroporto é fechado às 23h.
No domingo, por volta das 13h35, o pneu de um Learjet 75 estourou durante o pouso e impediu a continuidade da operação do terminal até por volta de 22h. O avião da empresa Supermix Concreto transportava cinco pessoas e não houve feridos.
Via Valor Econômico - Foto: Divulgação/Aeroporto de Congonhas
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