Alguns modelos atingem até 5,5 mil metros de altitude, voam a 200 km/h e podem inspecionar uma região antes de realizar um ataque.
Destroços de um Shahed-136, rebatizado de Geranium-2, em Odessa, na Ucrânia (Foto: Armed Forces of Ukraine / AFP) |
No início de setembro, as forças da Ucrânia relataram ter abatido o primeiro drone "kamikaze" de fabricação iraniana utilizado pela Rússia. Embora o Irã negue que forneça os equipamentos ao exército russo, alegando neutralidade na guerra, o jornal norte-americano Washington Post reportou a primeira entrega em agosto. Para evitar inserir o país aliado diretamente no conflito, a Rússia teria repintado os drones e os renomeado como Geranium 2. Até agora, a Ucrânia informou ter abatido dezenas deles, incluindo um a 80 quilômetros de Kiev.
Os drones kamikaze receberam este apelido em referência aos soldados japoneses que sacrificavam as próprias vidas em ataques suicidas, durante a Segunda Guerra Mundial. Os pilotos da "Unidade de Ataque Especial" eram instruídos a "jogar" as aeronaves contra navios dos Estados Unidos.
A diferença no caso dos drones é que não é necessário sacrificar a vida de piloto algum. O equipamento, operado remotamente, é leve, barato, voa em baixas altitudes e tem a capacidade de inspecionar uma região antes de atacar. Alguns modelos, como o iraniano Mohajer-6, podem atingir até 5,5 mil metros de altitude, voar a 200 km/h e carregar bombas aéreas para serem disparadas.
Além disso, como são destruídos no processo, dificultam a identificação, pelo exército inimigo, da tecnologia empregada. Os custos de produção, em média abaixo de US$ 20 mil por unidade, também são muito inferiores ao valor necessário para produzir qualquer outro avião de combate convencional.
As limitações do armamento, por outro lado, são o poder destrutivo relativamente baixo, uma vez que a carga explosiva para realizar o ataque é pequena, e o uso de GPS comercial, o que pode comprometer a capacidade de navegação e tornar o drone sujeito a bloqueios de sinal.
O uso dos drones kamikaze não chega a ser novidade em conflitos, ocorrendo desde meados dos anos 1980. O uso de "veículos aéreos não-tripulados" já ocorreu nas duas guerras mundiais do século 20, mas com o controle ocorrendo por meio de ondas de rádio.
A Rússia tem utilizado os drones em um momento em que há pouco pessoal disponível — ou disposto — a lutar na Ucrânia e de grandes perdas de equipamentos militares, segundo informações das inteligências ocidentais.
Segundo informou uma autoridade americana, sob condição de anonimato, ao Washington Post, em agosto, o acordo entre Rússia e Irã determinou que especialistas técnicos iranianos viajassem para a Rússia para ajudar a configurar os sistemas, e oficiais militares russos passaram por treinamento no Irã para manusear os drones.
Segundo o vice-chefe do Departamento Operacional Principal do Estado-Maior ucraniano, general de brigada Oleksi Hromov, até o momento a Ucrânia conseguiu abater cerca de 60% dos Shahed-136, um dos modelos usados pela Rússia, lançados pelas tropas inimigas na invasão. Ele afirma também que Moscou já usou ao menos 86 desses drones. Segundo o Instituto para Estudo da Guerra, a Rússia não está utilizando estes equipamentos diretamente no front — atualmente concentrado no Leste e no Sul.
Via GZH
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