quarta-feira, 4 de maio de 2022

ANAC quer simplificar critérios para manutenção de aeronaves


"Sempre estivemos preparados e com planos de ação disponíveis para iminências que podiam vir a acontecer nas aeronaves. Medidas visam aprimorar procedimentos sem abrir mão da segurança operacional. No mundo, o risco de fatalidade segue inalterado nos últimos cinco anos em 0,13", segundo a Associação Internacional de Transporte Aéreo.

As Organizações de Manutenção Aeronáutica (OMA), parte essencial na segurança de voo, têm até o dia 6 de maio para participar da pesquisa da Agência Nacional de Aviação (ANAC) sobre novos critérios para as autorizações concedidas. A ideia é desburocratizar o setor de aviação civil brasileiro ao identificar e validar possíveis abordagens que poderão ser utilizadas nos processos de inclusão de novos serviços voltados para a manutenção de aeronaves.

A medida busca simplificar critérios sem afetar a diminuição dos níveis de segurança operacional. Relatório da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), divulgado em 2021, revela os efeitos do bom planejamento e supervisão de manutenção para a segurança nos ares. Comparando o número total de acidentes entre 2019 e 2020, a redução foi de 27%. Já o risco de fatalidade permaneceu inalterado nos últimos cinco anos em 0,13. Isso significa, segundo a pesquisa, que uma pessoa teria que viajar de avião todos os dias, durante 461 anos, antes de sofrer um acidente com pelo menos uma fatalidade. Em casos de acidente 100% fatal, seriam 20.932 anos voando todos os dias para se chegar a esse risco.

Para o técnico de manutenção de aeronaves, Rogério Batista dos Santos, a garantia desses processos operacionais, bem como em todas as outras áreas dentro de uma empresa aérea, faz com que a aviação civil seja extremamente segura e possa transmitir a sensação de tranquilidade para seus usuários.

“A cada pouso, a aeronave é recebida por um mecânico especializado, que efetua uma inspeção visual do veículo, chamado walking around, com um olhar extremamente técnico em busca de anomalias. Após essa etapa, ele autoriza que todos os veículos de serviço do aeroporto possam efetuar suas tratativas, que são os caminhões de abastecimento, de catering (alimentação) e carretas variadas para serviços de envio das malas à área determinada”, disse.

Depois do pouso, também é obrigatório, segundo ele, o contato imediato com o comandante e o copiloto, em busca de alguma nova ocorrência ou falha registrada no livro técnico da aeronave. Em caso positivo, iniciam-se os trabalhos da equipe de manutenção. Em último caso, quando o problema estiver fora do alcance desses profissionais, são acionados os manuais de manutenção de aeronaves disponibilizados pelos fabricantes. Neste momento, o mecânico faz contato com um setor considerado essencial e decisivo, que é o Maintenance Controller Center (MCC), que significa Centro de Controle de Manutenção.

“Nesta ocasião, uma equipe altamente especializada tem acesso direto à engenharia do fabricante da aeronave para determinar, em conjunto com a engenharia da empresa aérea, qual a melhor ação a ser tomada, uma vez que exista a possibilidade de esta ação não estar disponível nos manuais do projeto da aeronave”, explicou o especialista, que já foi supervisor do MCC de uma grande empresa aérea.

Medo de voar afeta três em cada 10 brasileiros


Embora exista todo um protocolo rígido de segurança, muitas pessoas ainda temem escolher o avião como seu meio de transporte favorito. Pesquisa do instituto Real Time Big Data, encomendada por uma emissora de TV, revela que três em cada dez brasileiros têm medo de voar. O momento da decolagem foi considerado como o mais tenso para 24% dos entrevistados, seguido das turbulências (25%) e do pouso (15%).

Com experiência de mais de dez anos na área de planejamento e supervisão de manutenção, Santos esclarece que as aeronaves modernas e de última geração, como o Airbus A320, por exemplo, possuem três computadores de gerenciamento, que processam códigos e dados e produzem indicações visuais, avisos sonoros e instruções diretamente para a tripulação.

Em caso de falha em dois destes computadores, a aeronave fica em solo impossibilitada de efetuar novo voo até que haja garantida a condição mínima do manual do fabricante para essa prática. E que, em um cenário como esse, as empresas aéreas substituem os computadores inoperantes, evitando novas paralisações e levando à condição 100% operacional novamente para esta aeronave.

“Sempre estivemos preparados e com planos de ação disponíveis para iminências que podiam vir a acontecer nas aeronaves. Mas como mapeamos diariamente todas as atividades de manutenção por meio de um sistema robusto de controle e gerenciamento de dados, conseguimos propiciar o suporte altamente assertivo”, defende.

Via Jornal A Tribuna

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