Em entrevista ao g1, Thais relata sua trajetória profissional e os desafios de ser mulher no ramo da aviação, área composta ainda em maior parte por homens.
Thais Ferreira é uma das 44 copilotos mulheres da companhia em que trabalha |
Aos 29 anos, a copiloto brasileira Thais Ferreira, nascida em Santos, no litoral de São Paulo, pilotava pela primeira vez uma aeronave e realizava um de seus maiores sonhos. Em entrevista ao g1, atualmente com 38 anos, ela relata sua trajetória profissional e os desafios de ser mulher no ramo da aviação, que ainda é predominantemente masculino.
Atualmente, Thais faz parte da equipe da Gol Linhas Aéreas. Segundo dados enviados ao g1, a companhia, hoje, tem 816 comandantes, sendo dez mulheres, e 802 copilotos, 44 mulheres.
Thais relata que vem de uma família de pilotos, e desde pequena sempre voou junto com o pai. "Eu cresci nesse meio, e minha família sempre esteve ao meu lado, me incentivando a seguir esse meu sonho. E como trabalhei por alguns anos como comissária, via outras mulheres pilotando aeronaves e isso também me incentivou bastante. Eu olhava e me inspirava nelas, e a vontade foi crescendo", conta.
"Eu comecei fazendo curso teórico de piloto privado e a banca da Anac [Agência Nacional de Aviação Civil], e depois disso, pude fazer as horas de voo. Paralelo a isso, você vai tirar o Certificado Médico Aeronáutico [CMA]. Para tentar uma carreira na área comercial, eu fiz o curso de piloto comercial e IFR, que também tem a parte teórica, banca da Anac e horas de voo. Também fiz o curso de Piloto de Linha Aérea [PLA] e curso de inglês, além de um curso de treinamento de jato", afirma.
Thais está entre as mulheres que pilotam avião no Brasil |
Ela pilotou o primeiro avião aos 29 anos, e hoje já tem como experiência ter pilotado ao menos quatro tipos diferentes de aeronaves. Thais conta que o copiloto não tem rotina fixa, mas, com relação ao planejamento antes do voo, é preciso chegar com uma hora de antecedência. "Você se apresenta para a tripulação, vê o tempo de voo, pontos de segurança e segue para a aeronave. Hoje em dia, com a Covid-19, a rotina está um pouco diferente, e para não ter aglomeração, nos encontramos direto na aeronave, fazendo o briefing lá mesmo", explica.
A profissão já lhe permitiu sobrevoar quase todo o país, e ainda conhecer outros países da América Latina. Ela afirma que, por estar em um ramo em que a maioria dos pilotos ainda é composta por homens, é um desafio diário. "Não só por ser mulher, mas, também, pela grande responsabilidade que temos de transportar mais de 100 pessoas com segurança. Como amo o que faço, tudo se torna mais fácil. E só tenho a agradecer pela oportunidade que a minha companhia deu, porque ainda somos a minoria, mas estamos conquistando nosso espaço", relata.
A copiloto reitera que vê avanços com relação à conquista do espaço por parte das mulheres, e que já cresceu o número de pilotos femininas desde quando começou no ramo. "Ainda é pouco, comparado ao número de homens, mas já é um avanço", diz.
Entre as lembranças mais marcantes da profissão, Thais revela que ficou emocionada e sentiu que cumpriu seu dever ao poder transportar os pais, em voos diferentes, como pilota, e agora que está grávida, sonha em um dia poder transportar a filha e o marido. "Alguns passageiros ainda têm preconceito por ser uma mulher pilotando e fazem piadas de mau gosto, mas a maioria incentiva, o que é bem legal", afirma.
Para as mulheres que sonham em pilotar um avião, Thaís recomenda que nunca desistam, mesmo diante dos desafios. "Tenha certeza do que você quer, não será fácil, mas traça um objetivo, aprenda, mesmo com os erros, e não desista", finaliza.
Por Isabella Lima, g1 Santos - Foto: Divulgação
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