terça-feira, 20 de março de 2012

Portugueses desenvolvem detetor de turbulência

Dispositivo da Active Space Technologies será testado pelo fabricante Airbus


Um detector de turbulência desenvolvido em parceria com a empresa portuguesa Active Space Technologies vai ser testado no próximo Verão pelo fabricante de aviões Airbus, para melhorar a segurança nos aeroportos. A empresa, fundada em Coimbra em 2004, foi a responsável pela concepção e fabrico da parte mecânica deste sistema de laser, que visa detectar os remoinhos que um avião deixa ao descolar e ajudar os seguintes na mesma operação aeroportuária.

“Se o instrumento estiver montado no próprio avião nós conseguimos fazer a detecção da turbulência à frente do avião”, explicou à agência Lusa Ricardo Patrício, fundador e responsável de projetos na empresa. Desse modo, a rota de descolagem poderá ser desviada, se o remoinho estiver a longa distância, ou os instrumentos de comando nas asas poderão compensar a turbulência medida.

Este equipamento incorporado na frente do avião, além de melhorar a segurança, pode reduzir os intervalos de descolagem, ajudando a descongestionar os aeroportos. “Isto para não termos aquele valor empírico de estarmos três minutos à espera, dependendo da envergadura do avião”. Esse intervalo tem de ser respeitado nas operações aeroportuárias de descolagem.

A Active Space Technologies começou a trabalhar neste projeto em 2008, com vários parceiros europeus, onde se incluía a Agência Espacial Alemã, a universidade belga de Leuven e a Airbus enquanto utilizador do equipamento.

“No seio da empresa [Airbus] já se estão a mexer, face aos bons resultados do túnel de vento, e a ver como o podem incorporar na aeronave”, salientou Ricardo Patrício, frisando que, mesmo que os testes a realizar no Verão em Bruxelas o aprovem, levará ainda algum tempo a obter a certificação internacional.

O responsável de projetos da Active Space Technologies admitiu que este detector de turbulência possa também ser desenvolvido para ajudar a navegação aérea em atmosferas com cinzas de vulcão e, até, funcionar com uma espécie de estação meteorológicas móvel. Um avião equipado com este equipamento poderia fornecer a informação sobre o estado dos corredores aéreos por onde passa, permitindo a outras aeronaves escolher os corredores sem turbulência.

A Active Space Technologies foi fundada em 2004 por Ricardo Patrício e Bruno Carvalho, após um estágio na Agência Espacial Europeia. No primeiro ano faturaram 15 mil euros, tendo encerrado o ano de 2011 com 400 mil euros e as encomendas para o ano em curso já ultrapassam os 1,2 milhões de euros. Mais de 90 por cento das receitas provém de clientes europeus.

Fonte: cienciahoje.pt - Foto: Divulgação

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