O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, assegurou em entrevista ao jornal americano "El Nuevo Herald" que em seu próximo encontro com a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, perguntará se seu país pode recuperar o equipamento militar de comunicações retido pelas autoridades argentinas em fevereiro passado. O incidente diplomático foi considerado "sério" por Obama, que pela primeira vez referiu-se aos recentes problemas enfrentados com a Argentina.
- Eles (os argentinos) têm alguns de nossos equipamentos de comunicação. Não existe razão para não devolvê-los. A próxima vez que vir a presidente Kirchner vou perguntar: podemos recuperar nosso equipamento? - disse o presidente dos EUA.
A decisão de Obama de não incluir a Argentina (o presidente americano visitou esta semana o Brasil, Chile e El Salvador) em seu roteiro latino-americano irritou profundamente a Casa Rosada e aprofundou ainda mais a crise bilateral.
Em 10 de fevereiro passado, as autoridades argentinas confiscaram parte da carga de um avião C-17 Globemaster III da Força Aérea americana (foto acima) que chegou ao aeroporto internacional de Ezeiza. O avião americano transportara armas e elementos militares que seriam utilizados em exercícios conjuntos com forças policiais argentinas. No entanto, para o governo Kirchner, era "material de guerra" que não podia entrar no país. A Casa Rosada argumentou que o material encontrado pelas autoridades locais não coincidia com o que fora informado pela embaixada americana em Buenos Aires.- Eles (os argentinos) têm alguns de nossos equipamentos de comunicação. Não existe razão para não devolvê-los. A próxima vez que vir a presidente Kirchner vou perguntar: podemos recuperar nosso equipamento? - disse o presidente dos EUA.
A decisão de Obama de não incluir a Argentina (o presidente americano visitou esta semana o Brasil, Chile e El Salvador) em seu roteiro latino-americano irritou profundamente a Casa Rosada e aprofundou ainda mais a crise bilateral.
Numa situação inédita para o país, o próprio ministro das Relações Exteriores, Héctor Timerman, presenciou o momento em que as autoridades da alfândega argentina revistaram a carga do avião. Os militares americanos negaram-se a abrir parte das caixas transportadas e o governo argentino, representando por Timerman, os obrigou a mostrarem todo o material. Após a operação, as autoridades locais confiscaram parte do material, incluindo medicamentos, equipamentos de comunicação e armas.
Diplomata que é 'absolutamente necessário' que a Argentina devolva o material
O secretário de Estado adjunto dos Estados Unidos para a América Latina, Arturo Valenzuela, disse na segunda-feira que é "absolutamente necessário" que a Argentina devolva "imediatamente" o material confiscado pelas autoridades do país em um avião da Força Aérea americana.
- Não houve nenhuma intenção de violar leis argentinas. Pelo contrário, o que se buscava era a disposição de ter um trabalho conjunto, respeitoso, construtivo. É absolutamente necessário que esses materiais sejam devolvidos imediatamente - disse Valenzuela em entrevista à emissora CNN em Espanhol.
- Não faz sentido que tenham expropriado materiais dessa forma, especialmente quando, como insisto, o que se estava realizando era um projeto de trabalho conjunto, autorizado por ambos os países, para encarar um tema tão importante como é o resgate de reféns - assinalou o diplomata.
O incidente causou tensão entre Washington e Buenos Aires, mas Valenzuela criticou nesta segunda-feira a Argentina por ter reagido com "acusações desmesuradas", levando em conta que os dois países têm boa cooperação em assuntos de defesa e segurança cidadã.
Valenzuela explicou que "os remédios são usados pelas pessoas quando estão fazendo este tipo de exercícios porque pode haver acidentes. É óbvio que há muito material de preparação, mas não é nada fora de ordem".
O subsecretário acrescentou que as autoridades dos Estados Unidos decidiram suspender o curso, porque "a forma como amedrontaram o pessoal americano foi uma coisa improcedente".
Valenzuela reiterou que, para resolver a situação atual, primeiro a Argentina tem que devolver o material apreendido e, posteriormente, os países devem "virar a página" para continuar colaborando em temas de interesse comum.
Fonte: Janaína Figueiredo (O Globo) - Foto: larazon.com.ar
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