sexta-feira, 10 de abril de 2009

Sindicato estima que cada dia de greve custe à TAP meio milhão de euros

O Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) estima que cada dia de greve dos pilotos da PGA custe à TAP cerca de meio milhão de euros e acusa a empresa de "dilapidar recursos" para tentar "abafar" o protesto.

Os pilotos da PGA decidiram intensificar o conflito com paralisações de 24 horas nos dias 14, 16, 18 e 19 de Abril, reivindicando a adopção de um regulamento de utilização "responsável e seguro", que inclua "tempos de repouso, folgas, férias e tempos máximos de trabalho que reduzam os riscos operacionais associados à fadiga acumulada".

Em entrevista à agência Lusa, o presidente do SPAC, Hélder Silva, considerou que os pilotos vão "escalar o conflito, fazendo igualmente uma paralisação aos serviços de voo repartidos por tempo indeterminado, o que representa 40 por cento das operações da PGA".

"O custo [de cada dia de greve dos pilotos] anda à volta dos 500 mil euros", disse Hélder Silva, acrescentando que se trata de um "um custo que a TAP tem de explicar muito bem aos portugueses por que é que está disposta a pagar".

Por outro lado, o presidente do SPAC considera que as medidas adoptadas pela TAP para tentar minimizar os efeitos da greve - substituição de voos da PGA por voos da TAP e alterações de horário - são uma "delapidação dos recursos" da empresa.

"Quanto é que custa à TAP tentar fazer esta minimização e abafar a greve da PGA? A PGA tem pilotos mais baratos, aviões mais baratos, com menor capacidade. Neste momento a TAP para suprir isso está a recorrer a aviões maiores, pilotos mais caros e com regras de trabalho diferentes", o que resulta em gastos acrescidos, disse Hélder Silva.

"Enquanto o piloto da Portugália dorme três horas e regressa na madrugada ao mesmo destino, um piloto da TAP a fazer este mesmo voo de substituição pernoita e uma outra tripulação traz o mesmo avião", acrescentou.

O sindicato considera que o Regulamento que a PGA e a TAP querem que os pilotos aceitem é "um atropelo à segurança das pessoas e dos bens" e está "pejado de termos ou expressões dúbias como ´sempre que seja possível`, ´sempre que a empresa o considere necessário`".

"Há aqui uma tentativa inequívoca de não haver regras claras no acordo", disse à Lusa Hélder Silva.

"Uma das cláusulas críticas que está em cima da mesa - que consideramos totalmente inaceitável e que revela a total má-fé da administração da TAP - é uma excepção que atribui um poder discricionário à empresa de definir o que é ou não válido naquele regulamento", sublinhou o responsável.

"Ou seja, estamos a querer implementar regras claras de operação e depois a empresa quer impor aos pilotos uma norma que excepciona o que eles bem entenderem", concluiu.

Hélder Silva explicou que "os pilotos da PGA trabalham sete dias por semana, em que muitos desses dias dormem três horas e executam cinco aterragens".

"Os pilotos sempre demonstraram o seu profissionalismo, mas não são máquinas. As normas legais estão construídas como limites e não como regras. Neste momento temos os pilotos da PGA a operar nos seus limites".

"É como ter um carro que aguenta 250 km/hora. Se usar o carro sempre a essa velocidade, ele aguenta um dia, dois dias? Não vai aguentar uma vida inteira certamente".

Fonte: RTP (Portugal)

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