domingo, 5 de abril de 2009

Protesto contra ampliação de Congonhas

Para organizadores, possível obra desapropriaria 7 mil pessoas.

Morador afirma que aviões maiores aumentariam o risco de tragédias.


Moradores ouvem discurso antes de iniciarem passeata até o aeroporto

Moradores da vizinhança do Aeroporto de Congonhas, Zona Sul de São Paulo, realizaram um protesto neste domingo (5) contra uma possível ampliação da pista principal, que causaria a desapropriação de 7 mil pessoas, segundo os líderes da manifestação. Cerca de 150 manifestantes, conforme cálculos da Polícia Militar, se encontraram na Avenida Washington Luís a partir das 9h30, em frente ao local interditado desde a queda do avião da TAM em 17 de julho de 2007, e partiram às 10h45 em curta passeata até o saguão do aeroporto, do outro lado da avenida.

Munidos de apitos e com gritos de ordem “Não, não, não ampliação”, os moradores ouviram cerca de 30 minutos de discursos dos idealizadores da passeata, que estavam em um caminhão de som, antes de caminharem pacificamente até a passarela de travessia da avenida. O CET e a Polícia Militar interditaram apenas a faixa direita da pista durante a caminhada, mas foram obrigados a interromper o tráfego nos dois sentidos para os manifestantes atravessarem – eles optaram por não sobrecarregar a estrutura da passarela.

Manifestantes chegam ao saguão do aeroporto

Moradores da região, que ainda não foram notificados oficialmente sobre eventuais planos de desapropriação, querem se proteger caso algum plano vá adiante. “Estamos lutando não é de hoje, pois essa história de ampliação vem desde 2001”, afirmou Nelson Piva, de 66 anos, morador do bairro há 40 anos. “Não adianta ampliar a extensão da pista, pois a largura continuará a mesma e será imprópria para aviões de maior porte, que poderiam causar uma tragédia ainda maior com um simples pneu furado”, disse. “Não há área de escape, seria um atentado contra a vida humana.”

Chegando ao saguão do aeroporto, os manifestantes cantaram o Hino Nacional, antes de ouvirem mais 30 minutos de discursos. Com “apitaço” constante, pedindo a “não ampliação de Congonhas” e proclamando que o “povo unido jamais será vencido”, eles se dispersaram calmamente 11h35, após rezarem o Pai Nosso.

Entenda o caso

Em novembro do ano passado, o ministro da Justiça, Nelson Jobim, o governador de São Paulo, José Serra, e o prefeito paulistano, Gilberto Kassab, discutiram em Brasília a ampliação do aeroporto, para dar mais segurança aos passageiros. Eles cogitaram a construção de uma pista de 1,1 mil metros.

Quatro meses depois, o Ministério da Defesa informou que está realizando estudos sobre a possibilidade de eventual ampliação da pista, mas não há previsão de conclusão dos estudos. Não há definições ainda de quanto e de que forma a pista (ou pistas) poderá ser ampliada e se haverá necessidade de desapropriações.

A Prefeitura de São Paulo, no entanto, negou qualquer plano de desapropriação em Congonhas. Afirmou que não tem responsabilidade pela ampliação da pista ou por desapropriações eventualmente provocadas pela obra. Segundo a prefeitura, quem responde por essas questões é o governo federal. O município nega ter apresentado algum projeto relacionado ao tema.

Fonte e fotos: Denis Freire de Almeida (G1)

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