domingo, 24 de agosto de 2008

Parentes das vítimas questionam Spanair por liberar avião acidentado

Companhia garantiu que está em condições de lidar com pagamento de indenizações.

Familiares cobram prazos reais para identificação dos corpos.

Os familiares das vítimas do acidente aéreo da última quarta-feira (20), no aeroporto de Madri, insistiram nas últimas horas em pedir explicações à companhia Spanair sobre as razões que levaram a empresa a autorizar a decolagem do aparelho, apesar de terem detectado uma avaria no mesmo horas antes.

As famílias das vítimas e representantes da Spanair participaram de uma reunião na qual, segundo disseram à Agência Efe fontes presentes ao encontro, parentes quiseram saber especialmente por que o avião tentou decolar apesar dos erros detectados anteriormente.

Representando a Spanair esteve o vice-diretor da companhia, Javier Mendoza, que explicou que o comandante, falecido no acidente, detectou um mau funcionamento do aquecedor da sonda que mede a temperatura tanto em terra como em vôo, um instrumento que deve ser desativado automaticamente em terra.

Como o mecanismo automático falhou e a sonda seguia ativada, o piloto optou por retornar às oficinas de manutenção.

A citada sonda alimenta o computador que controla alguns parâmetros do motor, admitiu Mendoza, que, no entanto, expressou dúvidas sobre se o problema pode estar relacionado com o acidente.

Durante 33 minutos, a aeronave foi revisada por um mecânico de 41 anos e com experiência de mais de 20, que optou, como prevêem os procedimentos habituais, pelo desligamento do aquecedor.

Segundo Mendoza, "foi feito o que tinha que ser feito" na revisão que motivou o retorno da aeronave às oficinas de manutenção.

"Uma só causa nunca provoca um acidente aéreo. É sempre uma série de causas", acrescentou Mendoza, que defendeu ainda o alto índice de segurança de sua companhia e do modelo de avião acidentado, um McDonnell Douglas de 15 anos.

O modelo, disse, tem um índice de 0,26 acidente por cada milhão de horas de vôo, um dos mais baixos da aviação comercial.

O vice-diretor da Spanair também garantiu que a companhia está em condições de lidar com o pagamento de indenizações pelo acidente e que tratará de fazer chegar o mais rápido possível às famílias os celulares e utensílios pessoais resgatados no local da catástrofe.

Em nome dos familiares das vítimas, Ismael Rodríguez, amigo de um dos falecidos no acidente, disse que o que os parentes querem é que existam "prazos reais" no tempo de espera de identificação dos corpos, pois a demora na comprovação do DNA está provocando tensões.

Rodríguez lembrou que após a tragédia foi assegurado oficialmente que em um prazo de até 48 horas depois do acidente já teriam sido realizadas todas as identificações.

Lamentou ainda que até agora o número de identificações chegue a apenas 60, quatro dias depois da tragédia.

"Vai demorar mais do que esperávamos", reconheceram fontes da Defesa Civil espanhola.

Fonte: EFE

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