sábado, 4 de junho de 2022

Torre alerta cinco vezes avião que iniciou decolagem em pista de taxiamento

Pilotos não ouviram as primeiras instruções da torre para abortar a decolagem, que ocorria em uma pista de taxi. As 'taxiways' são operadas apenas para movimentos terrestres.


Um Airbus A320 da companhia mexicana de baixo custo Aeroenlaces Nacionales, - VivaAerobús iniciou a corrida de decolagem de uma pista de táxi, usada apenas para manobras de deslocamento no chão - chamadas de taxiway -, no Aeroporto Internacional de Chicago O´Hare. O controlador de voo precisou alertar a tripulação por cinco vezes até que os pilotos entendessem o que estava acontecendo.

As sinalizações entre as pistas de pouso e decolagem as taxiways são claramente diferenciadas. As taxiways possuem placas de identificação visual e luzes de cores distintas das pistas. Taxiways possuem normalmente luzes de centro na cor verde e das laterais em cor azul. As de pista são brancas ou amarelas, tanto no centro quanto nas extremidades.

O incidente ocorreu no início da madrugada desta sexta-feira (03), no voo VB-187, que partiu de Chicago para a Cidade do México à 00h29.

Um vídeo postado pelo canal VASAviation, no YouTube, ilustra a ocorrência com o áudio original entre a torre e a cabine de controle do avião, além do mapa da pista.

A primeira determinação para abortar a decolagem ocorre aos 43 segundos do vídeo.


"Aerolances 187, cancele sua autorização para decolagem. Você está alinhada com a [pista] 22L?", pergunta o controlador de voo.

Aos 48 segundos do vídeo - sem resposta - o controlador mais uma vez determina o cancelamento. E chega a ordenar que o avião pare:

"Aerolances 187, cancele sua autorização para decolagem. Pare!"

Depois de pedir mais uma vez que o avião pare, o controlador indicou o problema aos pilotos:

"Aerolances 187, pare! Você está decolando de uma taxiway!"

Em mais duas ocasiões a torre determina a parada da aeronave.

"Okay, cancele sua autorização para decolagem, Aerolances 187! Você está na taxiway 'November' neste instante.

Só então após a quinta chamada da torre os tripulantes parecem entender o que estava acontecendo e a piloto coteja (repete) a ordem do controlador de voo.

Normalmente, medidas adicionais são tomadas na cabine de comando para reforçar a segurança no momento da decolagem. O que parece não ter acontecido no avião da VivaAerobús.

Assim que alinham a aeronave à pista principal, pilotos costumam verificar o rumo da decolagem no painel do avião, para se certificarem que estão na direção certa. No caso da pista 22L de Chicago O`Hare, os instrumentos deveriam indicar o rumo 220. É comum também que, ao cruzar uma taxiway, um piloto pergunte se o outro concorda com a indicação da referida pista por onde estão passando.

Incursão de pista é a presença incorreta de uma aeronave, um veículo ou uma pessoa, na área protegida de uma pista.

Fatores como uma possível visibilidade baixa no momento do incidente e/ou sinalização das interseções de pista deverão ser analisadas durante a investigação da ocorrência. Em algumas situações, a passagem constante de pneus acabam por tirar parte da visibilidade ideal da sinalização horizontal da pista, o que prejudica os pilotos.

Também entre os motivos contribuintes para a falha podem estar fatores como: fadiga, falta de consciência situacional ou distração por automacão.

Em alguns jatos mais modernos, como o Boeing 787 e o Airbus A350, por exemplo, as cartas de taxi estão incorporadas com o deslocamento em tempo real da aeronave (moving map) na própria tela de navegação.

Em outros aviões, como o A320 desta ocorrência em Chicago O`Hare, o sistema pode ser o EFB categoria 2, um iPad acoplado lateralmente na perspectiva do piloto, o que pode causar distração, exigindo atenção redobrada nas operações em solo.

Dados da plataforma de voo AirNav RadarBox indicam que o A320 estava acelerando e chegou a atingir a velocidade de 12 nós (22 km/h).

Trajeto percorrido pelo A320 em Chicago O`Hare (Imagem: AirNav RadarBox)

Incidentes desse tipo não são raros.


No início da manhã de 28 de janeiro de 1986, um Boeing 737-200 da Vasp, de matrícula PP-SME, sofreu um acidente quando o piloto confundiu a pista principal com a pista de taxi e bateu em um barranco.

O voo 210 levava 5 tripulantes e 67 passageiros e Guarulhos operava em condições mínimas de visibilidade. Importante ressaltar que a segurança em Guarulhos foi aprimorada após o acidente.

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