Aeroporto de Jaboticabal: da glória ao abandono

O Aeroporto de Jaboticabal teve um passado de glórias e conquistas

Fundado em 1940 por Jayme de Andrade Algodoal, o Aeroporto de Jaboticabal teve um passado de glórias e conquistas. O Aeroporto comportava Escola de aviação, Aero Clube, e recebiam aviões de renomadas empresas que aterrisavam em suas pistas. Hoje, 69 anos após a sua criação, o que se pode notar é totalmente o oposto, pois o aeroporto se encontra em completo abandono e os que precisam de uma locomoção rápida, não pode contar com sua estrutura. Será que este setor que transportava as riquezas do município para as grandes cidades voltará a figurar no crescimento de Jaboticabal?

A aviação faz parte de nossas vidas como um bem comum, devido a utilidades que apresentam, com ela não existem limites, bandeiras ou fronteiras. O avião é útil nas atividades do lazer, do turismo, nas ações governamentais, humanitárias, nos encontros rápidos, na realização de negócios, nas relações comerciais eventuais ou permanentes, na aproximação dos congressos e eventos de diferentes naturezas, na agricultura, no transporte das correspondências e onde mais você imaginar.

De acordo com o presidente da ACIAJA, Antonio Carlos Ferraro, que sempre que tem oportunidade solicita e incentiva sua ativação “ter um aeroporto ativo em Jaboticabal é importante, pois uma pista asfaltada e uma boa infra-estrutura, facilita a vida dos nossos empresários e daqueles que necessitem visitar a cidade em curto espaço de tempo”, diz.

Entretenimento x Descaso

Apesar do abandono da estrutura ainda existem pessoas que fazem com que o fraco coração do aeroporto não deixe de bater realizando eventos como a festa aviatória, mantendo uma cantina como ponto de encontro, eventos de aeromodelismo, pára-quedismo, trik e ultraleve. Como comenta André Piza, sócio do Aero Clube. “Nós temos 220m de pista asfaltada para a prática de aeromodelismo, feita em julho do ano passado pela Prefeitura”.

Já Tadeu Julio de Oliveira, presidente da Equipe Jaboticabal de Pára-quedismo, fala das necessidades do aeroporto, assim como da falta de estrutura da escola. “É difícil trabalhar sem o material físico, nós precisamos de um alojamento, pois pretendemos fazer um Centro Regional da modalidade. Quanto à estrutura aérea não existe, não há um depósito de combustível adequado, asfalto para pouso entre outras coisas”.

A situação atual do Aeroporto está indefinida, pois mesmo não apresentando estrutura ideal, o local ainda comporta uma escola de aviação, e tem pessoas que usufruem de sua “estrutura” para recreação, em contrapartida, nos finais de semana, alguns jovens comparecem ao local para consumir drogas, bebida alcoólica, e até para práticas sexuais.

O que precisa ser feito?

Segundo Heitor de Almeida Ribas – ex coordenador do Aero Clube de Jaboticabal, o aeroporto precisa apenas do asfaltamento da pista e uma modernização nos aparelhos do local, caso sejam realizadas tais benefícios, poderia receber aeronaves de pequeno a médio porte.

“O que falta é vontade política de resolver estes problemas, pois para uma cidade que pretende ter um novo distrito industrial é primordial ter um aeroporto, ele seria de ajuda regional” complementou ainda dizendo que o projeto e a estrutura já estão prontas com a aprovação do DAESP (Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo).

Passado glorioso

A cidade tem 180 anos e está localizada em um dos mais importantes pontos rodoviários do interior do estado, composto pelas rodovias Brigadeiro Faria Lima (SP-326), que liga Jaboticabal, Matão e Barretos, e a Rodovia Carlos Tonani (SP-333), que liga a Ribeirão Preto, no passado foi palco de grandes nomes da aviação.

O Aeroporto e Aero Clube do município criados na década de 40 mostrou Jaboticabal para personalidades como Salgado Filho (ex-ministro da Aviação), Roberto Pimentel (chefe da divisão aero-desportiva da diretoria da Aeronáutica Civil) e até Assis Chateaubriand (diretor dos Diários Associados).

Você sabia que?

Na década 50 duas empresas aéreas tinham suas rotas passando pelo município, cujo itinerário era de São Paulo – Jaboticabal – Olímpia – Uberaba e Ituiutaba.

Para conforto dos passageiros, a empresa Aerovias Brasil que tinha o Senhor Hélio Noronha Franco como gerente, vendia passagens em um ponto de vendas na Av. Pintos 555. O mesmo publicava em jornal da época dias antes do embarque, os nomes dos passageiros. outra empresa que operava em Jaboticabal era a Linha Aérea da Real.

Vasp em Jaboticabal

No dia 11 de janeiro de 1948, o jornal Diário de São Paulo publicava em suas páginas o interesse da Vasp em fazer escala no aeroporto de Jaboticabal, a empresa, já naquela época, pedia o asfaltamento da pista, uma mobilização foi realizada em prol das obras, mas como ela não foi realizada, a Vasp desistiu de operar na cidade.


Fonte: Ana Paula Marchi (Jornal Tribuna - 12/03/2009)