terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Nasa publica novo relatório sobre acidente com o Columbia

A Nasa analisa em pormenores os últimos minutos do Columbia num relatório de 400 páginas.

O documento contém detalhes gráficos sobre a morte dos astronautas.


Restos da explosão do ônibus espacial Columbia, sobre o estado do Texas, em 1 de fevereiro de 2003 - Foto: Dr. Scott Lieberman (AP File)

Os trajes pressurizados e os capacetes da tripulação do ônibus espacial Columbia não funcionaram adequadamente, o que levou a tripulação aos traumatismos fatais quando a nave perdeu a pressão e explodiu matando os sete astronautas que iam a bordo do Columbia no dia 1 de Fevereiro de 2003.

O novo relatório reconstitui os últimos momentos da tripulação, incluindo os sinais de que as coisas estavam indo muito mal, incluindo alertas sobre a pressão do pneus, problemas com o trem de pouso e os esforços realizados pelo sistema computadorizado de vôo para compensar os prejuízos crescentes à navegação.

A aeronave passou por um "flat spin" (parafuso chato) e o piloto, Comandante William C. McCool, da Marinha, realizou uma série de movimentos bruscos, num esforço inútil para controlar o ônibus espacial.

Embora o Columbia tenha explodido durante a reentrada, o fato é que um pedaço de 1,67 libras (pouco mais de 700 gramas) de espuma isolante se desprendeu de um tanque externo de combustível durante a subida e atingiu danificando a proteção de cerâmica da asa esquerda, provocando uma pequena fissura. Este problema não foi detetado durante a decolagem. Quando da reentrada na atmosfera, o calor causado pela fricção com a atmosfera aumentou o tamanho da fissura, permitindo a entrada de gases superaquecidos através do interior da asa como se fosse um maçarico, acabando por destruir a asa completamente e, consequentemente, toda a nave, causando a morte dos sete tripulantes.

Os sete membros da tripulação foram arremessados para todos os lados dentro da aeronave e, provavelmente, estavam desacordados no momento da explosão fatal.

Pelo menos um dos membros da equipe permaneceu vivo durante 30 segundos depois de ter soado o alarme e tentou em vão controlar a aeronave apertando vários botões. Mas, nesse momento, nada mais podia ser feito para se salvar.

O impacto da espuma ficou evidente em vídeos tomadas pela NASA durante o lançamento, e durante o 16o dia da missão, os engenheiros examinaram as asas para ver se o golpe tinha causado danos graves. Mas, para os gestores da missão, os danos eram relativamente inofensivos e a manutenção constituía um problema, e não um risco mortal.

Em um contundente relatório publicado em Agosto de 2003, uma investigação posterior constatou que um conselho de "cultura de quebra de segurança" na NASA foi largamente responsável pelas mortes. O relatório criticou os gestores como muito complacentes e demasiadamente focados no prazo nas pressões orçamentarias.

Embora muitos detalhes do desastre já são há muito conhecidos, este foi o mais extenso estudo já realizado sobre como os astronautas morreram e o que poderia ser feito para melhorar as chances de sobrevivência em um futuro acidente. O objetivo, disseram funcionários da NASA, foi o de encontrar formas de implemetar mudanças na concepção das outras naves espaciais.

O comandante da Columbia do último vôo era o coronel Rick D. Husband da Força Aérea. Além do Comandante McCool, a tripulação incluía Ilan Ramon, um coronel da Força Aérea israelita; o Tenente Coronel Michael P. Anderson da Força Aérea dos EUA; o Dr. Kalpana Chawla, um engenheiro aeroespacial, e dois médicos da Marinha, Capitão David M. Brown e a Comandante Laurel Salton Clark.

Em declaração que acompanha o lançamento do relatório, Michael L. Coats, diretor do Centro Espacial Johnson da NASA, elogiou a equipe de estudos dizendo: "O seu trabalho vai garantir que o legado de Columbia e sua heróica tripulação seja a melhoria da segurança para as tripulações das naves espaciais no futuro em todo o mundo."

A agência espacial espera que os engenheiros possam redesenhar uma cápsula mais segura com base nos erros do Columbia.

Clique aqui para acessar o relatório de 400 páginas da NASA (.pdf em inglês)

Por Jorge Tadeu da Silva, com base em artigo do The New York Times e no Relatório da Nasa

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