Caso foi relatado ao Cenipa na noite de quarta-feira (20), por volta das 22h10; a luz teria partido do bairro Efapi, segundo o piloto da aeronave.
Aeroporto de Chapecó (Foto: Reprodução/ND) |
Uma brincadeira de mau gosto foi registrada no espaço aéreo de Chapecó, no Oeste de Santa Catarina, na noite desta quarta-feira (20). Era por volta das 22h10 quando uma aeronave foi atingida por um raio laser, de cor verde, apontado do solo.
O piloto da aeronave Pilatus PC-12, que pertence a um empresário chapecoense, relatou para a equipe de controle de voo que o fato foi registrado ao se aproximar da cabeceira 11 da pista do Aeroporto Serafin Enoss Bertaso. O feixe de luz teria partido da região do bairro Efapi e causou distração no profissional.
O feixe de luz, que durou cerca de 10 segundos, provocou desconforto à visão do piloto, colocando todos os tripulantes e passageiros em risco. Apesar disso, o pouso no aeródromo de Chapecó ocorreu normalmente sem a necessidade de alterar a trajetória do voo ou executar manobra evasiva. O avião tem capacidade de até 10 passageiros e mais dois tripulantes.
A ocorrência ainda deve ser relatada à polícia local para que tome às providências cabíveis e identifique o lugar exato de origem o laser. O caso foi notificado pelo Controlador de Tráfego Aéreo no Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos).
A Socicam que administra as operações no Aeroporto Municipal Serafim Enoss Bertaso, em Chapecó, não respondeu o nosso contato.
E até hoje esse tipo de incidente continua a acontecer ao redor do mundo. Antes de Chapecó, o último caso que havia sido relatado ao Cenipa no Brasil ocorreu às 19h32 da segunda-feira (18) no Aeroporto do Rio de Janeiro Santos Dumont. O feixe de luz, segundo o relato do piloto ao Controlador de Tráfego Aéreo, partiu da praia da Ilha do Governador, perto da Ponte Niterói. O avião era da Gol Linhas Aéreas e piloto relatou ofuscamento da visão.
Já em Chapecó, segundo dados do Cenipa, o último caso foi relatado em março deste ano. Um avião da Azul Linhas Aéreas estava em decida quando foi atingido pelo raio de luz que teria partido do interior do município. O piloto disse que sofreu distração. Em Navegantes, também houve registro no mês passado.
Especialistas relatam que o efeito dessa luz laser, atingindo o interior todo escuro da cabine, desorienta temporariamente ou causa prejuízo temporário da visão, o que impede a capacidade de pousar com segurança a aeronave.
As rotas de aproximação e decolagem da maioria dos aeroportos brasileiros sobrevoam áreas urbanas o que as tornam propícias para ataques com fachos de raio laser.
Ataque com laser verde e ação nos pilotos (Foto: FAB/CENIPA/ND) |
O Major Aviador Márcio Vieira de Mattos, oficial investigador do CENIPA, afirma que a incidência do feixe de luz do laser na visão do piloto é fator potencial de risco para a aviação.
“Pode ocasionar um dano à visão do piloto com queimaduras e hemorragias na retina, além de distração e uma cegueira momentânea, que impossibilita conduzir a aeronave em segurança, culminando até mesmo com a perda de controle em voo,” explicou ao site Piloto Policial.
Apontar raio laser para uma aeronave no espaço aéreo é um problema mundial. Nos Estados Unidos é crime previsto pela Constituição. Cientistas americanos realizaram pesquisas com pilotos profissionais, em simuladores com o uso de canetas a raios laser, e verificaram que o flash cegava temporariamente o piloto.
A ação de apontar uma caneta de raio laser verde para um avião pode ser enquadrada como crime de atentado contra a segurança do transporte aéreo, previsto no artigo 261 do Código Penal Brasileiro. A lei prevê de dois a cinco anos de cadeia, porém caso haja um acidente com mortes, o responsável pode ser condenado a até 12 anos. A caneta de laser verde, que tem um alcance de cerca de 300 metros, é vendida abertamente no mercado a qualquer pessoa.
Via ND+
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