Chefe de aviação da Rosoboronexport fala sobre novas tendências na indústria armamentista.
Serguêi Kornev (foto ao lado), chefe do departamento de aviação da empresa estatal russa de armamentos Rosoboronexport, fala sobre as novas tendências na avição bélica. Segundo ele, aviões de sexta geração serão não-tripulados, e o número de aviões tripulados nos arsenais das forças armadas dos países mais desenvolvidos deve cair em quase 40%.
Os shows aéreos recentes têm exibido aviões não tripulados. Qual é o potencial desses aviões no mercado mundial e quais as perspetivas da Rússia nesse setor?
Os aviões não tripulados passaram a ser desenvolvidos mais ativamente apenas nos anos 2000. De 2003 a 2012, 38 países injetaram mais de US$ 3,5 bilhões para comprar essas aeronaves. De acordo com as previsões da Forecast International, o mercado mundial de aeronaves não tripuladas continuará a crescer rapidamente e nos próximos dez anos ultrapassará os US$ 71 bilhões.
Atualmente, os principais fornecedores de aviões não tripulados são 70 % nas exportações mundiais. No médio prazo, a China poderá se tornar o terceiro país a liderar essas vendas.
A Rússia também pode encontrar um lugar nesse mercado.
A Rússia já criou várias aeronaves não tripulados que podem concorrer seus análogos estrangeiros. São a Orlan-10, SALA-421-016, Eleron-10 e outros. Esses modelos satisfazem as mais recentes exigências e superam seus adversários estrangeiros em algumas características, como alcance, altura, duração do voo etc.
Se a Rússia conseguir organizar bem o desenvolvimento dessas aeronaves, sua participação no mercado mundial de aviões não tripulados poderá alcançar de 3% a 5%. A demanda no mercado interno é maior, por isso a Rússia atrai exportadores estrangeiros.
Hoje o mercado de aviões não tripulados está desenvolvendo mais rapidamente na Ásia. Sua capacidade é de US$ 14,5 bilhões. O segundo lugar é ocupado pela Europa, cuja capacidade atingiu os US$ 9 bilhões com sua industria e sistema de compras próprios. Os países da América Latina ocupam o terceiro lugar, com US$ 5,7 bilhões.
Mas esses números não refletem a perspetiva estratégica. De acordo com especialistas, os aviões da sexta geração serão não tripulados, enquanto o número de aviões tripulados nos arsenais das Forças Armadas dos países mais desenvolvidos será reduzido em quase 40%.
Quantas aeronaves a Rússia exportou em 2012?
A Rosoboronexport, responsável pela venda de equipamento militar ao exterior, ganhou cerca de US$ 4,2 bilhões apenas com a venda de aviões e helicópteros, o que equivale a 40% de todas as exportações. Em 2013, esse valor deve aumentar.
Quais as perspectivas do caça Su-35 para ganhar a concorrência organizada pelo Brasil? A Rússia ainda planeja vender esses aviões de quinta geração?
O programa brasileiro de aquisição de aviões de combate modernos está suspenso desde 2001. A Rússia participou de todas as etapas desse programa, e os militares brasileiros prestaram muita atenção às vantagens dos caças russos. O avião russo é mais moderno do que os outros caças oferecidos ao Brasil. O SU-35 tem boa velocidade, relação empuxo-peso e alcance que tornam possível defender todas as fronteiras do país, caso os caças sejam baseados em Anápolis, quase no centro do Brasil.
A última etapa do programa brasileiro de compra de aeronaves é a concorrência FX-2, que começou em 2008 e ainda não foi encerrada. Hoje, as Forças Aéreas do Brasil estão desenvolvendo novas exigências técnicas para os aviões. A Rússia está preparada para isso e oferece não apenas o fornecimento dos caças, mas também um programa de cooperação tecnológica e industrial. Queremos estabelecer uma cooperação de longo prazo.
O Brasil é um país de particular importância para a Rússia. Em primeiro lugar, o país é nosso parceiro estratégico, tanto em nível bilateral, como no âmbito do grupo Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Além disso, nossa experiência e contatos com o Ministério da Defesa do Brasil mostram que a cooperação é mutuamente vantajosa.
Fonte: Gazeta da Rússia
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