terça-feira, 21 de junho de 2011

Tecnologia de guerra dos EUA evolui com aviões do tamanho de insetos

Pentágono investe no desenvolvimento de aviões minúsculos inspirados em voos de mariposas, que devem ser apresentados até 2030


A cerca de 3,2 km do pasto onde os irmãos Wright aprenderam a fazer voar os primeiros aviões, pesquisadores militares estão trabalhando em uma outra revolução do ar: encolhendo aviões não tripulados, do tipo que disparam mísseis no Paquistão e espionam insurgentes no Afeganistão, mas que são do tamanho de pássaros e insetos.

O laboratório de voo interno da base é chamado de "microaviário", e por boas razões. Os aviões que estão sendo desenvolvidos ali são projetados para reproduzir a mecânica de voo das mariposas, gaviões e outros habitantes do mundo natural. "Estamos pesquisando como nos esconder em plena vista", disse Greg Parker, um engenheiro aeroespacial, ao demonstrar um protótipo de um falcão mecânico que no futuro poderá ser usado para espionagem ou execução.

De balões a insetos, os novos aviões minúsculos estão transformando a forma como os Estados Unidos lutam e pensam as suas guerras.

Aviões Predator, a aeronave americana que tem o tamanho de um avião modelo Cessna e tem dominado a aviação não tripulada desde os ataques do 11 de Setembro de 2001, agora são uma marca de nome conhecido e temido em todo o mundo. Mas muito menos conhecido é o tamanho, variedade e ousadia desse universo de aeronaves não tripuladas em rápida expansão, juntamente com os dilemas que vêm com ele.

Gastos

O Pentágono pediu ao Congresso por quase US$ 5 bilhões para o desenvolvimento de aeronaves não-tripuladas no próximo ano e prevê que até 2030 apresentará projetos que hoje só existem em ficção científica: "moscas espiãs" equipadas com sensores e microcâmeras para detectar inimigos, armas nucleares ou vítimas em escombros.

Peter W. Singer, um estudioso do Brookings Institute e autor de Wired for War, um livro sobre robótica militar, chama-os de "bugs with bugs” (insetos com escutas, em tradução livre). Grandes ou pequenos, os aviões não tripulados geram questões sobre a crescente desconexão entre o público americano e suas guerras.

Estudiosos de ética militar admitem que os aviões não tripulados podem transformar a guerra em um video game, causar baixas entre civis e, como não envolve riscos para os americanos, levar os EUA a entrar em conflitos mais facilmente.

Os aviões não tripulados também criaram uma crise de informação para os analistas que precisam analisar um dilúvio de vídeos por dia. Além disso, a Administração de Aviação Federal tem dúvidas sobre expandir os voos de teste em casa, como o Pentágono gostaria.

Para Singer, o debate sobre aviões não tripulados é como debater os méritos de computadores em 1979: eles estão aqui para ficar, e sua expansão mal começou. "Estamos na fase dos primeiros voos dos irmãos Wright", disse ele.


Fonte: Elisabeth Bumiller e Thom Shanker (The New York Times) via iG - Fotos: The New York Times

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