Um cigarro causou a queda de um Boeing 707 da Varig em Paris (Reprodução) |
Apesar dos rígidos padrões que devem ser seguidos por companhias aéreas e suas tripulações, alguns acidentes surpreendem pelas causas mais estranhas. Já houve casos de acidente causado pelo filho do comandante que estava brincando na cabine dos pilotos, uma bituca de cigarro jogada na lixeira do banheiro, um piloto suicida, uma vírgula que causou erro no sentido do voo e até por uma carga mal amarrada a bordo.
Em todos os casos, esses acidentes serviram também de exemplo para mostrar como todos os detalhes são importante para garantir a segurança do voo. Eles também causaram mudanças para evitar que novas tragédias banais ocorressem.
Veja cinco acidentes com causas banais:
Aeroflot 593 - filhos na cabine
Comandante deixou filho brincar na cabine e derrubou o avião (Michel Gilliand/Wikimedia) |
Mais de quatro horas após a decolagem, os filhos do comandante Yaroslav Kudrinsky resolveram visitar o pai na cabine de comando do Airbus A310. O avião voava no piloto automático, mas quando Eldar, o filho mais velho de 16 anos, sentou na poltrona do comandante os problemas começaram.
Ao simular que pilotava o avião, Eldar forçou demais os comandos do avião, causando o desligamento do piloto automático. Os verdadeiros pilotos só percebem o problema quatro minutos depois, quando o avião já estava em uma situação incontrolável.
Varig 820 - cigarro na lixeira
Boeing 707 da Varig caiu a apenas cinco quilômetros do aeroporto de Orly (Wikimedia) |
Pouco antes do pouso na capital francesa, teve início um incêndio em um dos banheiros localizados na parte traseira do avião. O fogo se espalhou para a fiação elétrica, causando uma enorme nuvem de fumaça a bordo. As investigações concluíram que o incêndio começou com uma bituca de cigarro que foi jogada acesa na lixeira do banheiro.
Mesmo com o incêndio a bordo, os pilotos tentaram pousar o avião, mas a fumaça que tomou conta da cabine impedia a visão dos pilotos. O Boeing 707 fez um pouso de emergência em uma plantação próxima ao aeroporto. Houve 123 mortes e 11 sobreviventes, sendo um passageiro e dez tripulantes.
Germanwings 9525 - copiloto suicida
Destroços do avião da Germanwings nos alpes franceses - Y.Malenfer |
Lubitz já havia sido tratado por tendências suicidas, porém não informou à companhia sobre isso. Quando ficou sozinho na cabine, o copiloto decidiu se matar e levar junto com as outras 143 pessoas que estavam a bordo. O avião desceu cinco quilômetros de altitude em oito minutos até se chocar com os alpes franceses.
Depois do acidente, diversos órgãos reguladores da aviação pelo mundo passaram a exigir a presença constante de, pelo menos, dois tripulantes na cabine de comando. Caso um dos pilotos precise sair, um comissário deve ficar na cabine.
National 102 - carga solta a bordo
Boeing 747 da National momentos antes da queda (Reprodução) |
As investigações mostraram que o acidente foi causado por um erro na hora de amarrar a carga a bordo do Boeing 747. O avião levava cinco veículos militares. Após a decolagem, um deles se soltou e se deslocou para a parte traseira, alterando o centro de gravidade do avião.
Com a cauda mais pesada, o nariz foi jogado para cima, causando a perda de sustentação do avião e o mergulho em direção ao solo. O Boeing 747 explodiu ao cair, matando os sete tripulantes a bordo.
Varig 254 - uma vírgula errada
Direção do voo Varig 254 era diferente da rota que foi efetivamente feita (Alexandre Saconi/UOL) |
Em seu último trecho do voo, o Boeing 737-200 decolou de Marabá (PA) com destino a Belém. O avião deveria seguir no rumo 027 da bússola (ao norte), mas os pilotos direcionaram o avião para o 270 (ao oeste). O erro foi causado por uma falha do plano de voo emitido pela Varig.
A Varig havia começado a disponibilizar planos de voo computadorizados meses antes do acidente. Até aquela época, utilizavam-se apenas três dígitos para inserir a orientação do rumo que a aeronave deveria seguir. Com os novos planos computadorizados, esse campo passou a contar com uma casa decimal, ficando com quatro dígitos ao todo.
O plano de voo apontava que os pilotos deveriam seguir o rumo 0270. Como o último numeral era uma casa decimal, o rumo correto era o 027, mas os pilotos interpretaram como rumo 270. Com isso, o voo Varig ficou perdido sobre a floresta amazônica durante a noite, voando até acabar o combustível e cair. Das 54 pessoas a bordo, 12 passageiros morreram em decorrência da queda e 17 ficaram gravemente feridos. Os outros tiveram ferimentos menores.
Via Vinícius Casagrande (UOL)
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