Sheridan Peterson afirmou em 2007 que “o FBI tinha boas razões” para acreditar que ele era o criminoso que escapou de paraquedas com 200.000 dólares em 1971.
Retrato-falado de D.B. Cooper no arquivo do FBI (Reprodução/FBI) |
Há quase meio século, em 24 de novembro de 1971, um homem vestindo terno e gravata comprou com dinheiro vivo uma passagem para viajar de Portland a Seattle pela Northwest Orient Airlines. Usava o nome de D.B. Cooper. Instalado em seu assento, o 18C, o homem pediu um bourbon e uma 7-Up a uma das comissárias. Depois, entregou-lhe um bilhete dizendo ter uma bomba em sua mala de mão. Para não deixar dúvidas, abriu ligeiramente a tampa da maleta, revelando fios que pareciam ser de explosivos. Segundo o FBI, imediatamente em seguida a comissária levou ao comandante um escrito com as seguintes exigências: quatro paraquedas e 200.000 dólares em notas de 20.
D.B. Cooper permitiu que o voo 305 da Northwest Orient aterrissasse em Seattle e liberou os 36 passageiros a bordo em troca do dinheiro em espécie. Depois, ordenou ao comandante da aeronave que tomasse o rumo da Cidade do México, mas que não voasse a mais de 10.000 pés de altitude (3.000 metros, cerca de um quarto do habitual). A última coisa que se soube dele é que saltou de paraquedas com o dinheiro em uma zona florestal entre Seattle e Reno, no Estado vizinho de Nevada. Os investigadores nunca o encontraram vivo ou morto, nem conseguiram determinar sua verdadeira identidade. O caso inspirou livros, documentários, filmes e canções.
Em 2004, o FBI colheu um depoimento de Sheridan Peterson, então com 77 anos. Tratava-se de um ex-marinheiro aficionado em paraquedismo, que tinha servido na Segunda Guerra Mundial e trabalhado como técnico da Boeing. Testemunhas disseram que o suspeito do sequestro tinha entre 35 e 45 anos. Peterson tinha 44 anos no momento do crime. Dois agentes interrogaram-no e colheram uma amostra de DNA, que o FBI nunca publicou, apesar de ter descartado publicamente outros suspeitos do caso pelos resultados desse tipo de exame. Oficialmente a agência acredita que D.B. Cooper, fosse quem fosse, provavelmente morreu a noite do assalto.
Eric Ulis, empresário de Phoenix, que investigou o caso por sua conta durante anos e escreveu o livro DB Cooper: The Definitive Investigation of Sheridan Peterson, disse estar “98% seguro” de que Peterson era o famoso “sequestrador dos céus”. “Na verdade, o FBI tinha boas razões para suspeitar de mim”, escreveu Peterson em uma revista publicada pela Associação Nacional de Paraquedismo, em 2007. “Amigos e outras pessoas vinculadas a mim estavam de acordo em que sem dúvida eu era D.B. Cooper. Havia muitas circunstâncias envolvidas para que fosse só uma coincidência”, admitiu. Além disso, o veterano de guerra se parecia muito com os retratos-falados do sequestrador feitos com base na descrição das testemunhas.
As suspeitas sobre Peterson não o impediram de viver uma vida pública lutando por causas que considerava justas. Nos anos sessenta, foi um ativista dos direitos civis, depois se mudou para o Sudeste Asiático para ajudar refugiados durante a Guerra do Vietnã, e em 1989 protestou contra o massacre da praça Tiananmen, em Pequim.
Leia, também: Fuga inacreditável - D.B. Cooper e o misterioso sequestro do voo 305.
Via El Pais
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