quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Aviões comerciais aposentados voltam a voar para combater incêndios

Combate a incêndios conta com aviões de passageiros adaptados, como o DC-10 da 10 Tanker
Imagem: Divulgação/A10 Tanker

Aviões de passageiros aposentados estão ganhando uma nova ocupação: combate a incêndios. Empresas de vários países têm adaptado modelos como os Boeings 737, 747 e McDonnell Douglas DC-10 e MD-87.

Essas aeronaves atuaram em incêndios na floresta amazônica, Chile, Austrália e, mais recentemente, na Califórnia, nos Estados Unidos. Elas agem de forma a auxiliar as equipes de bombeiros no solo, e se destacam pela grande capacidade de transportar líquidos.

No lugar de assentos e bagageiros, o interior dessas aeronaves conta com diversos tanques, que podem carregar água ou retardante de chama, um produto químico que serve para extinguir ou diminuir a velocidade com que o fogo se espalha.

Conversão


O interior de um DC-10, sem os assentos de passageiros e adaptado para sua nova missão 
Imagem: Divulgação/A10 Tanker

A transformação de um avião de passageiros em um modelo de combate a incêndios passa por diversas etapas. Segundo Bill Pilcher, diretor da 10 Tanker, as empresas que atuam nesse mercado têm de seguir diversos passos e realizar várias checagens dos aviões antes de iniciar as operações.

Um dos principais desafios é manter os sistemas de voo já disponíveis do avião trabalhando de maneira harmoniosa e integrada com o novo equipamento de combate a incêndio.

A empresa opera quatro modelos DC-10 modificados com capacidade para transportar até 36 mil litros. Só a fuselagem pode custar de US$ 1 milhão a US$ 2 milhões (cerca de R$ 5,8 milhões a R$ 11,6 milhões). 

Os motores vão até US$ 4 milhões (R$ 23 milhões, aproximadamente). Esses valores ainda devem ser somados à mão de obra e aos custos com os tanques e sistema de lançamento de água.

Supertanker


Boeing 747 adaptado da empresa Global Supertanker é o maior avião-tanque do mundo 
Imagem: Reprodução/Facebook/Global SuperTanker Services

Conhecido como o maior avião de passageiros do mundo até o surgimento do Airbus A-380, o Boeing 747 hoje também pode ser visto voando em diversos locais do mundo como o maior avião-tanque que existe. Com sua capacidade transcontinental, o 747 Supertanker consegue chegar a qualquer lugar do planeta em aproximadamente 20 horas.

Sua capacidade de carga é de cerca de 72 mil litros de água. Após cada voo, o avião é reabastecido e fica pronto em cerca de meia hora para uma nova operação.

Esse modelo possui 14 assentos de primeira classe e dois beliches, o que permite levar sua própria equipe até os locais onde terá de atuar. Em agosto do ano passado, o Supertanker foi contratado pelo governo boliviano para combater os incêndios florestais que atingiram o país.

Investimentos elevados


Aviões como o 737 da foto estão sendo empregados em diversos países 
Imagem: Divulgação/Coulson Aviation

De acordo com Wayne Coulson, CEO da Coulson Aviation, que opera Boeings 737 Fireliners convertidos, os principais interessados nesse tipo de operação são os governos e as agências estatais. Essa demanda, segundo o executivo, está crescendo ano a ano, com novas contratações partindo de diversos países e o aumento no número de queimadas pelo mundo.

Nos Estados Unidos, apenas no ano de 2018, o Serviço Florestal gastou aproximadamente o equivalente a R$ 823 milhões em contratos para o uso de aviões-tanque de grande porte, cuja maioria é formada por aviões comerciais aposentados.

O Brasil não possui nenhum avião comercial desse tipo modificado, segundo dados disponibilizados no site da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). A frota nacional de aviões desse segmento é composta por helicópteros e aviões de pequeno porte. 

A maioria desses têm mais de uma finalidade (como a agrícola, por exemplo), sendo usados no combate a incêndio apenas quando necessário.

Fonte: Alexandre Saconi (UOL)

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