domingo, 7 de janeiro de 2024

Acidentes, novas empresas, mala trocada e piloto doidão: 2023 na aviação

Retrospectiva 2023 da aviação: Desde novas empresas até piloto inconsequente,
ano ficará marcado na história do setor (Foto: Vecstock, feito com I.A./Freepik)
O ano de 2023 marcou os 150 anos do nascimento de Santos Dumont. Mas, mais do que esse marco na história da aviação, o ano foi repleto de notícias que merecem ser relembradas.

Mais acidentes


Apenas no Brasil, foram registrados ao menos 155 acidentes em 2023, sendo 28 fatais, que resultaram em 68 mortes. Em 2022, foram 137 acidentes, sendo que em 36 houve mortes, com um total de 49 óbitos no total.

Um dos mais recentes foi a queda de um avião em Jaboticabal, no interior de SP, no dia 23 de dezembro. Cinco pessoas morreram no acidente, incluindo o empresário Delcides Menezes Tiago, conhecido como Tiago da Ótica.

No mundo, o número de acidentes aparenta ter diminuído. Até a última semana de dezembro, foram registrados 5.072 acidentes aéreos em 2023, incluindo aqueles com e sem mortes. Durante todo o ano de 2022, foram 5.452 ocorrências do tipo em todo o mundo.

Os dados no Brasil são do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), órgão ligado à FAB (Força Aérea Brasileira). Os dados mundiais são da Aviation Safety Network, da Fundação de Segurança de Voo, e incluem alguns tipos de incidentes.

150 anos do pai da aviação

Aviões da Azul e da Gol com adesivagem especial em homenagem aos
150 anos de Santos Dumont (Imagem: Alexandre Saconi)
Em 2023, completaram-se os 150 anos do nascimento de Santos Dumont. Uma série de eventos foi realizada mundo afora para marcar a data.

Um deles foi o Domingo Aéreo especial promovido na Academia da Força Aérea, em Pirassununga (SP). Durante o evento, dois aviões temáticos (um da Azul e outro da Gol) se apresentaram em voo junto à Esquadrilha da Fumaça.

A FAB (Força Aérea Brasileira) também promoveu exposições e eventos alusivos à data. A Embraer também lançou a publicação "Cavalgada Patriótica", que conta a história de Santos Dumont na preservação do local que hoje é conhecido como Parque Nacional do Iguaçu, no Paraná, onde ficam as famosas cataratas. Local hoje é considerado patrimônio mundial natural da humanidade.

Encerramento de operações


No Brasil, o mercado de empresas aéreas se manteve relativamente estável. A Itapemirim Transportes Aéreos, teve sua falência decretada e, em agosto, ela foi suspensa pela Justiça Paulista.

Mundo afora, as seguintes empresas deixaram de operar, entre outras:
  • Airwing (Noruega)
  • Cascadia Air (Canadá)
  • Flybe (Reino Unido)
  • Flyr (Noruega)
  • Go First (Índia)
  • UltraAir (Colômbia)
  • Viva Air (Colômbia) - Empresa operava voos para o Brasil

Novas empresas


Uma das empresas que mais foi noticiada esse ano no Brasil é a Placar Linhas Aéreas. A companhia é de propriedade de Leila Pereira, presidente do Palmeiras, e José Roberto Lamacchia.

Avião Embraer E190-E2 pertencente à Placar Linhas Aéreas, empresa da presidente do Palmeiras, Leila Pereira, e seu marido, José Roberto Lamacchia (Foto: Emerson Victor Farias/Instagram/@evf.spotter)
A companhia não opera voos regulares, mas fretamentos com foco em times de futebol. O único avião registrado em nome da empresa é um Embraer E190 E2, de matrícula PS-LMP, as iniciais do nome da sua proprietária.

Na aviação regular, a Arajet, empresa fundada em 2022, iniciou suas operações para o Brasil. A companhia faz voos de ligação com a República Dominicana, de onde é possível realizar conexões para diversas cidades da América do Norte e Central, como Cancún (México), Toronto (Canadá) e Cartagena (Colômbia).

A empresa Virgin Atlantic obteve autorização para operar voos entre o Brasil e a Inglaterra. A empresa já tinha tentado anteriormente, mas a medida foi suspensa devido à pandemia. O anúncio da novidade contou com a participação de Juliana Paes, e foi marcado por piadas nas redes sociais pela visão estereotipada do Brasil.

A sul-africana South African Airways, que já voou para o Brasil há alguns anos, teve seus voos novamente autorizados para conectar as duas nações. A empresa havia deixado de voar para o país em 2020, e anunciou as rotas com destino a Joanesburgo e Cidade do Cabo como novidades.

Outra rota, ligando Guarulhos (SP) ao Cairo, no Egito, durou pouco tempo. Os voos da Egypt Flights Brasil eram operados pela EgyptAir, e foram suspensos pouco tempo antes do início da guerra na Faixa de Gaza.

Empresas brasileiras

  • Latam: A empresa recebeu 15 novos aviões para a operação no Brasil no ano, e ainda anunciou a encomenda de mais cinco Boeings 787, totalizando 46 aviões do modelo de alta capacidade para serem entregues nos próximos anos. A empresa ainda atingiu a fatia de 56,6% do total de passageiros domésticos no aeroporto de Guarulhos, o mais movimentado do país, no acumulado até o mês de novembro.
  • Azul: A empresa comemorou 15 anos em dezembro, e anunciou a compra de sete aviões Airbus A330neo para realizar voos internacionais.
  • Gol: A empresa ampliou a parceria com o grupo Air France-KLM e anunciou que irá operar 21 mil voos em janeiro de 2024.

'Carros voadores' em alta


No começo de dezembro, o país recebeu a primeira unidade já homologada de um eVTOL (eletric Vertical Take-off and Landing — aeronaves elétricas de pouso e decolagem verticais —, os famosos "carros voadores") para transporte de passageiros. O modelo é o EH216-S, da fabricante chinesa EHang.

EHang 216-S: 'Carro Voador' (eVTOL) da empresa chinesa foi apresentado pela GoHobby 
a investidores brasileiros Imagem: Divulgaação/Rene Paciullo/GoHobby
A aeronave foi apresentada a investidores pela empresa brasileira GoHobby, que deu início ao processo de certificação junto à Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). Apesar de já estar certificado para operar na China, o modelo ainda não pode voar no Brasil, o que a empresa espera que ocorra no começo de 2024.

Em outubro, a Lilium iniciou a montagem final de seu primeiro eVTOL. O modelo da fabricante alemã tem expectativa de começar a ser operado no Brasil a partir de 2025 pela Azul.

Concessões concluídas


As últimas concessões de aeroportos no Brasil foram concluídas. O movimento termina com uma Infraero enfraquecida, restando apenas o aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, entre os de maior movimentação na mão da empresa pública.

Os aeroportos de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, e Campo de Marte, em São Paulo, passaram a ser operados pela Pax Aeroportos, ligada ao grupo de investimentos XP. O bloco ficou conhecido como Aviação Geral, pois reúne os dois aeroportos com a maior movimentação deste segmento no país, com mais de 126.661 pousos e decolagens acumulados em 2023. Essa quantidade somada é maior do que as operações registradas nos aeroportos Santos Dumont ou Viracopos, em Campinas (SP) no ano.

Aviões estacionados nas pontes de embarque do aeroporto de Congonhas, em São Paulo (Foto: DECEA)
O aeroporto de Congonhas, considerado o mais lucrativo do país, saiu das mãos da estatal brasileira Infraero. Ao lado de outros aeroportos, como Recife e Campo Grande, agora ele é administrado pela Aena Brasil, ligada ao grupo Aena, controlado pelo governo espanhol. Apenas em 2021, ainda durante a pandemia, o aeroporto teve receita de R$ 390,5 milhões.

Aviões decorados


Azul e Disney mostraram aviões da 'frota mais mágica' em Campinas (Imagem: Alexandre Saconi)
Em fevereiro, a Azul promoveu o encontro da chamada frota mais mágica do Mundo. O evento reuniu os quatro aviões temáticos de personagens da Disney (Donald, Margarida, Mickey e Minnie), e anunciou a vinda de um avião em homenagem ao Pateta.

Avião da Gol decorado em homenagem aos 60 anos da personagem Mônica,
de Mauricio de Sousa (Imagem: Alexandre Saconi)
A Gol apresentou em julho um avião em homenagem aos 60 anos da personagem Mônica, de Mauricio de Sousa. A aeronave foi batizada de Coelhadas no Ar.

Já a Latam adesivou um de seus aviões para uma ação de promoção da Farofa da Gkay. A aeronave foi usada no fretamento dos convidados da influencer.

Outras notícias que foram destaque


  • Míssil erra óvni nos EUA: Os EUA derrubaram ao menos quatro óvnis em fevereiro, sendo que alguns acabaram sendo identificados como sendo balões chineses. Em uma das tentativas, um míssil AIM-9X Sidewinder errou o alvo e foi resgatado posteriormente na região do lago Huron, próximo à fronteira do país com o Canadá. Cada um desses mísseis custa cerca de R$ 2,3 milhões.
  • Piloto usa cogumelos e quase derruba avião: um piloto foi preso em outubro após tentar desligar os motores de um avião em pleno voo que levava 83 passageiros nos EUA. Ele alegou estar sob o efeito de cogumelos alucinógenos e acabou preso. O homem de 44 anos estava em um assento extra na cabine de comando, e foi impedido de cortar o funcionamento dos motores pelos dois pilotos da aeronave da Alaska Airlines.
  • Tripulação "assaltada" no RJ: Em setembro, membros da tripulação da British Airways alegaram terem sido assaltados duas vezes no Rio de Janeiro, o que levou ao cancelamento do voo entre o aeroporto do Galeão e de Heathrow, em Londres (Inglaterra). A Polícia Civil, entretanto, concluiu durante a investigação que eles mentiram para não serem punidos por perderem os celulares da empresa após uma noitada.
  • Presas injustamente na Alemanha: Duas brasileiras foram presas na Alemanha ao desembarcarem de um voo no qual suas bagagens foram substituídas por outras com drogas. O fato aconteceu em março, quando as etiquetas das bagagens das duas foram trocadas. Após investigação e ficar comprovada a troca, elas voltaram ao Brasil e foram consideradas inocentes pela Justiça alemã.
  • Crianças indígenas encontradas: Quatro crianças indígenas foram encontradas após ficarem 40 dias perdidas em floresta colombiana depois que o avião em que estavam ter caído na mata. Os três adultos que estavam no voo (a mãe das crianças, uma liderança indígena e o piloto) morreram na queda. Eles estavam voando para encontrar com o pai das crianças, que havia fugido de onde moravam devido a ameaças de grupos armados ilegais.
  • Ameaças de bomba: Em agosto, um passageiro de um voo que saia de Campinas (SP) disse ao comissário que o pacote que levava com ele era uma bomba e acabou preso pela mentira. Em outubro, outro passageiro fez um deboche (segundo a Polícia Federal) de que havia uma bomba em uma mala, resultando no esvaziamento de um avião no aeroporto de Guarulhos. Em maio, um voo foi cancelado em Buenos Aires (Argentina) devido a uma ameaça de bomba. Dias depois, foi descoberto que a ameaça foi uma retaliação amorosa de uma comissária contra o piloto.
Avião da FAB com repatriados que estavam na Faixa de Gaza (Foto: Sargento Vanessa Sonaly/FAB)
  • Repatriação de brasileiros: A FAB empregou diversas aeronaves para repatriar brasileiros que estavam na Faixa Gaza, incluindo o maior de sua frota, o A330 MRTT. A operação, batizada de Voltando em Paz já realizou 13 voos, trazendo ao país centenas de brasileiros e seus familiares, além de enviar ajuda humanitária para a região.
Via Alexandre Saconi (Todos a Bordo/UOL)

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