sábado, 1 de abril de 2023

Como paraquedas amenizou queda do avião que levava 5 pessoas em SC

Sistema é acionado pelo piloto por uma alavanca, explica especialista. Todos os tripulantes sobreviveram em queda ocorrida na quarta-feira em Massaranduba.


O paraquedas que amenizou a queda de um avião que levava cinco pessoas em Massaranduba, no Norte de Santa Catarina, chamou a atenção. O especialista Paulo Roberto dos Santos explicou que o sistema é acionado pelo piloto por uma alavanca.

O avião caiu na manhã de quarta-feira (29). A aeronave, um monomotor, apresentou falhas mecânicas logo após a decolagem e precisou fazer um pouso de emergência em um campo de arroz.

Paulo Roberto dos Santos é piloto da reserva e coordenador do curso de ciências aeronáuticas da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul). Ele explicou que, nesse modelo de avião, o paraquedas fica na parte traseira da aeronave.

"Ali na cabine de comando, de pilotagem, no teto dessa cabine fica um T, uma alavanca T. Essa alavanca é que ativa o sistema. Quando o piloto aciona essa alavanca, ela fica ligada até o atuador, que fica atrás do bagageiro da aeronave, e é lá que fica o paraquedas".

Ele continuou a explicar como o sistema funciona. "Quando o piloto aciona aquele T, o motor extrai o paraquedas para fora do avião por meio da ação de um foguete. Todo esse processo ocorre em aproximadamente dois segundos, é muito rápido".

Um anel que fica no próprio paraquedas ajuda a controlar a velocidade e o diâmetro de abertura do equipamento.

"A partir do momento da abertura, o paraquedas vai inflando e aquele anel vai escorregando do ponto mais próximo do paraquedas até a fuselagem do avião. Com isso, ele vai abrindo as cordas, vai permitindo uma inflagem mais homogênea do paraquedas", detalhou Santos.

O ângulo da queda também é importante, segundo ele. "Nós notamos lá que o avião vem numa altitude um pouquinho com o nariz, um pouquinho baixo. O próprio dispositivo o coloca numa razão em torno de 10 graus picado, pouquinha coisa com o nariz para baixo, até para facilitar o momento que ele toca o solo. Para não cair de ponta ou de lado, o que poderia causar ferimentos nas pessoas".

Santos comentou o acidente em Massaranduba: "Ele estava numa altura favorável e o piloto acionou. Eu entendo que ele não tinha condições de fazer um pouso em alguma pista. Pelo motivo da aeronave possuir essa facilidade, essa redundância de segurança, vamos dizer assim, ele acionou o T [alavanca], o paraquedas abriu, sustentou a aeronave e nós observamos que todos foram salvos".

Investigação


O Quinto Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa V), da Força Aérea Brasileira (FAB), vai investigar a queda do avião. O objetivo é prevenir que novos acidentes com características semelhantes ocorram.

Avião após queda em Massaranduba (Foto: Reprodução/NSC TV)
Os investigadores do Seripa V fazem a coleta e confirmação de dados, preservação de indícios e a verificação inicial de danos causados ao avião e pelo avião. Além disso, fazem o levantamento de outras informações necessárias para a investigação.

O órgão afirmou que não há prazo para a conclusão dos trabalhos, pois depende da complexidade e se forem descobertos novos fatores que possam ter contribuído para que houvesse o acidente.

Queda do avião


Cinco pessoas, incluindo o piloto, estavam na aeronave, de acordo com informações do Corpo de Bombeiros Voluntários, e ninguém se feriu. O pouso foi feito em segurança e contou com a ajuda do sistema de paraquedas da aeronave.

A descida do avião com o paraquedas chamou a atenção e foi registrada por motoristas e pessoas que passavam por perto do local. No solo, a aeronave ficou parcialmente destruída.

O avião modelo Cirrus SR22 pertence à empresa Bella Janela, que atua no ramo de decorações para casa. A companhia respondeu que não houve feridos, mas um dos passageiros passará por avaliação médica por causa de dor na lombar.

A aeronave partiu do aeroporto Quero-Quero, em Blumenau, cidade-sede da empresa, no Vale do Itajaí, e levava profissionais para uma feira do setor em São Paulo.

Via Joana Caldas e John Pacheco, g1 SC

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