quinta-feira, 5 de novembro de 2020

Veja evolução de mais de 50 anos do Boeing 747 ("Jumbo"), que se aposentará

Imagem da primeira decolagem do Boeing 747, em 9 de fevereiro de 1969 - Foto: Divulgação

O Boeing 747 é um dos aviões comerciais mais famosos e icônicos do mundo. É um dos poucos modelos que até mesmo um leigo consegue identificar quando surge no aeroporto. A sua corcova na parte dianteira do avião é uma marca inconfundível. Mas a história do Boeing 747 está chegando ao fim.

Apresentado pela primeira vez em 1969, o jumbo, como o modelo ficou conhecido popularmente, deverá ter sua produção encerrada em 2022. O anúncio foi feito no final de julho pela Boeing. Em carta aberta enviada aos funcionários, a empresa norte-americana afirmou que a decisão foi tomada com base na "dinâmica e nas perspectivas do mercado atual".

A holandesa KLM é a mais recente companhia aérea do mundo a encerrar os voos com o jumbo. No domingo (25), o último Boeing 747-400 da empresa pousou no aeroporto de Schiphol, em Amsterdã. O objetivo era completar 50 anos de operação com o modelo, o que aconteceria ema 31 de janeiro de 2021. A crise atual, no entanto, acelerou a aposentadoria.

Nesses mais de 50 anos de história do 747, o jumbo passou por grandes transformações. Confira a seguir algumas versões e a evolução do modelo ao longo da história.

747-100


Pan Am foi a primeira companhia aérea a operar o Boeing 747-100 
Foto: Creative Commons

A primeira versão do jumbo teve 168 unidades produzidas, incluindo o protótipo de testes. A norte-americana Pan Am foi a primeira companhia aérea do mundo a voar com o novo avião. Inicialmente, o 747 tinha uma "corcunda" pequena. A intenção era de que o espaço servisse para acomodar a cabine de comando dos pilotos e lounge-bar para os passageiros.

Aos poucos, no entanto, as companhias aéreas passaram a utilizar o espaço para poltronas dos passageiros, especialmente da primeira classe. O 747-100 tinha configuração padrão para 366 passageiros divididos em três classes de cabine e autonomia para 8.560 quilômetros.

Foram feitas algumas variantes da versão 100. A SR (Short Range, ou curto alcance) foi a principal delas, criada a pedido da companhia aérea japonesa JAL para atender rotas domésticas no país de grande densidade de passageiros. Os tanques de combustível foram reduzidos para aumentar o espaço para malas. Essa variante tinha capacidade para até 550 passageiros em classe única.

747SP (Special Performance)


Boeing 747SP é a versão reduzida do jumbo - Foto: Divulgação

Trata-se de uma versão reduzida do jumbo, com quase 14 metros a menos de comprimento que o 747-100. O objetivo era reduzir o tamanho do avião para poder aumentar sua autonomia. Com isso, o 747SP passou a ter alcance para 10,8 mil quilômetros, mas a capacidade de passageiros foi reduzida para 276 lugares. Foi um pedido da Pan Am e da Iran Air e permitiu a abertura da rota entre Teerã (Irã) e Nova York (EUA), o voo mais longo do mundo naquela época.

747-200


KLM recebeu o primeiro Boeing 747-200 em 31 de janeiro de 1971 - Foto: Divulgação

Para equilibrar alcance e capacidade de passageiros, a Boeing lançou em 1971 o 747-200. A nova versão podia voar mais de 12 mil quilômetros com a configuração padrão para 366 passageiros. O segundo andar também foi ampliado, e a maioria dos aviões dessa versão contava com dez janelas de cada lado no andar superior. As mudanças agradaram as companhias aéreas, que fizeram cerca de 400 encomendas do modelo.

O 747-200 tinha também versões cargueiras, com o nariz do avião abrindo para cima, além de uma porta lateral para o carregamento de grandes cargas.

747-300


747-300 teve como principal mudança o aumento do segundo andar 
Foto: Creative Commons

Na nova versão lançada na década de 1980, a principal diferença foi o aumento do tamanho do piso superior do jumbo, que passou a ter 7,11 metros de comprimento. Com isso, foram instaladas 18 janelas e uma porta de saída de emergência em cada lado do segundo andar do avião. Além disso, o 747-300 ainda recebeu algumas pequenas melhorias aerodinâmicas, que permitiram aumentar a velocidade de cruzeiro de Mach .84 para Mach .85. A versão 300 tinha capacidade para 400 passageiros na configuração padrão e alcance de 11,7 mil quilômetros.

747-400


Versão cargueira do Boeing 747-400 - Foto: Wikimedia

A nova versão foi anunciada em 1985, mas só entrou em operação em 1989. O 747-400 teve grandes mudanças. A principal delas estava dentro da cabine de comando dos pilotos. A introdução de sistemas mais modernos e telas multifuncionais integradas aos computadores de bordo eliminaram a presença de um engenheiro de voo a bordo. Assim, a tripulação técnica do 747-400 era composta por apenas dois pilotos.

A nova versão também passou por diversas outras mudanças para melhorar o desempenho e a eficiência, como o uso de novos materiais na fuselagem e nas asas e a introdução de winglets nas pontas da asa para reduzir o arrasto do avião e economizar combustível. Tudo isso era completado pelos novos e mais eficientes motores.

Apesar do estouro no orçamento para o desenvolvimento, a nova versão foi um sucesso para a Boeing. O 747-400 teve quase 700 unidades produzidas em suas diversas variantes. O avião pode levar 416 passageiros e tem autonomia para 14,2 mil quilômetros na versão de alcance estendido.

747-8


Versão 747-8 teve vendas bem abaixo do esperado e será a última do jumbo - Foto: Divulgação

A última versão do jumbo foi anunciada pela Boeing em 2005 com o objetivo de adotar modernas tecnologias que começavam a ser implementadas nos novos aviões da fabricante norte-americana, com o 787 Dreamliner. A nova versão aumentava também em tamanho (5,6 metros de comprimento maior que a versão anterior), o que permitia um maior número de passageiros e, principalmente, mais carga a bordo.

Apesar de todos os avanços, o 747 já passava a enfrentar duramente a concorrência dos grandes aviões bimotores, que consumiam bem menos combustível em relação aos quatro motores do jumbo. Isso fez com que o 747-8 tivesse vendas bem abaixo do esperado. Foram apenas 47 unidades na versão de passageiros e 107 para a versão cargueira.

Em menos de dois anos, o último avião do modelo deve sair da fábrica da Boeing, encerrando uma história de mais de 50 anos do avião mais famoso do mundo.

Fonte: Vinícius Casagrande (UOL)

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