quarta-feira, 25 de julho de 2012

Cadeirantes sofrem com dificuldade de acesso nos aeroportos brasileiros

O escritor Marcelo Rubens Paiva avisou pela internet que tinha sido esquecido dentro de um avião da TAM. Ele se movimenta com a ajuda de uma cadeira de rodas.


Está todo mundo comentando. O escritor Marcelo Rubens Paiva avisou pela internet que tinha sido esquecido dentro do avião. Ele se movimenta com a ajuda de uma cadeira de rodas e outras denuncias dos deficientes foram investigadas. 

Os cadeirantes não têm onde reclamar nos aeroportos, apenas pela internet. E foi a tecnologia que ajudou o escritor Marcelo Rubens Paiva a sair de um avião, onde ele afirma que foi "esquecido" pela TAM. Mas o escritor está longe de ser o único cadeirante a enfrentar transtornos e desrespeito.

‘A TAM me esqueceu dentro de um avião, alguém pode ligar e pedir ajuda?’. Pelo Twitter, o escritor Marcelo Rubens Paiva reportou a demora no desembarque do vôo que fez no domingo. 

O fato chamou a atenção para a dificuldade de acesso nos aeroportos. São mais de 45 milhões de brasileiros com algum tipo de deficiência, e poucas ações no sentido de tornar mais fácil a viagem.

Em 2007, a ANAC aprovou exigências para o transporte de cadeirantes. As empresas deverão veículos equipados com elevadores ou outros dispositivos apropriados para o embarque e desembarque nos aeroportos, e capacitar funcionários para atender esses passageiros. 

No Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, essas normas não estão visíveis, e, se algum cadeirante precisar reclamar, não vai encontrar a solução aqui, será orientado a procurar o site da Agência Nacional de Aviação Civil. É assim nos principais aeroportos do país: quem precisa de cuidados especiais conta que se sente um problema para as companhias aéreas. 

Moira deixou o trabalho de arquiteta para cuidar do pai. Ele está internado inconsciente desde 2010, quando depois de desembarcar de um vôo da GOL, foi colocado em um carro sem cinto de segurança. Com a freada caiu no chão e teve traumatismo craniano, com sequelas irreversíveis. 

“Até onde eu sei, os cadeirantes continuam a ser transportados sem cinto de segurança. Ninguém foi punido e nós não fomos indenizados. Nada mudou, só a nossa vida”, explicou a arquiteta Moira de Castro Vasconcellos. 

A família ainda briga na justiça e a Infraero paga as despesas com o hospital. Em nota, a Gol diz que só se manifestará nos autos do processo. 

No ano passado, Marco recebeu R$100 mil reais em indenizações de companhias aéreas, só pelos danos à cadeira. “Só que a indenização não basta, porque eu fico prejudicado e o equipamento que eu preciso diariamente. Não é uma questão financeira, monetária, é uma questão de ir e vir”, falou Marco Pelegrini. 

Ele conta da última viagem que fez para Brasília, onde participaria de uma audiência pública: “Perderam a minha mala com meus equipamentos, minha cadeira deixou de funcionar por causa disso. Tive que comprar roupa no shopping e ir empurrado para audiência para cumprir minha obrigação”, diz Pelegrini. 

Em nota, a TAM informou que o equipamento que seria usado para desembarcar o escritor Marcelo Rubens Paiva estava sendo utilizado por outros cadeirantes, que chegaram em outros voos, e por isso houve demora. A empresa afirma que duas funcionárias permaneceram no avião o tempo todo. 

Em nota, a ANAC - a agência do governo que regulamenta a aviação - afirma que a TAM já foi notificada e, se o desrespeito ficar comprovado, pode ser multada em até R$ 25 mil. A Anac disse ainda que faz fiscalizações e que a norma sobre acessibilidade está em revisão. No mês que vem, haverá uma audiência pública para discutir o assunto.


Fonte: Bom Dia Brasil (TV Globo) - Imagem: Reprodução da TV

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